12• Fellings

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Fazia cinco dias desde o incidente da torre. Cinco dias que Bella e Steve não se falavam. O grande orgulho do soldado não o permitia de ter a conversa que gostaria de ter com a mulher, acreditando que a mesma não queria falar com ele devido aos últimos incidentes entre os dois, também pelo fato de que ela não o procurou depois do que aconteceu. Por outro lado, as coisas que Stanley estava escondendo do homem dificultava ainda mais o chamar para conversar depois de tudo que encobriu dele desde o dia da invasão. Steve a via treinar sozinha, ou com Barton, as vezes com Romanoff. Não hesitava em encará-la quando a via nos corredores, sempre com pressa e desajeitada, nem sequer notando sua presença ali. Estava perdendo aos poucos o carinho que havia desenvolvido por ela, depois de tudo que já tinham passado juntos. O soldado se sentia bobo. Mas o dia em que mais se sentiu idiota, foi quando viu Stanley saindo da sala de Stark na madrugada de uma sexta-feira chuvosa.

Com as luzes apagadas, Steve bebia uma garrafa de água em silêncio no escuro enquanto viu uma silhueta magra chegar a cozinha. Ela havia saído da sala de Tony à 15 minutos, sabe deus o que estava fazendo lá, Rogers pensou. Um sentimento estranho atingiu Steve na boca do estômago quando estava se perguntando o que os dois estavam fazendo. A única coisa que Steve sabia era que estava chateado. Na maior possibilidade, irritado. Mas com algo que nunca mais havia sentido por qualquer pessoa: sentia falta dela. Praticamente ignorando a presença de Rogers, Bella abriu a geladeira como se estivesse sozinha ali.
O soldado a assistiu pegar um copo, colocar gelo, o servir de água e guardar a garrafa na geladeira novamente. Rogers conseguia sentir os batimentos da mulher incrivelmente acelerados, enquanto Bella conseguia sentir que o mesmo encarava suas costas.

- Até quando isso vai durar? - o soldado ousa, quebrando o silêncio entre os dois. Naquele momento, qualquer pessoa poderia apalpar a tensão que se instalou no local. Até mesmo Isabella.
- Hm? - ela se vira, como se não tivesse escutado o tom claro do mais velho. Rogers revirou os olhos. Estava começando a perder a paciência com a mulher.
- Pare de agir como uma criança - ele reclama, se aproximando da mulher. O coração de Bella acelera.
- Eu ainda não entendi. - ela sorri arrumando os óculos que usava para ler, fazendo Rogers se perguntar até onde ela iria pra irritá-lo, logo depois aceitando que ele nunca conseguiria perder a paciência com a mulher. Mesmo depois da postura dissimulada que ela tinha se apossado.
- Está me ignorando. Quando tento chegar perto, você esquiva. Fazem cinco dias que preciso saber como você está, ou pelo menos o que está acontecendo com você... - o soldado chega mais perto. Isabella já estava escorada no balcão e sabia que não tinha pra onde fugir naquele momento. - Ou me dizer por que vem saindo escondida pra se encontrar com Stark. - ele simplesmente fala, como uma criança ciumenta ou no mínimo invejosa. Era óbvio que Rogers não queria aquela situação. Queria conversar com ela, ajudá-la, passar a noite ouvindo ela contar do que tem medo. Queria que ela fosse sincera, que o deixasse chegar perto sem aquela postura defensiva que ela começou a ter depois de tudo que aconteceu. Se desculpar por ter tratado ela como um de seus homens, enquanto o dever dele era protegê-la e ouvi-la. Queria voltar a treinar com ela, escutar as piadinhas que ela fazia sobre o quão velho ele era, ou pelo menos sentir ela o tocando, mesmo que fosse desse jeito. Queria que ela saísse escondida pra se encontrar com ele. Por mais que não admitisse pra si mesmo, o que o soldado sentia além de mágoa, era inveja.

