Capítulo VII

8 2 0
                                    


VII.1. Esclarecendo algumas dúvidas

Camuflado pela escuridão da noite, um vulto agitava-se em movimentos estudados e repetidamente treinados até à exaustão. Suspenso no vazio, a desafiar a lei da gravidade, multiplicava-se em golpes que despejava com os braços e com as pernas. Parou de repente, desligando-se como uma máquina à qual se carregou no botão vermelho. Permaneceu no ar, a respirar ofegante.

Sentiu uma presença. Alguém chegava àquele lugar inacessível, onde não queria ser incomodado. Iria recebê-lo à sua maneira. Gritou e disparou um raio vermelho-vivo.

Com pouco esforço, Goku desfez o raio na palma da mão. Enquanto baixava o braço, perguntou:

- Estamos em guerra, Vegeta?

Vegeta via-o pelo canto do olho. Respondeu:

- Estamos.

- Desde quando?

- Estamos em guerra com Zephir!

Goku sorriu.

- Ah, bom!... Assim está bem. Quando perguntei se estávamos em guerra, quis dizer um com o outro...

- O que é que queres, Kakaroto?

Habituado ao temperamento irascível do príncipe dos saiya-jin, Goku não se incomodou muito.

- Vim treinar contigo.

Vegeta encarou-o, cruzando os braços. Entreabriu um sorriso.

- Queres treinar comigo? Ótimo! Já estava a ficar aborrecido de destruir apenas árvores. Já me apetecia destruir algo... feito de carne e osso.

- Eu também estava a aborrecer-me. Treinar com Ubo não é a mesma coisa que treinar-me com um verdadeiro saiya-jin...

- Elogios, Kakaroto?

- ...quando temos de enfrentar um saiya-jin tão ou mais poderoso do que nós.

Vegeta perdeu o sorriso, o rosto crispou-se.

Goku assentou os punhos fechados na cintura, inclinou a cabeça ligeiramente para a direita, adotou uma expressão pensativa, que chegava a ser cómica por ser, ao mesmo tempo, tão transparente e inocente.

- Temos um grande problema com Keilo. Quando regressarmos à Dimensão Z iremos enfrentá-lo outra vez e ainda não descobri uma maneira de o derrotar. Temos de estar na nossa máxima força e com uma técnica sem falhas para o conseguirmos.

- Eu sei! – Virou-lhe costas e confessou com relutância: – É por isso que continuo a treinar-me, mesmo estando nesta maldita dimensão! Mesmo tendo este maldito corpo!

- Pode ser uma vantagem. Temos um aspeto esquisito e sentimo-nos esquisitos. No início, foi um bocadinho difícil adaptar-me a este corpo. Sufocava-me. A ti também deve ter acontecido o mesmo, não? Bom, o que eu quero dizer é que este corpo é muito pesado e pouco flexível.

Vegeta encarou Goku, que prosseguiu:

- Mas é útil para nos treinamos. Será parecido a treinar com a força da gravidade. Quando começámos a treinar com a gravidade, foi importante para nós, ajudou a aumentar os nossos poderes. Foi assim que alcancei o nível do super saiya-jin e tu também... E acho que, para aumentar os nossos poderes agora, nada melhor do que coisas novas e diferentes. Como este corpo pesado e diferente.

Vegeta levantou um sobrolho.

- Se conseguirmos fazer na Dimensão Real o mesmo que fazemos na Dimensão Z, com este corpo, ficaremos mais fortes – concluiu Goku.

O Feiticeiro - Parte II - A Dimensão ZOnde histórias criam vida. Descubra agora