Conversa I

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Stefani Pov
São Paulo, domingo 20:47

Me encontro completamente perdida no rolê, não fazia ideia do que tinha acontecido com Mirella. Kadu também não disse nada enquanto esteve aqui, então previ que seria algo sério já que notoriamente ele estava respeitando o espaço dela. Eu fiz o mesmo, não queria ser inconveniente de perguntar quando se era nítido que ela não estava nada bem. Me propus apenas em fazê-la sorrir e dar carinho para aquele neném que estava na minha frente. Até que de maneira inesperada ela se sentou, me encarou e perguntou;

- "A gente pode conversar?"
- "Claro princesa!" - confirmei também me levantando e me sentando adequadamente.
- "Tá, deixa só eu pegar um casaco" - Fazia frio em SP, diria até que logo logo pode cair uma chuva. Enquanto Mirella se levantou para pegar o moletom eu aproveitei e troquei da Netflix para o Spotify, deixando uma playlist de acústicos em ordem aleatória bem baixinha na TV.
- "Eu não quero te encher com os meus problemas, mas acho que você precisa saber o porquê desse meu estado" - Disse se sentando de frente pra mim cruzando suas pernas em borboleta. Ela também tinha pego um moletom meu que estava perto de sua bolsa e trouxe para que eu vestisse.
- "Você não vai me encher. Eu sou sua amiga e tô aqui pra te ouvir sempre. Não perguntei nada porque não queria ser incoveniente"
- "Jamais seria incoveniente! Mas obrigada por isso. Foi por esse motivo que pedi ao Kadu que me trouxesse pra cá, sabia que você não ia me pressionar pra contar o que aconteceu até eu me sentir confortável pra falar. E tudo o que queria era ter seu carinho."
- "Você sempre vai ter!" - peguei sua mão que estava repousando em minha perna e iniciei um carinho leve com o polegar. Ela respirou fundo e iniciou
- "Esse fim de semana foi louco, complemente louco! Tudo virou de ponta a cabeça na minha vida.
Na sexta a noite quando tava indo pro Rio com o Kadu e a Tabatha eles notaram que eu não tava legal... era pra mim tá feliz por ter desenrolado um trabalho lá, mas pra ser sincera eu não tava com cabeça não, e olha que eu amo meus corre do trampo...
Daí desabafei, além da confiança que tenho neles, sabia que não ia ser criticada e digamos que eles são um dos únicos que não se metem nas minhas decisões, mesmo quando não concordam. Aproveitei o momento e fui sincera... eu estava triste demais por ter passado o dia sem falar com você e a sua última mensagem mexeu muito comigo."
- "Desculpa, eu não queria te deixar triste" - interrompi a fala de Mirella.
- "Não, não, não Teté!!! Nada disso véi você não tem culpa, da mesma forma que eu fiquei triste você também tava. O tanto de coisa que cê teve que passar por esse dias... não mano, não tem que se desculpar por nada, tá?" - consenti apenas balançando com a cabeça e incentivando para que ela continuasse. Estava concentrada em Mirella que parecia confortável em falar sobre os últimos ocorridos
- "Foi horrível sim ficar sem falar com você, sem saber notícias suas, parecia que já tinha uns cinco dias, sem zoeira mano... mas acho que foi necessário sabe? Porque eu percebi que você faz uma diferença absurda no meu dia, percebi que conversar com você me faz sair da rotina exaustiva, você faz com que eu me sinta... especial.
Eu senti sua falta Teté - a voz de Mirella falhou demostrando que estava prestes a chorar. A pequena que me olhava nos olhos desviou o olhar para baixo, respirou fundo se recompondo e continuou.
- "Enfim, o Kadu falou pra mim tirar um tempo pra pensar nas coisas que tô sentindo e no que tá acontecendo sem ninguém me perturbando e, no Rio eu ia conseguir ficar sozinha pra ter esse momento de paz. Quando você me mandou mensagem no sábado eu já tinha decidido que ficaria por lá no domingo e é aí que desenrola toda a situação que aconteceu hoje...
A gente ia voltar bem cedo de carro pra chegar aqui de tarde/noite, e era isso que o Dynho sabia, mas com a mudança de plano a única coisa que falei com ele foi que não ia voltar pra casa domingo. Eu tava crente que cê ia me deixar passar a noite com você, então na minha cabeça só ia ter que passar no meu apartamento pra tomar banho e pegar algumas coisas... como ele tinha trabalho, sabia que não ia encontrar ele em casa."