- Você anda me seguindo? Qual o seu problema? Eu não devo satisfação nenhuma pra você, soldado - ela exclama irritada. Steve estava com ciúmes? Ou se sentindo de coração partido por ela ter chamado Tony ao invés dele depois de acordar? Bella entendia a frustração do mais velho devido às suas atitudes de o ignorar nos dias anteriores, mas ainda assim, ciúmes era algo que ela nunca pensou que veria no mais velho. Bella falou ainda mais alto quando percebeu que talvez o soldado soubesse do que ela estava escondendo. - Eu tenho o que fazer, Rogers. Não posso ficar de babá pra você - Bella diz ríspida, ouvindo o riso sarcástico de Rogers. Era irritante o fato de que mesmo bravo ou com raiva, ele continuava extremamente atraente ao ver dela.
- Você me conta tudo sobre você em um dia, leva um tiro no outro e de repente me ignora como se eu não existisse? Eu fiz algo que você não gostou? - ele tenta se desculpar, mas a mulher o interrompe.
- Além de se meter na minha vida e me espionar, eu acho que ainda não fez nada para me aborrecer, soldado - ela sai andando, esbarrando no ombro de Steve e encerrando a conversa ali mesmo. Mas Rogers não ia deixar que acabasse ali. Se virando para a mulher, Steve a pega pelo pulso, porém Bella foi mais rápida e logo retirou a mão do soldado de seu braço com um movimento forte, lhe empurrando para trás. O olhar incrédulo do soldado quase a fez desistir daquela postura. Quase.

- Nunca mais ouse em me segurar, Rogers. Na próxima vez eu quebro seu braço - a mais nova ameaça, deixando a cozinha.
- Eu apenas queria dizer que sinto a sua falta, Bells - as palavras de Steve a fizeram parar de andar diante o corredor escuro que ficava após a cozinha. O apelido carinhoso que ele havia a chamado soaria ridículo num dia qualquer, porém, naquele momento, com a voz suave porém cansada do soldado, Bella sentiu culpa. O coração apertado de ter que mentir para Rogers, ignora-lo, quando o que realmente queria fazer era dar a volta no balcão e abraçá-lo. Bella não queria lidar com os sermões do mais velho, lhe tratando como uma criança. Não queria que ele atrapalhasse ou até mesmo se envolvesse no que ela estava fazendo. Ainda assim, ouvindo Steve dizer que sentia a falta dela, sentindo a postura vulnerável e a guarda baixa do soldado, preferia essa situação do que deixá-lo por perto correndo perigo. Queria Steve seguro, e sabia que se contasse tudo, ele não iria ouvi-la e faria de tudo para impedir que a mesma continuasse com o plano.
- Eu não sei o que eu fiz pra você, nem o por que de tudo isso, mas eu gostaria de consertar. Mas apenas se você me dizer o que está acontecendo. - por um segundo, Bella pensou em contar tudo que estava acontecendo. Pensou em dizer que, agora, sabia de poucas coisas que o soldado também gostaria de saber. Dizer que estava estava duas noites sem dormir depois que descobriu que Fury enganou seu pai da forma mais cruel possível. Que chorou sem parar depois de perceber que não poderia contar para Steve, sabendo que o mesmo tentaria fazê-la parar o que estava fazendo e, principalmente, aonde estava se metendo. Dizer que estava prestes a confrontar Fury, prestes a encontrar com ele e finalmente dizer tudo que estava engasgado. Dizer que as noites em claro no laboratório de Stark era em pesquisas profundas sobre tudo e qualquer coisa que poderia envolver o Soldado Invernal, SHIELD, ou Morgan Stanley, e que o homem a estava ajudando a ter uma lista extensa de coisas pra jogar na cara do diretor quando o encontrasse. Contar todo e cada movimento novo que havia aprendido com Natasha, e que Clint havia a ensinado a usar o arco, depois de muita insistência. E, por mais que tenha ficado horas fio a fio acordada tentando conseguir as respostas para suas perguntas, se sentia exausta por não ter conseguido a resposta de um terço delas.

Por um segundo, todas essas informações juntas foram pensadas por Stanley para serem colocadas pra fora. Não queria magoar o soldado mais do que provavelmente já havia feito. Mas simplesmente não podia. As pessoas a sua volta já estavam correndo perigo o suficiente, e a última pessoa que queria pôr em risco, era o dono dos olhos azuis que havia a resgatado em seu maior momento de vulnerabilidade. Steve estava ali, logo atrás dela, em sua versão mais sincera e aberta possível, provavelmente dizendo coisas que nunca pensou em dizer quando a conheceu. Queria aproveitar o momento e dizer que também sentia falta do soldado. A única coisa que a mulher disse, num tom baixo e discreto, depois de um silêncio agonizante, doeu seu coração como nunca antes.
- Boa noite, Rogers. - ela começa a andar, deixando o ambiente enquanto sentia que iria começar a chorar. Trancou a porta do quarto, sentou no chão com as costas encostadas na parede e lá ficou, por horas e horas pensando em como havia magoado e perdido a única pessoa que realmente se importava com ela. A única pessoa que ela daria tudo para proteger.

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