Capítulo 4

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Osmar estava tendo a pior semana de sua vida, começou investigar um assassinato quase impossível, seu assistente lhe causava sentimentos confusos e para piorar hoje ainda estava com uma ressaca daquelas.

Já era oito horas da manhã e nada do Murilo chegar para trabalhar e isso preocupava Osmar, mas seu orgulho era muito grande para ligar e se desculpar.

Enquanto o tempo não passava Osmar tentava analisar outros ângulos na investigação, ele pegou as fotos tiradas no dia anterior, mas ele não conseguia pensar em nada sua mente está focando apenas nas coisas que aconteceram na segunda-feira passada.

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- Novato você está de parabéns. - Osmar dizia com sua voz arrastada, por já tinha tomado cinco doses.

- Parabéns por que? Eu só fiz meu trabalho. - Murilo disse contente.

- Você fez o Rômulo te falar sem ter que forçar ele.

- Ele disse não gostar de você deve ser isso. - Murilo riu.

- O baixinho tem o gene forte. - Osmar sorria.

- E você é tranquilo, né? - Murilo disse debochando. - Por que vocês não se gostam?

- Longa história, mas eu vou resumir. Quando o Victor abriu o bar o Rominho foi o primeiro funcionário dele e como eu havia começado à poucos meses a ser detetive, eu tinha muito tempo livre e passava muito aqui. - Osmar não gostava de mentir, mas a história tinha a ver com seu passado.

- Então ele cansou da sua cara, problema resolvido. - Murilo riu, mas percebeu a cara de tristeza de Osmar e resolveu calar.

- Deve ter sido isso. - Campbell respondeu desanimado com um falso sorriso.

- Mudando de assunto faz tempo que você é detetive particular? - Couto tentou aliviar a conversa.

- Faz mais ou menos oito anos. - O mais velho fez as contas e dizia isso surpreso.

- Você é deve ser muito mais velho do que parece. - Murilo debochou.

- 87 anos e com uma saúde impecável. - Osmar caiu na risada. - E você tem quantos anos novato?

- 27 anos e com uma saúde razoável.

O clima estava excelente os dois riam de forma descontrolada e se tocavam a cada palavra dita, para Osmar era a melhor noite da sua vida e para Murilo aquilo era tudo que precisava na cidade nova.

Entre frases e sorrisos o próximo passo era o mais arriscado para a dupla, mas no calor das emoções nenhum ligou para as consequências, em milésimos de segundos Couto se atreveu a beijar seu chefe mesmo com medo da reação.

- Me perdoa. - Couto apenas sussurrou.

Dos lábios de Campbell não saiu nenhuma palavra, eles apenas buscaram contato com alheio e lhe deu outro beijo.

Em poucos minutos os dois homens estavam fora do bar e foram ao motel mais próximo, seus corpos pareciam se completar.

Naquele quarto de motel não tinham amigos, colegas de trabalho, ou detetives, não existia Osmar e Murilo, tinham apenas dois amantes destinados a compartilhar das mais belas poesias em braile e eles liam cada curva e cada detalhe do corpo alheio.

Dois corpos suados e respirações aceleradas em compasso, os dois corpos diziam te amo e se sentiam completo, alma gêmeas.

No dia seguinte o mais velho não se lembrava de nada ou apenas tentava esquecer, enquanto o mais novo disfarçava tanto suas lembranças como a decepção em nunca mais ser daquele homem.

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Osmar começava a se lembrar de tudo enquanto estava preso a recordações escutou apenas uma batida em sua porta e quando olhou era ele.

- Murilo você está bem? - Campbell tentava disfarça em uma tentativa falha o quanto estava preocupado.

- Poderia estar melhor. - Havia tristeza no olhar do mais novo.

- O que aconteceu? - Nesse momento toda a pose que Osmar mantinha acabou.

O cacheado tirou de sua bolsa uma pasta e dessa pasta um papel que entregou para o mais velho.

- Eu achei que seria diferente, mas não dá mais, essa é minha carta demissão. - Murilo entregou e tentou se retirar da sala e apenas sentiu uma mão lhe puxando.

- Murilo por favor fica. - Campbell pela primeira vez largou seu orgulho.

- Osmar você é muito diferente do que eu pensei. - A voz de Couto estava cheia de decepção.

- Você é muito ingrato senhor Couto. - Osmar disse com ódio e desespero.

- Ingrato? Eu fiz o meu melhor, me dispôs a aprender e você só me tratou mal. - Couto elevou seu tom de voz.

- Eu nem sei porque eu tive tanta expectativa em alguém tipo você. - Osmar não se importava se estaria magoando.

Em toda briga os dois lados sofrem, e as palavras são com armas e a deles estava super carregada.

- Senhor Campbell meu tipo não combina com alguém tão grosso como você. - Murilo chegou no seu limite.

- Eu sempre estive melhor sozinho. - Osmar virou as costas para Murilo e isso irritou o cacheado.

- Escuta aqui eu tentei ser calmo e sair numa boa, mas o que as pessoas falam deve ser verdade. - Murilo tocou na mais profunda ferida de Osmar.

- Você não deveria dar ouvidos a fofocas senhor Couto. - Osmar debochava do outro.

- Eu não sei como não percebi isso antes, você é tão egocêntrico que dever ser por isso que nem a polícia te quis. - Couto estava muito nervoso.

- Cala boca Murilo, você não sabe de nada. Você não tem direito de falar disso. - Osmar estava com o tom de voz mais baixa.

- Considerando o grande babaca que você é deve ter matado alguém. - Couto sabia que se arrependeria dessas palavras, mas não sabia que seria tão rápido.

Nessa hora Osmar apenas saiu da sala e seus olhos estavam cheios de lágrimas e Murilo não entendi o que estava acontecendo, então ele foi atrás do seu colega que foi para o bar.

- SAI DAQUI MURILO. - Osmar gritava.

- Me desculpa, me conta o que aconteceu como você na polícia. - Murilo passava suas mãos nas do mais velho.

- Novato eu realmente matei alguém, mas não foi porque eu quis eu juro. - Osmar começou a chorar e isso assustou Murilo.

- Eu sei que você pode ser meio grosso, mas assassino não, eu falei aquilo na hora da raiva. - Murilo estava com a voz serena.

- Então eu vou te contar toda a história.

Mais que um AssassinatoOnde histórias criam vida. Descubra agora