V.1. Recomeçar
Bateu à porta do quarto, mas não esperou a indicação que podia entrar. Limitou-se a entrar. Bulma encontrou o filho esmorecido, parado em frente ao espelho.
- Não sabes bater? – Repreendeu-a.
- Eu bati.
Trunks nem sequer se dignou a olhar para ela, continuando a admirar o reflexo que lhe devolvia uma imagem que não condizia com o que esperava ver. Passou uma mão pelo cabelo que lhe caía até aos ombros. Desabafou:
- Preciso cortar o cabelo. Já está muito comprido.
- Queres que to corte? Eu posso...
- Não.
Bulma não esperava aquela resposta seca e imediata.
- Não, obrigado – acrescentou Trunks e amarrou o cabelo atrás, como se habituara a usar.
Ele continuava a sentir-se muito cansado, mesmo depois de ter dormido o dia inteiro. Ou fingira ou acreditara que dormira. A verdade era que sempre que fechava os olhos sentia na pele o metal frio a contorcer-se à sua volta, enquanto o carro dava piruetas no ar e aquele desejo mórbido de que tudo terminasse de uma vez por todas, sorrindo ao ver o sorriso do amigo que o chamava e eram os dois meninos outra vez, a treinar no bosque, no verão.
Mas o destino encarregara-se de colocar um feijão senzu no caminho do seu desejo mórbido e ali estava ele, a olhar para um espelho onde via um desconhecido, a cara amorfa de um morto-vivo com um cabelo demasiado comprido.
- Sentes-te bem, Trunks-kun?
A voz da mãe lembrou-lhe que não estava sozinho no quarto e que as divagações teriam de terminar, como se ela tivesse a capacidade de lhe ler os pensamentos.
- Hai.
- Pareces-me abatido.
- Não te preocupes comigo.
- Conseguiste descansar?
Trunks esqueceu finalmente o espelho e voltou-se para a mãe. Não aguentou por muito tempo o olhar dela e baixou a cabeça. Agarrou-se ao tampo da cómoda.
- Deram-me um feijão senzu – disse, a cismar com as botas que calçava –, que repõe todas as forças, cura todas as feridas, alimenta por dez dias. Como poderia ter estado cansado?
- Tens razão... Só estou preocupada contigo. Estamos todos preocupados contigo. Sabes isso, não sabes?
- Tenho estranhado. Ele não tem andado atrás de mim ultimamente.
- Nani?
- Vegeta... Cansou-se de me perseguir?
- Eu pedi-lhe que parasse.
- Fizeste mal. Estava à espera dele, na noite do acidente.
Encarou-a e atirou, consciente de que iria atingi-la mortalmente:
- Se ele tivesse aparecido, o acidente não teria acontecido.
Como esperado, Bulma estremeceu.
- Trunks-kun...
Ele susteve o olhar, empurrando a faca devagar, ferindo-a mais e mais e mais... Bulma percebeu a intenção dele. Armou-se com a armadura habitual, defendeu-se do golpe mortal.
- Talvez o acidente sirva para mudar alguma coisa por aqui.
O contra-ataque surpreendeu o atacante.
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O Feiticeiro - Parte II - A Dimensão Z
FanfictionDepois de terem sido enviados para uma dimensão desconhecida por um feitiço de Zephir, Son Goku e os seus amigos procuram adaptar-se à sua nova vida, enquanto Bulma tenta desesperadamente concluir a máquina das dimensões que os levará de regresso a...