- "Tá, deixa ver se eu entendi... você ia passar a noite comigo com seu namorado achando que você ainda tava no Rio?" - Soltei a mão de Mirella que a minutos atrás eu acariciava apenas na intenção de usá-la para gesticular.
- "Sim" - disse desviando seu olhar para baixo retirando sua mão da minha coxa
- "Por que Mirella?" - minha pergunta saiu com mais indignação do que deveria. Mirella por alguns segundos hesitou, mas foi em frente. Aquele era o momento de deixar todas as cartas na mesa, independente do que acontecesse depois. Seríamos transparentes e sinceras uma com a outra expondo todos os pontos que achasse necessário.
- "Desde que saí do confinamento ele foi atrás de mim e disse que dessa vez seria diferente, me tratou como princesa, me deu presente, disse que tinha torcido por mim, que fez campanha, mutirões... parecia que a discussão que tivemos antes do reality -que resultou no trigésimo término- nem tinha acontecido, todo o comportamento dele era como se a gente tivesse junto ainda. Não demorou muito e ele pediu pra voltar... aceitei porque realmente tava diferente e eu gosto dele mano... tenho uma consideração muito grande por tudo o que ele fez por mim e por mais que tenha sido rápido demais eu não ia dizer que não... Só que depois de algumas entrevistas que dei, ele passou a ter umas posturas agressivas e me tratar como qualquer bosta sabe? Na maior parte das entrevistas o assunto era sobre nós -Sterella- e eu gostava de falar sobre a gente, sobre você, sobre nossos momentos dentro da fazenda... então rendia o assunto - Ela soltou um riso nasal.
- "Percebi que isso poderia ser ciúmes e tentei conversar, mas não deu muito certo não. Discutimos e no meio da discussão ele falou algumas coisas sobre você, disse que nossa amizade era falsa, que quando você saísse ia me ignorar, e aí eu revidei né? não ia deixar que ele falasse barbaridades de você. Joguei na cara as muitas coisas que ele fez comigo e ele se exaltou, ficou tão puto que quebrou um vasinho de flor que tinha em cima da mesa lá de casa. Disse que se eu não me afastasse de você ele faria do jeito dele. Só que era óbvio que não me afastaria de você! Quando a gente tentou se encontrar naquele fim de semana no Paris 6 pra jantar e não deu certo foi por culpa dele.
Eu não ia deixar que ele estragasse nosso encontro de novo Teté, por isso escondi.
- "Eu não sei nem o que dizer" - estava espantada com tudo que a pequena me contava, como ela aguenta esse traste?? Busquei pela mão de Mirella e entrelacei meus dedos aos dela.
- "Quando cheguei em casa, minha sala tava uma bagunça e a  Princesa nervosa correndo de um lado pro outro. Ela tinha derrubado as plantinhas que fica no chão, derrubou meus porta retrato que fica no painel da TV, tinha espuma das almofadas em cada canto da sala, fora os tapetes que tava tudo revirado, aquele não era um comportamento normal, ela nunca foi de aprontar assim... Olhei pra minha sala naquele estado e já sabia que tinha alguém dentro de casa... Eu e Kadu fomos pro quarto e quando abri a porta o Dynho estava com uma mulher transando na minha cama." - Mirella contou com a voz serena, porém os olhos estavam debulhado em lágrimas.
- "FILHO DA PUTA!!!" - foi a única coisa que consegui expressar, incrédula, com os olhos arregalados e boquiaberta. Inacreditável, estou sem reação pra tamanha escrotidão dessa cara.
- "E foi isso o que aconteceu... não consegui ficar por muito tempo dentro do apartamento, pela primeira vez senti nojo olhando pra cara dele. Xinguei de tudo que era nome que vinha na minha mente e ainda acertei um tapa na cara."
- "Só um?" - Perguntei ironicamente
- "Só! - Me respondeu soltando um ar risonho. -Não tava com energia pra ficar no mesmo ambiente que ele por muito tempo. Só mandei sumir da minha vida porque não quero ter que olhar nunca mais... Foi a última vez, juro pra você. Já fui humilhada demais nessa vida, inclusive por ele, mas depois que eu me recompor dessa situação de hoje, ele não vai ganhar nem sequer uma lágrima minha" - Fui com meu corpo ao encontro da pequena que tinha o rosto tomado por lágrimas. Abracei-a de modo com que nossas cabeças repousasse no ombro uma da outra. - Nesse momento de silêncio, o som que saía da TV ganhou destaque no ambiente.

Entrelaçadas | SterellaOnde histórias criam vida. Descubra agora