Capítulo 8

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Murilo nunca se sentiu tão culpado e antes de contar a história para Osmar, história essa que ele não podia revela-la por completo, veio o flashback daquela conversa.

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Couto aos 18 anos entrou para a academia polícia e tinha um ótimo comportamento e aos 19 anos era um policial um dos melhores do seu distrito.

Murilo era ótimo em dedução, era um ótimo soldado em ataque, seus superiores tinham uma ótima perspectiva no cacheado, tudo indicava que ele seria o mais jovem detetive da 7° DP.

A vida do homem estava perfeita, mas o mal entrou na delegacia em uma quarta-feira era um jovem de 20 anos, alto e musculoso, os olhos de Couto brilharam e em questão de um ano eles estavam namorando.

O cacheado vinha de uma família bastante conservadora e embora o garoto soubesse e acreditasse que o amor acontecia independente do gênero, ele nunca contou para os pais para preservar a relação entre eles. Em um sábado à tarde era folga dos dois apaixonados e eles saíram para uma sorveteira e para o azar de Murilo os pais dele o viu beijando o outro homem.

- Murilo eu não acredito nisso. - O senhor Antônio gritava.

- Pai eu posso explicar. - Couto estava desesperado.

- Eu não quero ouvir nada de um gay, que vergonha de você. Eu não quero te ver nunca mais. - O pai do garoto o expulsou de casa.

- Mãe não deixa ele fazer isso. - Murilo chorava.

- Filho eu concordo com seu pai, isso é errado. - Dona Joana disse e saiu muito triste com seu marido.

Calebe deu um apoio gigante para Murilo, os dois moraram juntos, e embora as dificuldades Couto continuo sua vida, se tornando um detetive aos vinte e três anos.

Mas ai veio a mais uma desgraça na vida do cacheado, seu namorado foi morto em uma troca de tiro entre ladrões e polícia, e aquele garoto cheio de esperanças foi enterrado junto com Calebe.

Murilo começou chegar sempre atrasado, quando não era bêbado era drogado, a produtividade dele caiu quase 100%, deixando o seu capitão desapontado, mas por consideração ele manteve Couto.

Mas depois de três anos a convivência e tudo começou a ficar muito difícil, e o limite para o senhor Sousa foi em um dia ver o cacheado embolando um cigarro de maconha.

- Senhor Couto isso é inadmissível. - O capitão gritava e Murilo continuou calado. - Você não vai falar nada?

- O que eu posso falar se não tem como me defender? - O garoto estava mal.

- Eu tentei te entender, dei o seu tempo, mas não tem como fazer mais nada, você está despedido. - O capitão deixo Murilo na sala e o mesmo jogou o cigarro fora e arrumou suas coisas.

Murilo percebeu que aquela cidade não era mais seu lar, ele tinha perdido tudo o que o mantinha sã, em um domingo pela manhã ele pegou tudo que tinha e foi para São Paulo.

Quando ele chegou nos primeiros meses foi muito complicado achar um trabalho, Couto fez alguns trabalhos, até que um dia um homem misterioso apareceu na lanchonete com uma proposta inegável.

- Bom dia, você é o Murilo Couto? - Um homem que vestia um terno preto e carregava uma pasta perguntou.

- Sou sim. - O cacheado respondeu apreensivo.

- Eu tenho uma proposta para você. Será que podemos conversar em um lugar mais reservado? - O moço insistiu.

Murilo concordou com a cabeça e guiou o cara para uma sala.

- Senhor Couto, eu preciso que você trabalhe com o detetive Campbell, meu empregador disse que vai enviar um crime até a sala dele e eu preciso que você nós ajude a colocar evidências para levar-lo para a prisão. - O homem falou tudo isso e Murilo achava um absurdo.

- Mas isso é errado. - Couto estava abismado com aquilo.

- O detetive não é nem um santo. - O homem dizia como se você normal.

- Mas mesmo assim eu não concordo. - Murilo dizia.

- Eu sei que você precisa de dinheiro e você vai ser o menos envolvido com tudo. - Com isso a expressão de Murilo parecia que ele estava sendo convencido.

- Tá bom, mas qual o valor? - O homem mostrou um cheque com uma quantia alta. - Eu faço isso, mas quem garante que eu serei contratado?

- O senhor Campbell sempre precisa de um novo assistente, ele é tão mala que ninguém suporta ficar perto dele por muito tempo. - O homem disse.

- Eu vou tentar. - Couto apesar dos pesares aceitou.

- Vamos conversando durante o processo, tchau.

Murilo em uma semana conseguiu o emprego e como o combinado a carta de denuncia chegou no dia do contrato.

Osmar era mesmo complicado, mas Murilo não contava com o fato que nos primeiros dias iria dormir com o cara e isso complicou todo o plano, mas ele precisava do dinheiro. Depois de uns dias Couto odiava Campbell e além disso achava um assassinato muito pesado e foi pedir para sair do esquema.

- O cara é muito mimizento não dá para trabalhar com ele. - Murilo pedia para sair.

- Você tem que usar isso de combustível para acabar com ele. - O homem dava força para o garoto continuar. - Eu tenho um plano para você fazer a relação de vocês ser mais aceitável.

- Qual seria? - Couto ficou curioso.

O homem falou para Murilo caçar uma briga e no meio disso trazer o assunto da polícia e quando o detetive ficasse triste o cacheado mostraria compreensão. Couto fez tudo isso, mas seu sentimento agora era de empatia e se sentia mal por usar Campbell.

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Murilo depois de falar que ia contar a história ficou um bom tempo triste.

- Não precisa contar Muca. - Osmar abraçou o mais novo. - Eu não quero te ver mal.

- Eu quero contar. - Murilo respirou fundo.

Couto contou toda a história, quer dizer quase toda, ele falou até a expulsão da polícia e Osmar ouviu atentamente.

- Eu nem consigo imaginar tudo que você sofreu, você é muito forte. - Campbell acariciou o rosto do mais novo.

- Queria que fosse verdade. - Murilo começou chorar escondendo o rosto no peito de Osmar e em um sussurrou ele disse.  - Me perdoa.

- Você não fez nada de errado. - Osmar abraçou o mais novo.

Durante o abraço os olhos dos dois se encontraram, e eles estavam sóbrios e o beijo aconteceu na vontade dos dois, Osmar se entregou a suas vontades e Murilo beijava cheio de culpa.

- Desculpa Murilo, eu não queria me aproveitar da sua tristeza. - Osmar dizia com vergonha.

- Não precisa se desculpar. - Couto olhou o relógio e já era tarde e isso era a desculpa perfeita para sair daquele lugar. - Mas já está tarde, até amanhã chefe.

- Tchau novato. - Osmar se sentiu culpado.

Aquela noite foi difícil para os dois, Campbell não conseguia dormir pensando em ter estragado tudo de novo e brigando com seu próprio coração que estava se apaixonando e Couto se sentia um traidor, ele começou perceber que o Osmar não era ruim e se sentia completamente atraído pelo mais velho.

Mais que um AssassinatoOnde histórias criam vida. Descubra agora