Acordei, dessa vez sem sonhos, sem nada. Como se um vazio estivesse em mim. O que era pior, não conseguia lembrar quem eu realmente era. Me levantei e decidi para a biblioteca, mas antes fui para o quarto de Carol. Cheguei lá e ela estava deitada, olhando para o teto, admirando que nem eu o teto mofado.
-Eu tenho um plano e preciso de sua ajuda. - Disse.
-E que plano seria esse? Não quero me meter em encrenca.
-Vou fugir daqui. Hoje ou amanhã.
Ela se levantou e fez uma pausa olhando para mim. - Certo, mas não vai tão longe.
-Sei onde fica uma passagem que pode ter uma saída daqui.
-E onde exatamente fica essa passagem?
-Não vou te contar! Possa ser que você conte para alguém, ou pior, vá sem mim.
-Acha que eu quero sair daqui? Eu não tenho nada lá fora, aqui pelo menos tenho um teto. Por mais velho e decadente que ele esteja. - Ví a angústia em seu olhar.
-Você mentiu sobre perder a memória, não foi?
Ela se levantou e correu em minha direção. - Como você sabe disso? - Perguntou, com os olhos cheios de lágrimas.
-Eu achei a sua ficha, só não tem dizendo o que realmente você fez.
-O meu namorado, ele me agredia, me assediava, eu mal podia sair de casa. Peguei a arma dele escondida, e enquanto dormia dei um tiro nele, joguei a arma no rio atrás da casa e fingi estar desmaiada no quarto onde ele estava. - Sua expressão era muda, não sabia se ela se orgulhava ou se arrependia do que fez.
-Não tem família nem amigos? - Perguntei.
-Ninguém, estou sozinha. A diferença de eu estar aqui, é que sou livre em meu labirinto, lá fora, eu estava livre, mas ao mesmo tempo presa, trancada.
-Caso mude de ideia, eu irei fugir hoje. - Sai do quarto, olhe para trás e ela estava pensativa olhando para o chão.
Fui para a biblioteca, como sempre deserta. Achei melhor deixar as chaves, meu documento e lanterna no quarto. Mas depois comecei a pensar seriamente. Será que alguém vai entrar e mexer nas minhas coisas? Pensei. Peguei as folhas e comecei a escrever.
Não sei que dia é hoje. Fiquei em coma por quase um mês. Hoje irei tentar fugir... de novo. Estou com receio se levo a menina ou não. Talvez eu deixe vocês aqui, para eu me libertar do passado e criar novas lembranças. Descobri quem eu sou e mais que nunca estou determinado à sair daqui. Não quero que esse lugar me acompanhe, ele é destrutivo, maligno. Ou talvez as pessoas que tornaram ele assim. Esse é o adeus definitivo meu leitor, espero que um dia alguém te encontre, e lhe ajude como me ajudou.
-S. X.
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Manicômio (versão original)
Mistério / SuspenseLivro original de Manicômio. Uma adaptação já está disponível. Stuart perdeu a memória, tudo que lhe resta agora são flashbacks de sua antiga vida. Ele está em um manicômio e não sabe o que fez para ter ido parar nesse lugar. Determinado a fugir, St...