Todas As Dimensões De Amar

Capítulo 2: - Você vem?

Domingo, 01 de dezembro.

O fim de semana chegou ao fim, mas como são férias em praticamente todos os lugares do Brasil, as casas de shows, boates, cinemas e bares estão abertos mais do que nunca. Acordei cedo para arrumar o restante das roupas que ficaram guardadas na mala e ver as minhas coisas velhas que meus pais ainda deixavam no meu antigo quarto. O último ano tão me foi tão corrido... conhecer um lugar novo, me adaptar a ele, construir novos laços... e ainda tentar manter o foco em tudo que eu mais queria: continuar estudando e me esforçando pra ter algum retorno na pintura. Sem contar no turbilhão de coisas que vivi no ano passado, antes de ir pra lá. Mas acho que eu nunca estive tão conectada comigo mesma...

Instantemente, pausei os pensamentos quando ouvi meu celular começar a tocar escondido por entre as roupas que estavam na cama. Joguei tudo pro alto pra tentar encontrar e atender.

Quando achei, era a Júlia.

Mau atendi, e ela já começou a falar...

Júlia: Tenho uma programação pra gente ir hoje! Você já tem compromisso? — Disse ela animada.

Eu: BOM DIA, também, JÚLIA. — Falei irônica. Ela riu do outro lado da linha.

Júlia: Bom, pra começar a comemorar suas férias aqui, tenho um lugar incrível pra gente ir hoje. Faz uns meses que eu descobri um espaço de arte numa rua aqui perto. Você vai amar! É um lugar voltado para dar oportunidade para todos os artistas escondidos de SP. Tem uma banda fixa, mas sempre toca alguma pessoa diferente todos os dias. Eles estão abertos hoje com open bar. Não é o destino?

Eu: Ah, claro! Com certeza... — Ri.

Júlia: Chamei o Gael pra ir e um pessoal da minha Pós. Um deles tem carro, a gente pode passar pra te buscar às 20h30.

Eu: Se você fez o Gael sair de casa em pleno domingo, com certeza deve ser bom. Então eu vou.

Júlia: Eu também nem acreditei que ele quis ir... está sempre ocupado com aquele trabalho infernal.

Eu: Pois é, mas enfim, quando vier me buscar, me liga, porque do meu quarto eu não ouço a campainha e meus pais não estão em casa.

Júlia: Tá bom! Aaaai, nem acredito que você está aqui! Que saudade! Mas agora tô indo, tenho um monte de coisa pra resolver ainda hoje. Beeeeij... — Disse ela desligando o telefone sem antes sequer terminar a última frase.

Depois da ligação, o tempo passou voando. Meus pais tiraram o dia de folga pra ficarem comigo. A gente viu filme e conversou muito o dia inteiro.

Senti falta disso. Dessa sensação de "casa", da risada escandalosa da minha mãe, do carinho, das histórias e conselhos do meu pai... dessas coisas específicas que a gente sabe que nunca vai encontrar igual em canto nenhum.

Quando ficou de noite, fui para o meu quarto e comecei a vasculhar uma roupa pra hoje à noite, mesmo sabendo que iria escolher calça e coturno no fim das contas. Aliás, acho que deveriam ser consideradas as roupas mais confortáveis do mundo, depois do pijama, claro. E após ficar pronta e esperar por quase uma hora e meia caindo no sono, a Júlia chegou.

Já eram 21h da noite.

Eu costumo sempre ser muito pontual. Já estava pronta desde às 20h. Só peguei as chaves da minha mãe pro caso de voltar tarde, e fui.

Achei todos bem animados durante o caminho.
Quem dirigia era o Gabriel, ficante da Júlia. Ele disse que eram uns vinte minutos até chegarmos lá. Me lembrei de quando eu e o Luigi saíamos no começo da nossa amizade pra todos os tipos de bares de Veneza. A gente sempre acabava conhecendo alguém, e na maioria das vezes, ele se apaixonava por um dos caras, sempre pensando que talvez em uma dessas paixões estaria escondido o amor da vida dele. Eu nunca acreditei de fato que pudesse passar a vida inteira com alguém, até porque, a gente muda, e isso acaba afetando nossas relações. Então, sempre que estive com alguém, fazia de tudo pra aproveitar cada segundo... e se a gente ficasse junto a vida inteira, ok, mas se não, pelo menos saberia que eu não estaria desperdiçando alguma parte da minha vida...