Quando entrei em casa, meus pais estavam na cozinha tomando café para irem trabalhar.
— Você ainda pode morar aqui se quiser, certo? — Disse minha mãe irônica.
Sorri e os cumprimentei antes de subir para o meu quarto. Eu estava morta de cansaço, e depois que tomei banho, dormi até cinco da tarde.
Estava em casa sozinha, e liguei para Gael e Júlia perguntando se não iriam querer vir para minha casa. De alguma maneira, ter estado longe por um tempo e voltar agora, fez com que valorizássemos cada segundo juntos, porque sabíamos que logo estaria de volta para Veneza.
Me lembro de quando concluí o ensino médio e acreditava com muita certeza de que continuaria amiga dos meus amigos, independente de estarmos indo para caminhos diferentes. A verdade é que: depois que assumimos responsabilidades, é difícil ter tempo para ser um amigo presente. Cada um segue um caminho diferente, conhece alguém diferente... E no final, só permanecem aqueles que estão dispostos a lidar com a falta de tempo um do outro. O que nem sempre acontece, e dessa forma a gente vai deixando de ser amigo de muita gente...
Arrumei algumas coisas bagunçadas e tomei banho. Decidi ligar para o Luige em videocâmara enquanto os esperava. Assim que desligamos, eles tocaram a campainha.
— Oi!! - Disseram os dois sorridentes levantando duas garrafas de vinho e uma caixinha pequena que aparentava ser maconha, assim que abri porta.
— Vocês chegaram tão rápido... Isso tudo só pra fumar e beber, é?— Caçoei os fazendo entrar na minha casa.
Gael colocou os vinhos em cima da mesa e Júlia se sentou no sofá da sala procurando pelo controle.
— O que a gente vai assistir aqui? — Júlia falou acendendo um cigarro e acomodando os pés no sofá.
— Aqui? Nada! A gente vai ver no meu quarto...
Não quero nem pensar no esporro que eu levaria com meus pais chegando em casa e vendo nós três conversando em altos papos fumando cigarro E maconha! Até parece que não me conhecem. E olha que só não se vemos há um ano... — Falei pegando salgadinhos na dispensa e doces para comermos. — Vamos! — Subi o primeiro degrau da escada para o meu quarto. E eles vieram atrás de mim.A gente se sentou no tapete e ligou a TV. Estávamos há um tempão escolhendo um filme. Na verdade, estávamos mais conversando do que procurando...
Gael estava contando histórias engraçadas do trabalho dele e tínhamos uma crise de riso atrás da outra. Talvez pelo efeito da maconha, mas só paramos até a nossa barriga doer.
Meu celular começou a tocar em cima da cama e levantei-me para atender.
— Ai, gente — Falei com a boca doendo de rir — Preciso atender.
Coloquei o celular no ouvido.
— Cecília? Oi!
— É a Joana, Gael. — Falei com Gael afastando o celular do rosto.
Eu: Oi! Como você está?
Joana: Estou bem e você? Onde você está? Tô aqui num bar da Rua Augusta. Fica perto da sua casa, não é? Por que você não vem para cá? O Caio vai tocar aqui hoje... Eles se planejaram há semanas para estarem aqui. Vai ser incrível!
— Joana, que saudadeee! — Gael falou para que Joana ouvisse.
Joana: Quem está aí? O Gael? Chama ele para vir também!
Eu: Eu não sei... a Júlia também está aqui não sei se eles irão topar...
— Topar o quê? — Disse Júlia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todas As Dimensões De Amar
Historical Fiction- ROMANCE - Cecília, uma brasileira, artista plástica e publicitária, que atualmente mora em Veneza. Cheia de sonhos, gosta de conhecer lugares e pessoas novas para ganhar inspirações para suas pinturas. Com um ano trabalhando duro para conseguir u...