Me levantei assustado, não se passava de outro sonho, eu não sabia o que estava acontecendo, será que realmente aconteceu isso? Não possuía mais a capacidade de diferenciar a fantasia da realidade. Soou o alarme no mesmo momento em que andei em direção à porta, saí e fui comer, andando pelos corredores torcendo para que aqueles doidos não me encontrem. Cheguei e a fila estava pequena, em menos de 2 minutos eu já estava com a bandeja em minhas mãos.
-Dois milagres ao mesmo tempo – Disse a mulher que servia a comida se dirigindo para mim. Eu não entendi o que ela dizia – O primeiro é que você está comendo, e o segundo é você aqui dentro.
-Só me dê a comida – Falei secamente – Não deveria cuidar de sua vida? – Por um segundo o ódio subiu a cabeça, tentei me controlar. Ela me entregou a comida.
-Próximo! – Gritou encarando.
Andei à procura de uma mesa, era incrível como eu nunca tinha percebido que aqui havia tantas pessoas. Merda! Não devia ter respondido daquele jeito, pensei. Depois de circular todo o lugar que nem uma barata tonta, finalmente achei onde sentar. Do meu lado estava uma senhora de mais ou menos 70 anos, o que será que ela fez para estar aqui? surgiu a dúvida em minha mente, do outro lado, um homem que aparentava 30, ele estava olhando para todas as direções, girando sua cabeça sem parar com os olhos esbugalhados, como se fosse um boneco assombrado. Tentei desviar o olhar para não chamar sua atenção. Olhei para o prato e comi calado, tentando descobrir o que era aquela gororoba, mastigando contra a minha vontade. Depois de finalmente ingerir aquele alimento pastoso, que aparentava ser mingau de aveia, me levantei, andei em direção ao local onde de colocava as bandejas, em seguida fui para a biblioteca. No caminho havia mais pessoas do que eu me recordava, talvez sejam novos, talvez tenham saído da solitária. Cheguei em meu refúgio, como sempre, o lugar estava sem nenhuma vida, apenas as traças que vivam aqui. Peguei minhas folhas e comecei a escrever.
A noite tive um sonho estranho, estou com medo de que aquilo já foi uma lembrança real, um passado sombrio que aos poucos estava me consumindo e invadindo a minha mente. Tenho que sair daqui o mais rápido possível. Mas, tenho que descobrir quem eu sou e o que eu fiz. Adeus.
Decidi falar com Joseph, com receio do que eu iria falar. Será uma boa ideia? Pensei. Andei pelos corredores, dessa vez com o conhecimento do caminho. Cheguei em sua sala e bati a porta.
-Entre! -Falou
-Preciso de um favor – Falei sem cerimônias -Quero saber quem eu era e o motivo de eu estar aqui.
-Calma! Não pode chegar assim – Ele olhou surpreso – Infelizmente, não podemos dar tal informação, muitos dos pacientes que são informados, tentam se suicidar, ou pelo crime que cometeu, ou pela perca de esperanças de que irá sair daqui.
-Não me importa! Diga logo.
-Desculpe, mas eu não vou dizer. – Algo diferente estava em seu olhar, ele não sentia mais medo – Por favor, saia daqui.
-Okay, mas se lembre que você pediu isso – A fúria veio com força, tentei me acalmar. Apenas pense, falei mara mim mesmo. Me levantei, saí e bati a porta com força.
Andei em direção à sala da irmã Verônica, não sabia exatamente o que eu ia dizer. Cheguei em sua porta e bati, mas nenhum sinal de habitação. Então, entrei. Olhei ao redor e não tinha ninguém, avistei na mesa diversas cartas, tive uma ideia. Peguei uma folha e escrevi contando sobre Joseph.Venho, através desta carta, informar que um dos funcionários do manicômio, chamado Joseph, está constantemente se drogando, pondo em risco a saúde dos pacientes. Exijo intervenção policial para que esse problema seja resolvido. E, eu pessoalmente parabenizar vocês por manter a paz lhe entregar um prêmio em dinheiro.
