Dia 1

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   Acabei de ser internado nesse manicômio, ele é antigo em estado decadente, suas paredes fedem á mofo, achei uma caneta e folhas na biblioteca, estou usando-as para não enlouquecer aqui. Vim para esse lugar depois de ter matado um "monstro", claro que ninguém acreditou, era algo tão real. Tenho a esperança de algum dia sair daqui. A biblioteca me deixa sufocado devido à grande quantidade de livros mofados, mas, luto cada segundo para me manter estável aqui dentro. Hoje foi meu primeiro dia aqui, ainda bem que eu encontrei você, pois me ajudará a sair daqui, sei que parece loucura de minha parte informar meu plano nessas páginas que podem cair em mãos erradas, mas, coloco ele em risco só por uma conversa com alguém amigável, uma pessoa muda que não poderá se manifestar, sem me criticar pelo que vou ou estou fazendo, irei voltar a atenção dos funcionários desse lugar para os melhores pacientes, eles irão ficar surpresos, eu sei que é um tiro no escuro, mas é a única estratégia que tenho no momento. Terei que me despedir de você agora, pois a hora do almoço está no seu fim e ainda tenho que encontrar um local para esconder você.
Achei uma brecha em uma das prateleiras de livros, onde ficava os mais pesados e mais velhos, parecia estar lá há anos, acredito que ninguém irá te encontrar aqui. Escondi a tempo, pois a irmã Veronica chegou logo em seguida
   - O que está fazendo aqui? – perguntou ela – A hora do almoço já acabou! -Falou ela enfurecida. A Irmã Verônica tinha um cheiro amargo, sempre vivia de cara fechada, acredito que ela tenha 50 anos. Sempre andando com o seu famoso instrumento de choque, ela utilizava para domar os pacientes.
   -Estava procurando um livro para passar o tempo na minha "cela" – Falei em tom de sarcasmo.
   -O tempo cura a mente! – Falou – Não pode encher sua cabeça com besteiras, ainda mais uma que está tão poluída, você precisa ser purificado! – Sim meu leitor, Veronica era confiante de que a cura era a religião, mas não precisamos nos aprofundar nesse assunto.
   -Tem razão, Irmã Veronica. -Concordei com o intuito de me mostrar totalmente fiel a ela. Não gostei disso, mas preciso encenar o meu papel perfeitamente.
   -O senhor tem planos para você, e para todos desse lugar, aqui é um lugar para testar a sua fé! – Falou ela em claro e alto tom, algo que me incomodava bastante dado aos meus ouvidos terem se acostumado com o local silencioso que era a biblioteca.
   -Sim! Acredito que ele possa curar a gente. – Estava torcendo para ela ir embora, ela me examinava de cima a baixo, eu já estava pensando que vinha me examinando desde que cheguei aqui.
Sai andando às pressas, batendo ombro com ombro nela, acredito que foi um erro que cometi, ela torturava os pacientes, ou como gosto de dizer "Prisioneiros".
   Eu ainda estava perdido em relação à localização do meu quarto, esse lugar parece um labirinto pensei, entrei em qualquer quarto que encontrei, fiquei surpreso com o que eu encontrei, me deparei com um funcionário se drogando, não sei o que era, mas estava claro em sua expressão de vazio misturado com confusão, sua pupila extremamente dilatada. Era algo muito perigoso, poderá eu utilizar no futuro como forma de chantagem? Ou irei ser eliminado por ele?
   Após mais de 10 minutos andando pelos corredores, achei o meu quarto, ao entrar nele percebi que estava tudo arrumado, até demais, será que a limpeza feita aqui é de boa qualidade? Ou alguém invadiu aqui e revirou minhas coisas? Acredito eu que estou enlouquecendo.
   As 15h era o horário das terapias, estava indo para minha primeira consulta com o psiquiatra, decidi antes de me aventurar nesse enorme labirinto, após tentativa falhas de encontrar sozinho o lugar, decidi pedir ajuda para chegar na sala. Havia o nome dele escrito na porta, Joseph, devo guardar esse nome enquanto estou aqui, tenho que manipula-lo para ele acreditar que estou apto para ganhar alta, se isso for possível. Bati na porta.
   -Entre! – Disse ele
   Ao abri a porta fiquei olhando para ele, fiquei sem reação, poderia ser algo perigoso, ou ao meu favor. Era o mesmo funcionário que estava se drogando mais cedo.
   -Boa tarde, doutor -Falei com um tom de chantagem.
   -Boa! Bom, vejo que este é seu primeiro dia aqui, espero que esteja fazendo novas amizades. – Falou ele engolindo a seco. Terá eu conseguido uma marionete? Alguém para ser controlado? Ou cavei minha própria cova. -Sente-se.
   -Obrigado. Acredito que era você naquele quarto. – Tenho que ser frio, pensei, mas tenho que tomar cuidado, não conheço ele nem ninguém daqui.
   -Sim, espero que não ocorra nenhum inconveniente enquanto você estiver aqui como nosso paciente. – Analisei ele, percebi que mesmo mantendo sua voz estável, ele serrava suas unhas em baixo da mesa, estava nervoso, algo que eu posso usar a meu favor.-Então, vamos começar com uma avaliação mental.– Foi retirado de sua grande gaveta com uma tranca várias imagens em borrões, me senti em um filme, não sabia que realmente existia isso.
   Após acabarmos toda nossa avalição, ele voltou a trancar a gaveta, eu estava curioso com o que ele possa estar guardando. Ficamos nos entre olhando, eu sentia seu medo, era quase como um fedor.
   -Acredito que estou mentalmente apto para podermos finalizar o tratamento o mais rápido possível. – Ele a esse ponto já deve estar sabendo o que eu tramava.
   -Sim! Claro! – Concordou ele. Era o sinal que eu precisava, estou totalmente no controle, isso vai me ajudar a fugir daqui.
   Depois de concluirmos nossa conversa, saí da sala, fui o mais meticuloso possível para voltar a biblioteca e informar dessa nossa vitória, poderia eu ter arriscado tudo que estou começando para você meu leitor. Ao examinas as proximidades da biblioteca para dar continuidade a nossa escrita, vi que o lugar estava vazio, antes disso, tomei o maior cuidado para que a Irmã Veronica, mas, nenhum sinal dela. Após escrever todas as informações possíveis em uma só página, estava já preocupado, só me havia 23 folhas restantes, possa ser exagero meu, mas logo irei ficar sozinho aqui, não sei quanto tempo irei ficar aqui. Voltei para o meu quarto, me deitei e após recapitular todo meu plano peguei no sono.

Manicômio  (versão original)Onde histórias criam vida. Descubra agora