08 de dezembro (Parte final.)
***********— Então vamos. — Disse Caio se levantando e estendendo os braços para puxar a minha mão.
Me levantei e logo saímos do tumulto que estava na porta da boate.
Eram 00:40 da madrugada.
A rua já estava vazia pelo horário. E estávamos andando na orla do extenso rio à nossa esquerda. Apenas nossas lanternas de celular estavam ligadas.— Já esteve aqui antes? — Perguntei para Caio que estava com o olhar disperso no céu.
— Nossa... muitas vezes! — Falou e sorriu. — Me mudei pra São Paulo há alguns anos. Conheço bastante coisa daqui, mas confesso que às vezes sinto tanta falta da Bahia... da minha mãe, do meu pai, do resto da minha família, dos meus amigos de lá... — Ele disse.
— Eu também sentiria se fosse você... — Falei.
— Acho que vivo muito bem aqui. Mesmo sentido saudade de lá.... até porque, sentir saudade é normal, e não dá pra se prender nisso sempre. Eu não funciono assim pelo menos... — Ele disse.
— Sempre penso que é ideal estar feliz, independente de onde eu esteja. No fim das contas, isso é o que mais importa. — Falei.
— E você? Acha que está sendo feliz lá? — Caio perguntou.
— Acho. Tirando o trabalho de publicidade que é um saco, eu conheci muita coisa. E de experiência profissional mais ainda... — Falei.
Ficamos em silêncio por alguns segundos.
— É engraçado como soube só de te ver que você seria artista. — Caio sorriu e disse.
— Ah, é? O que eu tenho de tão comum assim com outras pessoas da arte? — Falei.
— Não é isso, eu só sou ótimo em adivinhar coisas. — Ele respondeu e a gente riu.
— Pra onde a gente está indo? — Perguntei.
— Por quê? Você quer ir pra algum lugar? — Disse Caio.
— Ah, tudo bem pra mim se você não quiser ir. É que daqui a pouco essa nossa "volta" vai ficar longe demais. — Falei.
— Na verdade a gente já chegou... — Ele disse.
— Onde? — Falei observando em volta de onde estávamos.
Havia uma praça à nossa frente com uma árvore enorme de amendoeira em seu centro.— Confia em mim, você vai gostar. Vem. — Disse Caio puxando a minha mão.
Ele abriu o portão da cerca do cais que dava em uma pequena ponte para entrar nos barcos e lanchas do rio.
— O que você tá fazendo? Precisa ter habilitação para entrar aqui! É perigoso. — Falei sorrindo enquanto ele me levava até a beira da ponte.
— Eu sei, relaxa. — Ele disse.
Caio soltou da minha mão e começou a desamarrar a corda presa de uma lancha pequena e muito bonita que estava encostada perto da ponte.
Encostei na cerca ao redor da ponte, e de braços cruzados, fiquei o observando desamarrar, esperando que ele fosse me dizer algo.
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Todas As Dimensões De Amar
Ficção Histórica- ROMANCE - Cecília, uma brasileira, artista plástica e publicitária, que atualmente mora em Veneza. Cheia de sonhos, gosta de conhecer lugares e pessoas novas para ganhar inspirações para suas pinturas. Com um ano trabalhando duro para conseguir u...