Ensina-me o que é o amor - Versão Choni

Capítulo 24

Cheryl viu Toni se aproximando e sorriu para a mais velha. A primeira coisa que fez foi direcionar seu olhar para a mão direita dela para constatar que não havia anel nenhum ali, fazendo seu sorriso desaparecer no segundo seguinte.

-Oi, Cher. - Disse sorrindo para Cheryl que não pôde esconder sua decepção.

Ela iria querer um relacionamento escondido? Óbvio que ela não gostaria que ninguém da escola soubesse.

-O...Oi, eu não pensei que não podia usar aqui. - Disse nervosa se voltando para sua aliança.

-Aah, você poderia me dar? - Toni pediu, fazendo Cheryl tirar rapidamente o objeto do dedo, entregando em seguida para mais velha. - Na hora do intervalo, aparece no refeitório. Eu gostaria de falar umas palavrinhas e sua presença é fundamental.

-Está bem. - Limitou-se a dizer. Não sabia se ainda eram namoradas ou se Toni só queria ser discreta enquanto estivessem na escola.

As aulas passaram lentamente, Cheryl tentou se concentrar nelas, mas o fato de seu dedo não ter mais a aliança enfeitando-o, dava-lhe uma sensação de vazio. Ela passou a noite sorrindo e tocando de vez em quando no objeto para ver se era real. Pelo visto, a realidade lhe bateu a porta.

Na hora do intervalo, sentou-se isolada numa mesa mais distante dos valentões e líderes de torcida. Olhou rapidamente para onde Toni sempre ficava e a garota lhe sorriu, desarmando-a momentaneamente.

Se ela queria manter segredo sobre o relacionamento delas, iria respeitá-la. Só esperava que mais tarde a mais velha estivesse em seus braços.

-Olá, pessoal. Desculpa interromper as conversas de vocês, mas gostaria de uns minutos da atenção de todos, por favor. - Toni disse tirando Cheryl de seus devaneios. De longe, ela a encarou e se encantou como todas as vezes que a via. Seus cabelos pretos eram um contraste perfeito com seus olhos verdes. - Não sei se todos me conhecem, mas me chamo Antoinette Topaz. Prazer. - Sorriu lindamente, recebendo alguns assovios por parte dos meninos e palmas das meninas. A garota era bastante popular. Cheryl concluiu naquele instante que seria inocência demais da sua parte querer que ela usasse uma aliança que todos pudessem ver e desconfiar que as duas estivessem juntas. Quem se orgulharia de namorar uma aberração?

Queria sair daquele refeitório naquele momento, mas o pedido de Toni ainda estava em sua memória. Ficaria mais um pouco.

-Há alguns meses atrás, eu conheci uma garota. Ela me ensinou a lutar pelos meus sonhos, a vencer meus medos e a amar. - Disse direcionando seu olhar para Cheryl e logo se voltando para todos. - Vocês já tiverem sonhos impossíveis? Daqueles que você tem vergonha até de falar em voz alta para não ser ridicularizada pelo seu cérebro? Prefere guardar no fundo do seu coração e deixá-lo aprisionado para que ninguém tenha conhecimento dele, nem mesmo você.

-Namora comigo, Toni? - Um garoto gritou no meio na multidão, fazendo todos rirem e Cheryl abaixar sua cabeça.

-Desculpa, esse sonho eu não poderei realizar. - Disse sorrindo e direcionando seu olhar para a ruiva. - Eu já fui pedida ontem em namoro. E eu pretendo ficar com ela pro resto da vida. Então, eu recomendo que sonhe com outra garota.

Cheryl se esqueceu de como era respirar por alguns segundos. Se alguém olhasse para a ruiva, veria o quanto estava espantada pelas palavras de Toni. 

-Eu passei a madrugada pensando numa forma de demonstrar meu amor por ela. Agora eu quero mostrá-la que não tenho medo do que estou sentindo e quero viver isso intensamente. - Toni sorriu, fazendo algumas pessoas baterem palmas e gritar. - Arrisquem-se, não tenham vergonha do que sentem ou pensam. Sejam vocês independente de qualquer julgamento.

Ela parou momentaneamente e olhou ao redor, buscando algum apoio.

-Eu gosto de mulheres. - Veroníca falou alto após alguns segundos de silêncio. - Eu já me culpei bastante por isso, mas eu quero mais é ser feliz. E se minha felicidade está do lado de uma mulher, é lá que eu quero estar.

Toni sorriu para a amiga que já havia desabafado meses atrás sobre isso, mas que ainda não tinha coragem de assumir publicamente. Era líder de torcida e havia ficado com metade do time de basquete. Provavelmente, seria julgada por sua sexualidade.

-Bom saber disso. - Uma garota que também era líder de torcida falou para Veronica, dando-lhe uma piscada de olho.

-Eu odeio jogar basquete. - Gritou o capitão do time de basquete da escola. - Meu pai quer que eu siga carreira no esporte, mas tenho sonho de ser engenheiro, ele acha que é desperdício de talento.

-Enfrente-o pelo seu sonho. Só você pode escolher o caminho que quer trilhar. - Toni disse, fazendo o garoto sorrir em agradecimento.

-Eu amo dançar. - Disse um garoto que também era do time de basquete, incentivado pela coragem do seu capitão. - E não pensem que eu sou gay, eu simplesmente adoro me expressar atravéz da dança.

-Não veríamos problema se você fosse gay, cara. - Disse o capitão para o seu amigo.

Aos poucos, a escola se encheu de murmúrios e confissões. A felicidade em estarem se libertando de um segredo era notado no sorriso de cada um. Toni ficou feliz por ter atingido seu objetivo e continuou seu discurso.

-Eu gostaria de me declarar perante todos para a garota que estou apaixonada . Ela deve estar pensando mais uma vez que irei dispensá-la, mas eu pretendo tê-la para sempre ao meu lado. - Disse, descendo da mesa e se dirigindo para Cheryl, que ainda permanecia encolhida. - Chega de inseguranças, Cher. Eu quero gritar para o mundo inteiro o quanto eu te amo, o quanto eu sou feliz ao seu lado. - Disse próxima a ruiva. Todos da escola olhavam admirados para a interação das duas. - Sei que me pediu ontem, mas quero fazer da forma que planejei, diante de todos. - Toni falou se ajoelhando próxima a Cheryl. - Namora comigo, Cheryl? Eu quero cuidar dos seus medos e torná-la mais forte, quero que meu sorriso te faça tão feliz quanto o seu me faz. Quero andar contigo de mãos dadas e te apresentar como minha namorada. Eu quero construir uma família ao seu lado. 

Ela parou seu discurso achando que podia estar assustando a mais nova com suas palavras, mas se surpreendeu quando nasceu um sorriso lindo nos lábios de Cheryl.

-Claro que aceito, meu amor. - O silêncio que havia se instalado naqueles segundos entre o pedido e a resposta foi destruído por palmas e gritos de todos os lados.

Toni colocou a aliança no dedo de Cheryl rapidamente e se levantou para dá-lhe um beijo, selando o amor da duas.