O1O; heaven.

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Soojung, tristonha, encarava o próprio reflexo no espelho do banheiro. Aquele cômodo que já era pequeno, parecia ter diminuído ainda mais devido ao enorme vestido que lhe cobria o corpo. Segundo ela, estava ridícula, fantasiada fora de época.

Em menos de uma semana, seus pais agendaram a data do casamento, surpreendendo ela e o rapaz, que, provavelmente, estava tão sem chão quanto ela. Talvez a possibilidade de fugir pela pequena janela do banheiro não fosse tão ruim, seria apenas mais um acontecido dando errado em sua vida, nada de novo.

— Krys, você está atrasada... papai e mamãe estão nos esperando no carro há meia hora. — Com um pesar na voz, Jessica constatou. Era visível a angústia da irmã, queria estar no lugar dela.

— Eu não quero ir, Jessica. — Proferiu o óbvio após retornar para o quarto, suspirando inaudível.

— Quando suspiramos, perdemos três segundos de vida. — Silente, Soojung suspirou novamente.

— Ótimo, menos três segundos, então.

— Ei, não seja assim, não torne as coisas mais complicadas. Eu sinto muito por não ter impedido essa merda, por não estar no seu lugar. Por ter compactuado com isso, de alguma forma.

Não era culpa de Jessica, tampouco sua, era unicamente da intolerância de seus pais, que idealizavam um mundo perfeito que existia apenas em suas mentes egoístas. Respirou fundo, decidida, se aquilo era necessário para provar para os mais velhos que não havia nada de errado consigo, ela enfrentaria de cabeça erguida. Se até aquele momento teve medo de ser quem era, de amar quem amava, não teria mais.

— Se tem que ser assim, então será. Vamos, não quero tornar essa tortura ainda mais lenta para mim e o Jongin, ele, principalmente, não merece isso.

Com as mãos entrelaçadas à da irmã, desceu as escadas, pisando na barra do próprio vestido branco a fim de sujá-lo com os saltos cafonas que usava. A platinada poderia arriscar dizer que eram de sua falecida avó, além de surrados, estavam fora de moda. E não, ela não ligava para isso, no entanto, àquele dia tudo parecia estar voltado contra si, incluindo aqueles saltos que lhe apertavam os ambos mindinhos do pé.

— Filha, como você está linda! — Nem ao menos respondeu ao pai, apenas adentrou no seu cadillac 69, prendendo-se ao cinto de segurança.

O caminho, como imaginado, fora prolongado, para a infelicidade de Krystal. A igreja estava lotada, os fiéis parabenizavam ao pastor pela 'cura' do filho, o que fazia o estômago do pobre Kai revirar-se. Deus, como ele queria Kyungsoo ali consigo, lhe dizendo que tudo ficaria bem.

Minutos após, com a chegada da noiva, os convidados se colocaram de pé e a marcha nupcial preencheu os auto-falantes do ambiente, deixando o Kim mais novo apreensivo.

Ao lado do pai, Soojung adentrou à igreja, sentindo-se em uma realidade que não era sua. Nunca fora. Após seu futuro sogro findar o discurso característico, ele proferiu a conhecida frase.

— Se alguém tem algo contra essa união, peço-lhes, por favor, que digam agora.

E do lado de fora, Victoria ergueu a destra e retirou os óculos escuros do rosto, passeando com a ponta da língua no lábio inferior. Soojung sobressaltou-se em susto com a cena, tendo seus olhos arregalados.

— Achei que não fosse mais calar a boca, grandão. — Soou sarcástica, mantendo-se no lugar que estava, do lado de fora da igreja. Agora, seu olhar estava preso no pai de Jongin, este último que pressionava com firmeza as mãos da noiva, tentando reconfortá-la, isto é, se era possível. — E bem, eu não ia falar nada, não. Mas já que perguntou, eu tenho.

— Quem é essa? — A senhora Jung sussurrou, questionando para a filha mais velha e o marido. Ambos deram de ombros.

— Nem fodendo que a minha Krystal vai se casar com esse cara aí. É bonitinho, admito, mas não mais que eu.

Uma onda de suspiros surpresos fora ecoada por toda a extensão da igreja, alguns convidados tinha a atenção em alternância dentre a platinada e Song, proferindo comentários de diversos tipos.

— Meu Deus do céu, a minha pressão abaixou. — A mãe da mais nova abanou-se exageradamente, amaldiçoando Victoria mentalmente, sem mesmo conhecê-la.

— Você a conhece? — Kai, discretamente, perguntou à amiga que, por todos, era vista como sua noiva. Silente, a jovem assentiu, não podendo conter um sorriso bobo.

— Você pode se retirar, por favor? Está atrapalhando, preciso dar continuidade à união desses jovens. — O senhor Kim, impaciente, disse.

— Não, estou bem aqui. — Victoria apoiou-se à enorme porta do local, cruzando os braços e acenando com a cabeça, continuando na parte externa da igreja. — Olha, garota, acho bom você vir logo. Não tenho muito tempo, não.

Jongin e Soojung trocaram olhares cúmplices, silente, o garoto a dizia para ir, para seguir a sua felicidade que, aparentemente, estava bem ali na porta, esperando-a. E então, a platinada correu em direção à outra, deixando os convidados boquiabertos.

— Jung Soojung, volte aqui! — Seu pai fizera menção de levantar, todavia, Jessica concluira tal ato antes, segurando o mais velho nos ombros.

— Deixa que eu vou atrás dela.

Seguiu a irmã para o lado de fora, sorrindo ao vê-la abraçando o corpo da Song, que, pela primeira vez, retribuiu ao ato da americana.

— Garota, você está ridícula.

— Não precisava me lembrar disso, mas obrigada. — E ao notar Jessica ali, apresentou-a para Victoria, que nem ao menos pegou em sua mão para um cumprimento.

— Espero que cuide da minha irmã, proteja ela como eu nunca pude fazer. E você, Krys, seja feliz, não se preocupe comigo nem com Jongin, ficaremos bem. Eu prometo. — Infelizmente, Soojung sabia que não seria bem assim, eles estavam sacrificando a própria felicidade por ela. A igreja estava em um repleto caos, era possível ouvir os gritos de sua mãe, nitidamente irada. — E acho que vocês devem ir agora. Prometo escrever sempre que puder para ti, Krys! Eu amo você, não se esqueça, e eles também, apesar de tudo.

A caçula dos Jung's abraçou o corpo da irmã com força, não contendo as lágrimas que deixara seus olhos com abundância. Talvez, fosse a última vez que veria-a. Era grata pela vida que viveu ao lado de Sooyeon, sua irmã foi seu porto seguro durante anos, mas agora, Victoria ocuparia esse título.

Não demorara se desvencilhar da primogênita dos Jung's, sendo puxada por Qian até a sua moto. Não sabia para onde iriam, nem se importava com isso, se fosse levada para o inferno, não ligaria, com certeza, Song faria aquele lugar parecer o paraíso.

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𝐛𝐚𝐝 𝐫𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧𝐬 𝐭𝐨 𝐥𝐨𝐯𝐞 𝐲𝐨𝐮 | 𝐤𝐫𝐲𝐭𝐨𝐫𝐢𝐚.Onde histórias criam vida. Descubra agora