O dia amanheceu, e eu fui acordada com o sol invadindo a janela do quarto que eu tinha esquecido de fechar.
Abri os olhos me espreguiçando e observei todos os cantos e objetos em que a luz do sol batia...
A cama estava tão confortável que seria difícil sair dali naquele momento.
Amora estava deitada em meus pés, e quando viu um mínimo movimento meu, se levantou e veio até o meu rosto me lambendo.
Retribuí o carinho dando cócegas em sua barriga peluda.
Ela já estava tão velha... daqui uns anos provavelmente não irei mais vê-la. Pensar nisso me doeu e me fez lembrar de todos os momentos em que ela esteve ao meu lado.
Era um daqueles dias gostosos em que a gente acorda com preguiça de se levantar e que tudo ao nosso redor parece estar bem.
Uma felicidade chega, aconchega o peito e faz a gente suspirar agradecendo por estar viva.Me descobri dos cobertores e levantei.
Peguei o celular para checar as mensagens, e quando vi, tinha do Caio, do grupo comigo, Júlia e Gael, do grupo da minha família, do meu trabalho e algumas mensagens de pessoas que eu não tinha respondido ainda.
Abri a mensagem do meu grupo com Júlia e Gael.
Eles estavam perguntando ironicamente se eu estava morta, pois eu não tinha dado sinal de vida desde que nos separamos na boate.Avisei que estava bem e perguntei se eles estavam também. Os dois assentiram e abri a mensagem do Caio.
Caio: Essa é a playlist daquele filme que a gente conversou ontem.
Acho que você vai gostar. Escuta aí! Beijo.Fui em direção a caixinha de som em cima da minha mesa e liguei.
Cliquei no link que o Caio me mandou, e a primeira música começou a tocar. E eu a conhecia muito bem.
[Música do momento: Quando Bate Aquela Saudade, de Rubel.]
Comecei a cantar e dançar arrumando os lençóis e fazendo carinho em Amora.
Eu estava tão feliz...
Terminei de ajeitar algumas coisas do quarto que estavam bagunçadas, tomei banho, depilei as partes que me eram necessárias, hidratei o cabelo, a pele e desci para almoçar...
Era quarta-feira, e meus pais estavam de folga.
Desci as escadas com Amora no colo e fui em direção à cozinha. Eles estavam ouvindo Elis Regina e cozinhando alguma coisa que tinha um cheiro muito bom.
Devo confessar que a melhor coisa em se ter pais gastrólogos é o fato de que eu sempre comi bem (e coisas muito gostosas, óbvio).
Meus pais se conheceram numa faculdade aqui em São Paulo onde faziam gastronomia.
Eles me contam que tiveram muitas idas e vindas, porque a minha mãe sempre foi muito difícil, e os pais do meu pai não gostavam muito do jeito dela no início.Mas dizem que: o que é pra ser, será, não é?
E a prova disso é que eles ficaram juntos apesar disso tudo.
E me aparenta serem muito felizes, por mais que discutam as vezes sobre trabalho. Fora isso, nunca vi meus pais brigando por ciúmes ou coisa do tipo.Eles nunca me pressionaram sobre namorar cedo ou essas coisas de se casar e ter filhos. Sempre me apoiaram muito na minha independência..., mas claro que quando eu tomava alguma decisão, tinha aquela palpitação chata que todos os pais fazem.
Não sei se dei trabalho pra eles, porque sempre fui muito decidida pra algumas coisas... pra outras nem tanto, mas eu me viro bem com as decisões loucas que tomo. Afinal, a gente tem que se arriscar para viver.
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Todas As Dimensões De Amar
Historical Fiction- ROMANCE - Cecília, uma brasileira, artista plástica e publicitária, que atualmente mora em Veneza. Cheia de sonhos, gosta de conhecer lugares e pessoas novas para ganhar inspirações para suas pinturas. Com um ano trabalhando duro para conseguir u...