Ass: Irmã Verônica.
Mas, havia um problema, eu não sabia o endereço da delegacia. Então, peguei a lista telefônica e catei o seu endereço. Depois de uma breve folheada nele, achei, coloquei no envelope, abri as gavetas a procura de um selo . achei! Pensei. Inseri no selo e misturei entre as cartas. Algo me chamou atenção enquanto misturava as cartas, um endereço para o Hospital Magister, parecia que eu reconhecia esse nome. Depois dessa sensação de nostalgia, finalmente retornei para a realidade. Saí da sala com cautela e não tinha ninguém pelos corredores.
Voltei para a sala de Joseph, com outra dúvida que eu tinha. Entrei sem bater.
-Uma pergunta antes de você ser preso. - Falei
- O que? - Ele estava com um olhar confiante, duvidando do meu poder. -Vamos... fale?
-Qual o meu nome?
-Bom, essa é uma pergunta simples então irei responder. O seu nome é Stuart.
Após receber a informação, sai de lá às pressas. Decidi ir à biblioteca com o objetivo de encontrar meu nome entre as fichas. Mas, fui barrado pela Irmã Verônica.
-O que estava fazendo em minha sala? - Ela perguntou, quase que gritando - Um dos meus filhos me falou que viu você saindo de lá. - Os filhos dela eram os funcionários que mais respeitavam ela e a temiam.
-Estava a sua procura, Irmã. - Por dentro estava queimando de nervoso. Droga! - Eu queria falar com você que eu gostaria de confessar meus pecados. Claro que, depois ser batizado. - Não gostei nada dessa desculpa.
-Ah. Realmente fui pega de surpresa. Então... que assim seja. Venha - ela começou a andar e eu a acompanhei. Me levou para a pequena "Igreja" que havia aqui dentro. Igreja era um nome bastante forte em comparação ao muquifo que era o lugar, cadeiras de plástico em filas, logo do lado uma pequena porta e uma cruz pendurada na parede. - Aqui - ela entrou na pequena porta e eu fiquei do outro lado. - pode começar.
-Bom, eu cometi um pecado. Se isso realmente for um é claro.
-Pode falar então
-Mas antes, que tal confessar os seus? - Segurei o riso
-Eu não tenho pecados.
- Não? Então como você diria para Deus que você traiu ele? Ainda mais com aquele resto de gente? Ah, que coisa feia...
-Você irá arcar com as consequências!
-Eu irei? Se você me colocar na solitária, você vai para a cadeia. Sabia que o seu amante é um puta de um drogado? Eu poderia dizer que você também participava dessa diversão. - Não consegui segurar o riso. Estou eu ficando louco? - Irei mostrar para você o quanto de poder eu tenho aqui querida Irmã, você verá seu amante ser preso amanhã.
-Você é o demônio! - Ela começou a praguejar absurdas palavras.
-Ora, o que é isso irmã? Sua fé não é suficiente para tirar você das grades? Bom. Receio que já esteja anoitecendo, até amanhã, querida.
Voltei para o meu quarto, aliviado pelo sucesso que foi esse inesperado plano. Os corredores já estavam esvaziando. Era quase noite quando cheguei no quarto, o jantar já estava lá. Eu não posso comer! Vai que ele colocou algo na comida? Ou a mulher da cantina? Esse lugar está me deixando louco. Para passar a fome decidi me deitar cedo, admirando como sempre, as obras de arte pintadas no teto.
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Manicômio (versão original)
Mystery / ThrillerLivro original de Manicômio. Uma adaptação já está disponível. Stuart perdeu a memória, tudo que lhe resta agora são flashbacks de sua antiga vida. Ele está em um manicômio e não sabe o que fez para ter ido parar nesse lugar. Determinado a fugir, St...