Daphne narrando
*dias depois*
Depois que tive aquela conversa com o Cadu, eu repasso cada palavra pela minha mente todos os dias. Nunca ouvi palavras tão profundas vindo de outra pessoa em relação a mim. Eu e Cadu estamos mantendo uma amizade tranquila, sem forçar nada. Mas tenho medo de me permitir gostar dele. Às vezes parece que eu tô destinada a gostar tanto de alguém, que isso é capaz de me sufocar.
— Bom pessoal, vou passar um trabalho para vocês e eu quero que seja executado em grupo. Preciso que façam um quinteto. Todos precisam participar. O trabalho deve ser entregue na próxima semana.
Separamos o grupo entre: eu, lilah, Cadu, Rafael e Duda.
— Cada um vai separar a sua parte e no final vamos juntar e ensaiar a apresentação. - falo para o pessoal do meu grupo e todos dão sua contribuição sobre o que podemos fazer.
Logo em seguida peço licença para ir ao banheiro. Quando chego ao banheiro, percebo que Manuela estava a prantos sozinha.
— Ei, tá tudo bem? - pergunto me aproximando dela.
— Para quê você quer saber? Até parece que você se importa. - ela diz lavando as mãos tentando disfarçar que não estava chorando.
— Manuela, eu poderia muito bem passar reto sem olhar na sua cara e realmente fingir que não me importo, mas eu não fiz isso, você pode ter alguma intriga comigo por conta do Cadu, mas saiba que é somente você, eu não tenho raiva ou algo contra você, seria idiotice eu não gostar de você por causa do Cadu. Então eu vou te perguntar novamente, você tá bem? - falo olhando no fundo dos olhos dela.
— Não - dou um abraço nela e permito que ela chore a vontade.
— Você não tá sozinha, eu tô aqui. - digo e espero ela se acalmar. — Quer me contar?
— Eu tenho ficado triste por causa do que tem acontecido em casa, meus pais não conseguem ficar um segundo sequer sem brigar um com o outro, isso tem me tirado toda a paciência que tenho. E fora isso, tem o Cadu, eu sinto falta dele, mas infelizmente eu quebrei a confiança dele, eu sei que o que fiz foi errado e eu não o culpo por ter se afastado de mim por isso, mas às vezes eu sinto tanta falta dele que me faz ter raiva de você mesmo você não tendo culpa de nada. Você não vê a forma que ele te olha, mas eu consigo ver. Ele nunca me olhou desse jeito e talvez nunca vai olhar. Que droga, né? - ela diz secando suas lágrimas.
— Manu, presta atenção, você errou? Sim, mas quem nunca errou na vida? A vida é assim, permite que a gente quebre a cara para perceber que aquilo não foi legal e nos traz maturidade, e isso é um ciclo, nunca vai parar, ou você aprende com os seus erros, ou aprende com o erro dos outros, e a segunda opção é a melhor. Você vacilou com o Cadu, mas você pediu desculpas pelo que você fez? - pergunto.
— Sim, mas nunca mais foi o mesmo. - ela fala.
— Talvez nunca mais vocês voltem a ter aquela intimidade toda, mas você precisa superar isso para se sentir melhor. A sua parte você fez de pedir desculpas para ele, não precisa mais se culpar por isso e em relação aos seus pais, a situação é bem complicada, mas eu irei orar por você e pela sua casa, assim como eu oro pela minha também, porque eu conheço uma pessoa que cuida de tudo e de todos de uma forma incompreensível, e eu espero que um dia você consiga desfrutar do amor dEle.
— Obrigada Daphne, de verdade.
Volto para sala e conto o que houve para Delilah, e ela simplesmente focou só na parte em que ela falou sobre o Cadu.
— Amiga, só eu percebi que ela parece ter inveja de você?
— Para com isso, Lilah. Ela só sente falta do Cadu.
— E tá tudo bem para você isso?
— Eu vou fazer o quê? Você sabe que eu e o Cadu não temos nada.
— Mas não significa que você não sinta... - ela diz e minha vontade é de dar um tapa nela.
Depois que as aulas terminam, vou direto para casa e faço os meus afazeres de sempre. Percebo que já tem um tempo que meus pais não jantam juntos, ultimamente eles estão bem dispersos comigo e Lucas, quando questionei minha mãe ela disse que era pressão no trabalho, mas isso é desgastante. Lucas bate na porta.
— Oi maninha - ele diz sentando ao meu lado.
— Oi maninho, tudo bem? - dou espaço para ele sentar.
— Tô bem, sim. Acabei de chegar do serviço.
— Cansado?
— Um pouco. Já jantou?
— Ainda não.
— Então vamos.
Lucas desce e eu o acompanho. Coloco minha comida e me sento a mesa com Lucas. Escuto a porta abrindo e percebo que mamãe a papai estão furiosos um com o outro.
— Pedro, você nunca escuta o que estou dizendo! Estou cansada de ter que repetir as coisas mil vezes! - diz mamãe.
— Virgínia, você sempre quer ter razão! Já cansei disso.
— Boa noite, né? - digo séria e eles percebem que eu e Lucas estávamos jantando.
— Boa noite, meninos! - mamãe fala brava e vai para seu quarto batendo a porta logo atrás.
— O que foi isso? - Lucas pergunta para o papai.
— Depois a gente conversa. - papai entra no quarto deixando a gente sem respostas.
Olho para o Lucas sem entender nada, logo meus olhos enchem de lágrimas e eu vou para o meu quarto. Nesse momento eu só quero ficar sozinha. Deito em minha cama pensando no que havia acontecido, nunca vi mamãe tão brava com meu pai. Me sinto impotente por não conseguir fazer nada em relação a isso.
— Ei, O que foi? - Lucas senta ao meu lado e me apoia em seu peito, permitindo com que eu me sinta segura. — Tá tudo bem, Daphne. Deve ter sido apenas um dia ruim para os dois. - ele diz fazendo carinho no meu cabelo.
— Sinto falta de quando éramos mais próximos - digo limpando as lágrimas.
— Eu vou conversar com eles, tá bom? - ele diz e me dá um beijo na cabeça. - Eu te amo.
— Eu também te amo.
Depois que Lucas sai do quarto, fico olhando para o teto e mergulhando em meus pensamentos até conseguir pegar no sono.
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Sentimentos Confusos
Romance"Sentimentos Confusos" é uma narrativa que mergulha na vida da nossa personagem principal, Daphne, uma jovem cristã determinada e cheia de sonhos. No entanto, sua vida toma um rumo inesperado quando ela se apaixona por Cadu, um rapaz encantador e ca...