Os dias se passaram e Cheryl foi se acostumando com a falta que Toni fazia em sua vida. A dor ainda estava lá, mas se ela colocasse na cabeça que nunca existiu sentimento por parte da mais velha, um dia ela até se acostumaria com essa situação.
Guardou o anel de compromisso que daria a Toni no fundo de sua gaveta. Só admitiria que iria cometer a burrice de pedir a mais velha em namoro se um dia tivesse uma amiga confidente, que contaria tudo que aconteceu nesses meses que estavam juntas. Não sabia se essa amiga acreditaria nela, na verdade, nem ela mesma iria acreditar que isso não foi fruto de sua imaginação.
Na escola, as coisas voltaram a ser como antes. Não trocava mais olhares com Toni, preferia não olhar para ela e ver Reggie colado a sua garota. Queria permanecer com a imagem de Toni perto de si. Nos intervalos, comia rápido e voltava para sala para estudar. Se sua vida amorosa estava arruinada, não queria arruinar o lado profissional.
Já Toni andava pela escola como um zumbi. Reggie queria mostrar para todos que ela havia voltado a ser sua garota, então, passou a não pensar mais na sua aparência. Para que ficar linda se não receberia elogios de quem mais queria? Veronica chegou a insistir com a garota para que contasse para Cheryl sobre os motivos de ter acabado com ela, mas não queria causar mais sofrimento para a mais nova, já que suas desculpas não a traria de volta.
Já havia se afastado dos seus amigos, do seu amor e dos seus sonhos. Não ligava mais para o jogo de marionetes que seu pai fazia, melhor mesmo era se concentrar naquilo do que lutar por um sonho que poderia ser destruído num piscar de olhos, como seu relacionamento com Cheryl.
Vivia chorando no banheiro e afastando Veronica de si. Não queria que sua amiga fosse contaminada com tanta dor, gostava de vê-la feliz. E para isso, precisava ficar longe dela.
No intervalo comia rápido e sempre aproveitava um segundo para ter Cheryl em sua visão, a mais nova comia tão rápido quanto e sem olhar para ninguém. Logo saia e o pouco de felicidade que Toni sentia se acabava. Nestas horas, ela sentia vontade de chorar, de gritar com Reggie e bater nele. Mas acabava saindo de perto e correndo para o banheiro. Numa dessas vezes, tentou chorar baixinho quando ouviu o barulho da porta. Não queria que ninguém soubesse de sua dor.
Sua respiração forte e soluços baixinhos não passaram despercebidos pela pessoa que havia entrado. Ouviu quando ela se aproximou do box que havia entrado.
-Tudo bem? Você está precisando de ajuda? - Os pêlos de sua nuca se arrepiaram quando ouviu o timbre da voz de Cheryl. Fazia tempo que não a visitava, não queria fazê-la sofrer ainda mais. - Se você quiser desabafar, eu juro não contar para ninguém. Não se preocupe, eu não tenho amigos. - Disse rindo baixinho e aquilo causou mais dor a Toni que não resistiu e abriu a porta, se jogando nos braços de Cheryl no segundo seguinte.
A menor se assustou de início, mas logo sentiu o cheiro tão conhecido e amado. Ficou alguns minutos fazendo carinhos em suas costas e afagando seus cabelos delicadamente.
-Você quer me falar sobre suas lágrimas? - Perguntou num sussurro após ficarem abraçadas durante algum tempo. - Aconteceu algo em sua casa? - A ruiva não queria ouvir de Toni que havia brigado com Reggie ou coisa do tipo, não suportaria saber que ela estava sofrendo por um babaca, mas não conseguia evitar cuidar dela e curar qualquer que fosse sua ferida. - Vai ficar tudo bem, pequena. Se você tiver brigado com Brad, converse com ele. No final, as coisas dão certo.
-Não dão. - Toni disse num sussurro ainda soluçando baixinho. - Se dessem, eu estaria ao seu lado.
O coração de Cheryl aqueceu com suas palavras, mas sabia exatamente o que queriam dizer.
-Eu estou aqui, pequena. Posso ser sua amiga quando precisar desabafar. - Disse fazendo carinho na nuca da mais velha. - Ei, olha para mim. - Pediu tirando delicadamente o rosto de Toni de seu pescoço. - Você pode desabafar comigo. Eu tentarei curar suas feridas.
Toni encarou a Ruivo com devoção. Não acreditava que Deus havia dado-lhe uma oportunidade de conviver com uma pessoa tão linda e tirar isso dela de uma forma tão ruim.
-E...eu posso passar na sua casa mais tarde? - Perguntou incerta, fazia alguns dias que não trocavam palavras. Queria mais do que tudo estar algumas horas com Cheryl, mas não sabia se a mais nova também iria querer.
-Claro, separarei alguns filmes para assistirmos e farei brigadeiro e pipoca. - Disse fazendo Toni sorrir encantada. Aquela sem dúvida era mulher mais linda que conheceria na vida. Um dia contaria para seus filhos que a conheceu e teria orgulho de dizer que ela foi sua por alguns meses.
-Obrigada, Cher. - Disse fazendo a ruiva sorrir. Amava quando ela a chamava assim. Era como se ela fosse exclusividade sua.
-Nada, Tee-Tee. - Disse alisando suavemente sua face. - Converse com Reggie, ok? Brigas existem para que os problemas surjam e sejam resolvidos.
-Sim, conversarei. - Disse decidida. Enfrentaria esse problema de cabeça erguida.
Saíram do banheiro cada um para seu lado. Cheryl deu uma desculpa para não voltar para o pátio com Toni e correu para sala. Mais uma vez a mais velha enfrenteu seu namorado, puxando-o para conversarem atrás da arquibancada. Ele a ameaçou de novo, recebendo um tapa de Toni.
-Se você fizer isso de novo, eu prometo divulgar essas fotos, sua putinha. - Disse segurando o pulso da mais velha.
-Pode divulgar. Bom que me livra desse inferno. - Disse saindo de perto dele.
Começava a achar que o melhor mesmo era ter essas fotos na internet para depois correr atrás da garota que amava. Não sabia mais se sua reputação e toda essa exposição forçada eram mais importantes que estar ao lado de Cheryl.
Chegou em casa já louca para sair e ver a ruiva. Sua mãe insistiu que comesse antes e notou a mudança repentina de comportamento da filha, ficando feliz por vê-la tão contente.
Saiu rápido ao encontro da ruiva e logo chegou em sua casa. Se deparando, segundos depois de ter tocado a campainha, com o sorriso lindo de Cheryl.
-Oi! Separei alguns filmes de comédia e fiz brigadeiro para ver se nasce um sorriso nesse seu rosto lindo. - A ruiva disse sem pensar, ficando envergonhada pelas palavras que havia escolhido.
-Obrigada, Cher. Você é maravilhosa. - Disse alisando a bochecha rosada da mais nova e entrando em sua casa antes que perdesse a cabeça e a puxasse para um beijo.
Aquela tarde foi a mais feliz de sua semana. Ver o quanto a ruiva se esforçou para ver seu sorriso, a fez se sentir a pessoa mais importante do mundo. Definitivamente, lutar por esse amor valia muito a pena.
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Ensina-me o que é o amor - Versão Choni
FanfictionCheryl g!p | Cheryl é uma garota tímida, estudiosa e com o péssimo hábito de se rebaixar. Após todos na escola descobrirem da sua condição e o bullying se instalar, seu amor próprio domínuiu. Toni tem uma missão: ensinar a ruiva a se amar | Todos os...