Krystal passara a manhã inteira atordoada, mais uma vez, alheia de tudo e, consequentemente, acabara levando sermões de quase todos os professores, quais afirmavam não reconhecer mais a Jung dedicada que tirava boas notas. Victoria não a respondeu, o que causara um sentimento de angústia no âmago da platinada que, mentalmente, questionava a si própria sobre ter feito algo de errado ao realizar aquela pergunta, talvez fosse cedo demais e Song ainda não houvesse criado um sentimento a mais por ela, bem, era isso que ela se forçava a acreditar. Em passos lentos, caminhava juntamente à Sunyoung, mantendo seus braços entrelaçados e um sorriso mínimo esboçado na face, ela passara a ser sua única companhia escolar desde que Jinri se mudara.
- Soojung, sei que já conversamos sobre isso, mas tem algo de errado com você. E sim, estou afirmando. - A coreana cessou os passos, desvencilhando-se da americana e a encarando nos olhos, com um semblante um tanto sério, causando-lhe calafrios. A Park não estava errada, não era nada normal receber visitas de um ser sobrenatural durante a noite, o fator que culminava para aquilo soar ainda mais inexplicável era Soojung ter relações com a tal figura, que estranhamente a proporcionava um prazer fora do comum; todavia, não iria iniciar um diálogo com a amiga sobre aquilo, mesmo que tivessem feito um pacto de sangue, afirmando que sempre contariam tudo uma a outra.
- Impressão sua. - Mais uma vez, mentiu para si própria àquele dia, não costumava fazer isso, seus progenitores sempre lhe cobrara a verdade, afirmavam que uma das coisas que Deus mais abominava era a mentira e que isso poderia a levar ao inferno.
- Está gostando de alguém, é isso? Quero conhecê-lo, deve ser muito especial para te deixar tão avoada.
Uma risada nervosa deixara os lábios róseos da mais alta, a presunção da morena sobre o certo alguém ser um garoto, incomodou Krystal, que tinha flashbacks de Sooyeon afirmando que não gostaria de ter uma irmã lésbica e que isso a prejudicaria de alguma forma. Sentia-se deslocada quando seus pais a idealizava em um futuro clichê e monótono, casada com um homem que tivesse boa conduta e sendo mãe de, no mínimo, duas crianças.
- Não é um garoto, Luna.
A resposta sucinta fizera a Park arregalar os olhos, entreabrindo os lábios e a espreitando de cima a baixo, totalmente silente. A reação inesperada de Luna causara um desespero interno na platinada, que repreendia-se mentalmente pela frase mal colocada, ou não.
- Digo, eu não estou apaixonada, não estou assim por um garoto.
O que mais poderia esperar? Estavam em 1984, casais homoafetivos eram julgados e criminalizados, vistos como um bando de pessoas sem escrúpulos, que iriam para um lugar quente e sórdido, no final de suas vidas. A garota tivera a certeza que o mundo era cruel demais para viver tudo que idealizava, o que a fizera suspirar triste. Entretanto, não prolongara mais aquela conversa com a coreana, retornou para a casa sozinha, preferindo não ser acompanhada por ela, a mesma não estranhou o comportamento da Jung e apenas assentiu positivamente, convencida da desculpa esfarrapada que fora-lhe dita.
- Filha, você chegou! Vá se banhar, os Kim's virão jantar conosco, quero que tudo esteja impecável esta noite.
- Por que? O que há de tão especial neles, mãe?!
- Oras, você sabe, o filho deles, Jongin, o nome dele, certo? Tem praticamente a sua idade, Soojung, é um bom menino e bonito. Precisa de um namorado, não quero rumores maldosos e nojentos sobre você.
Não fora preciso de mais dizer algum, a jovem havia entendido o porquê da 'preocupação' de sua mãe, o que a fez olhar com desdém antes de seguir para o quarto que dividia com a irmã, que para a não surpresa dela, não estava lá. Sentia-se claustrofóbica, presa em um cubículo pequeno e abafado, era totalmente cansativo esconder que gostava de garotas, não queria mais aquilo para si, estava decidida que no final do jantar, abriria o jogo para os Jung's mais velhos, estava sendo unicamente injusta consigo, abrindo mão de sua felicidade por eles.
Para a platinada, aquela reunião familiar parecia a mais longa que já presenciara, talvez aquilo não estivesse ocorrendo literalmente, a ansiedade e o medo que a ocorria fazia-a ter tal impressão. Não formulou mais do que algumas palavras de cumprimentos, estava sem animação alguma, era impossível ter. Assim que os pais de Kai deixaram a casa de sua família, Krystal convocara os mais velhos para a sala de estar, totalmente incerta sobre o que pretendia fazer a diante.
- Mãe, pai, eu tenho algo a contar para vocês.
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𝐛𝐚𝐝 𝐫𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧𝐬 𝐭𝐨 𝐥𝐨𝐯𝐞 𝐲𝐨𝐮 | 𝐤𝐫𝐲𝐭𝐨𝐫𝐢𝐚.
RomanceE de novo aquelas malditas lembranças a consumiram; era como se ainda pudesse sentir alguém tateando seu corpo com maestria, provocando gemidos e suspiros seus, era tudo tão real para ser apenas um sonho.