capitulo 2

26 1 0
                                    

— Olha quem decidiu aparecer. - Esse é o meu amigo David, extrovertido na maior parte do tempo.

— David! Nem parece que você mora a cinco ruas da minha casa.- digo abraçando ele.

— Eai meninas, nem acredito que vocês ficaram em outra sala. - diz Erick, o responsável do grupo.

— Infelizmente - digo fazendo cara de insatisfeita.

A gente conversou um pouco e depois decido voltar para a minha sala, até que no meio do caminho vejo o Marcos (um garoto bem desinteressante que me acha interessante). Tento procurar uma forma de não precisar cumprimentá-lo e no calor do momento me viro e dou de cara com o Cadu e sem pensar duas vezes eu solto a frase mais tosca que vocês vão ler:

— Você gosta de sucrilhos? - pergunto com a expressão de nervosismo.

— Hum, não - ele diz estranhando e começa a olhar para os lados — Ah, entendi, você veio falar comigo como uma forma de fugir do Marcos, certo? - ele pergunta.

— Fala baixo, por favor - sussurro — Desculpa fazer isso, mas é que ele... Não é agradável. - tento achar uma forma de ser inconveniente com as palavras.

— Pode fazer isso quantas vezes quiser - Ele diz me encarando.

— Pode ter certeza que vai ser a última vez. Mas foi tão perceptível assim? - digo sem graça.

— Claro que não. - Ele mente para me agradar.

— Pelo menos já sei que não posso apostar na carreira de atriz - acabo soltando um suspiro de riso. — É sério, me desculpa e por favor... esquece a pergunta que eu te fiz - sorrio sem graça e entro na minha sala.

Percebo que durante as aulas, Cadu me olhava, às vezes não disfarçava e talvez eu esteja gostando disso, mas não quero gostar. Me concentro na aula para ele não pensar que estou dando corda, essa é a última coisa que quero que ele pense de mim. Quando o sinal toca, arrumo minhas coisas e me despeço da Lilah.

Hoje eu vou para academia com o meu irmão, pois prometi para mim mesma que esse ano vou fazer atividade física e tem sido meu passatempo favorito. Chegando em casa, encontro Lucas terminando de comer seus incríveis bolinhos de brigadeiro em formato de estrela, até hoje não sei como ele faz isso.

— Um dia eu vou tirar uma foto de você comendo esses bolinhos de estrelas e mandar para a Anna. - falo. Anna é a garoto que o Lucas gosta/ minha discipuladora.

— Acho que ela se apaixonaria se visse - Ele continua comendo e nem me oferece.

— Vamos para a academia?

— Vou treinar braços, tá bom? — diz Lucas

— Tudo bem, hoje eu treino quadríceps. - falo abrindo a geladeira pegando algo para beber.

Lucas tem uma altura impressionante de 1,80 metros, com uma postura ereta e atlética. Ele mantém seu corpo em forma, com músculos bem definidos que não são exagerados, mas conferem a ele uma aparência saudável e robusta. Seus ombros largos e sua estatura fazem com que ele se destaque em qualquer multidão. Seu cabelo castanho mel e olhos quase da mesma cor é o que o faz ser parecido comigo. Muitos falam que nosso sorriso é parecido por conta dos traços.

Termino de me arrumar e vou para a academia com o Lucas. Observo o treino de Lucas pronta para julgar a sua execução mesmo sabendo que está super certa. Um garoto chega perto dele, logo percebo que era o Felipe, um rapaz que eu falo para o Lucas que é o meu "crush da academia", mas nunca trocamos nenhuma palavra, na verdade, eu nem sabia que o Lucas era amigo dele. Volto a fazer o meu exercício que já estava chegando ao fim e percebo que os dois vem em minha direção.

— Já está terminando? - Lucas me pergunta

— Sim. - falo tímida.

— Sua irmã? - Felipe pergunta.

— Sim, já pode tirar o olho. - Lucas fala e eu paro o exercício por ficar com vergonha.

— Ah, que pena. Mas relaxa, cara. Agora ela vai ser considerada uma irmã para mim também. - ele acena para mim com a cabeça e sai para continuar seu treino.

— Eu não acredito que você fez isso. - falo baixo morrendo de vergonha e Lucas começa a rir de mim. — Isso não teve graça, Lucas - bato em seu braço que se destacava na sua regata. — E vai vestir uma blusa decente, garoto - brigo com ele.

— Vamos embora, filha. - ele me puxa fazendo com que eu fique por baixo de seus braços.

— Assim vão pensar que somos namorados. - falo

— Tem nada não, desse jeito ninguém dá em cima de você e eu ainda saio ganhando, você é bonita.

— Nossa, obrigada, normalmente você falaria que quem sairia ganhando era eu por estar com você.

— Você é a minha cara Daphne, então se eu te elogio, eu me elogio junto - rio de suas palavras, eu não aguento o tanto que esse garoto se acha.

— Você é demais, Lucas. - dou uma batidinhas em suas costas e a gente vai embora.

Após jantar eu volto para o meu quarto, pego meus fones e coloco uma música. Quando chega a noite, sinto-me mais sensível, como se tudo começasse a vir na minha mente como se fosse um filme de todas as coisas que eu gostaria de viver novamente ou um filme de todas as coisas que eu gostaria de apagar da minha mente. Os pensamentos não param de correr, como uma maratona infinita na minha mente. Cada momento é uma oportunidade para mergulhar fundo nas profundezas do pensamento. Eu questiono, analiso e dissecio cada detalhe, mesmo os mais triviais. Às vezes, sinto que estou presa em um labirinto de pensamentos, tentando encontrar a saída, mas as ideias se multiplicam como coelhos.

Cada decisão se transforma em um dilema monumental. O que devo comer no café da manhã? Será que vou conseguir a vaga na faculdade que eu quero? Será que tô sendo uma verdadeira discipula de Jesus ou não o tenho priorizado muito em minha vida? Essas perguntas podem se transformar em preocupações de tamanho épico. E muitas vezes, a busca interminável por respostas me leva à beira da exaustão mental.

Às vezes, a insônia é minha companheira noturna mais fiel. Enquanto todos dormem, estou acordado, revisitando cada conversa, revivendo cada situação e imaginando cenários que nunca acontecerão. É como se minha mente estivesse em uma eterna montanha-russa, sempre acelerando, nunca desacelerando. Mas, no meio de toda essa confusão mental, às vezes, encontro momentos de clareza e criatividade. Minhas reflexões profundas podem levar a insights valiosos e respostas inesperadas. Afinal, pensar demais também pode ser uma bênção disfarçada, desde que eu aprenda a domar essa mente hiperativa e encontrar equilíbrio entre o pensar e o agir.

Então, enquanto eu continuo minha jornada de pensamentos incessantes, tento lembrar que a mente é uma ferramenta poderosa, mas é importante aprender a controlá-la, para que ela não me controle.

Sentimentos ConfusosOnde histórias criam vida. Descubra agora