Mia.
São uma hora e meia da manhã. Desde que comecei não parei mais de descer a time-line do Twitter. Ao mesmo tempo que encontro tweets falando coisas boas e me defendendo de certa forma, eu também encontro muitos comentários ruins. Dizendo que não apoiam meu 'relacionamento' com Billie ou falando alguma coisa maldosa sobre mim. Nunca em toda a minha vida imaginei que ficaria mal lendo coisas que as pessoas falam sobre mim na Internet. Não pensei que fosse me magoar tanto. Se antes eu já estava temerosa, imagina agora? Sempre soube que a Internet é tóxica, mas não imaginei que eu sofreria com isso.
Algumas lágrimas já desceram descontroladamente pela minha bochecha. Eu tentei ao máximo não fazer barulho, mas um soluço acabou por acordar o Shark que dormia na caminha dele que tem no quarto da Bil e então resolvi sair dali com ele. Indo me sentar com ele no chão da sala, toda a família está dormindo mesmo.
- Eu sei Shark, eu não devo chorar desse jeito. - falo com o cachorro, que a essa altura tem a cabeça deitada nas minhas pernas. - Mas às vezes as pessoas conseguem ser tão más...
Faço carinho na cabeça do bebê, ele está aproveitando. Shark é igualzinho ao Morfeu, adora um carinho.
- Fico com medo de não aguentar, sabe? - vejo uma foto minha e da Billie em Nova York, onde ela aparecia com uma expressão fechada e eu calma. De legenda a pessoa meio que dizia que eu a fiz ficar daquele jeito, como se eu fosse nociva para Billie. - Eu nunca faria nada de mal contra ela, Shark! Eu te juro.
Falo. A última parte sai um pouco trêmula, pois me engasgo com o soluço que saiu sem permissão da minha garganta. O pitbull fez um barulho como se estivesse chorando. Deixando o celular no chão eu junto minhas pernas contra o peito, me abraçando e colocando a cabeça no meio das minhas pernas. Shark se pôs em pé, como se fosse uma pessoa pronta a me consolar.
A verdade é que a foto está completamente fora do contexto. Billie estava assim apenas porquê eu disse à ela que não assistiríamos The Office quando chegássemos ao apartamento dela no hotel, era só um drama dela. E as pessoas pegaram a foto e transformaram em algo completamente diferente.
Eu sei como as pessoas são más, eu sei como toda essa merda funciona, mas eu não estou preparada e muito menos consigo lidar bem com o que as pessoas falam ao meu respeito. Sei que não devo ligar pra isso, mas isso me machuca tanto.
☁
Coloco as últimas peças de roupa na mala, um pouco triste por estar indo embora. Queria ficar aqui até sábado, pra estar com a Billie no AMA'S, mas tenho algumas coisas para fazer antes de começar a semana agitada que está por vir.
- Mia? - Billie me chama, tirando a atenção do seu caderninho. - Você parece triste... - murmurou. - seu rosto tá vermelho e seus olhos inchados, você andou chorando?
Eilish apontou me encarando intensamente. Engulo em seco. Meu rosto está horrível por causa das horas que passei chorando. Passei água gelada e gelo no rosto pra ver se o inchaço nos olhos desaparecia mas não deu em nada. Estou evitando ao máximo não manter contato visual com ela, pra que não perceba o meu estado deplorável, mas parece que não adiantou de nada.
- Quase a madrugada inteira. - confesso em um sopro. Billie se põe de joelhos na cama, agora a me olhar preocupada.
- Por quê, bebê? - indagou confusa.- Vi algumas coisas más no Twitter... - respondo baixo.
Não quero deixá-la preocupada ou algo assim. Mas também não vou mentir e fingir que está tudo bem, porquê eu não estou bem e não adiantaria de nada, ela descobriria de qualquer forma. Billie me conhece, ela consegue me ler entre as entrelinhas.
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ten thousand hours. | billie eilish.
RandomMia acaba de mudar para Nova York para morar com sua irmã gêmea. Em um dia aleatório uma estranha de cabelos tingidos de verde e olhos azuis aparece em sua porta a xingando de tudo quanto é nome. Ela não sabia quem era ela ou o quanto ela mudaria su...