Rules - Tradução PT/BR - Bokuaka

Onze

Na opinião de Akaashi, a coisa mais estranha sobre namorar Bokuto era o quão pouco o relacionamento deles realmente mudou. Bokuto enviou-lhe as mesmas mensagens de texto exuberantes ao longo do dia, variando de fatos aleatórios a recontagens dramáticas de suas aventuras - Bokuto de alguma forma conseguiu se envolver em algumas situações hilárias, apesar de nunca ter ido muito longe. O favorito de Akaashi foi o dia em que Bokuto encontrou uma tartaruga na calçada enquanto caminhava até a loja de conveniência. Ele então passou as próximas duas horas tentando descobrir de onde a tartaruga tinha vindo - a garotinha que acidentalmente a deixou sair estava aliviada por tê-la em casa. Bokuto falou sobre isso por dias, e isso fazia Akaashi rir o tempo todo.

Eles também continuaram suas reuniões noturnas. Akaashi chegou tarde e ficou até tarde, ignorando os sorrisos maliciosos de Tsukishima. Ele era sempre o primeiro a descer agora, esperando em seu assento enquanto Bokuto chegava. Era sua rotina normal, Bokuto tocando para Akaashi, Akaashi descobrindo coisas novas sobre o Bokuto que gostava de olhar, Bokuto se virando e esperando o elogio de Akaashi. Ele se sentaria em seu lugar de costume, Akaashi coçaria seus braços e eles ficariam de mãos dadas.

A única nova adição? O beijo.

E oh, Akaashi gostou de beijar.

Com o tempo, Bokuto parecia menos nervoso. Ainda assim, normalmente era Akaashi quem iniciava o beijo. Bokuto respondia facilmente ao toque guia de Akaashi, o empurrão de seu queixo ou a inclinação de sua mandíbula. Mesmo quando o polegar de Akaashi escorregava entre seus lábios, forçando-os a abrir, Bokuto respondia ansiosamente, permitindo que a língua de Akaashi deslizasse facilmente sobre a sua. Ele estremeceu então, mas empurrou mais fundo no beijo. Akaashi rapidamente aprendeu que os tremores de Bokuto significavam que ele estava gostando. Depois, sua mão sempre encontrava uma das de Akaashi. Era como se ele precisasse do homem mais jovem para apoiá-lo, como se ele pudesse se perder no beijo sem ele.

Embora Akaashi nunca tenha se sentido muito útil, considerando a maneira como ele se perdeu em Bokuto. Às vezes, ele considerava o que Tsukishima tinha lhe dito, que outras pessoas poderiam estar observando-os quando estivessem juntos no saguão. Mas ele esquecia tudo isso quando seus lábios tocavam os de Bokuto. Era como se não houvesse ninguém no mundo além dos dois.

Demorou cerca de três semanas para Bokuto finalmente se abrir com Akaashi sobre seu diagnóstico. Akaashi não o pressionou, não deixou transparecer que sabia. Bokuto trouxe o assunto sozinho uma noite depois de se afastar dos lábios de Akaashi. Ele estava sem fôlego e tonto, os olhos desfocados enquanto olhava para o homem mais jovem à sua frente.

"Akaash, posso... Posso te dizer uma coisa?" ele ofegou.

"Claro que você pode," Akaashi respondeu, ainda lutando para recuperar o fôlego.

"Você, hum... Você conheceu meu terapeuta no show, certo?"

"Certo."

Bokuto respirou fundo para se acalmar. "Bem, ele... ele me ajuda... com algumas coisas que eu preciso de ajuda. E ele me disse que se eu confio em você, devo ser honesto com você... É porque... Hum... Porque eu tenho algo chamado... Síndrome de Asperger. "

Seus olhos percorreram o rosto de Akaashi em uma tentativa desesperada de ler sua expressão. Akaashi inclinou os lábios em um sorriso fácil.

"Conte-me mais", ele pediu.

Como sempre acontecia quando ele percebia que não tinha assustado Akaashi, a tensão saiu de Bokuto em um suspiro pesado.

"Quando eu era mais jovem, eu só... nunca soube realmente como ler as outras pessoas. Eu nunca soube o que eles estavam pensando, e acho que nunca soube realmente que deveria me importar, sabe? Mas as pessoas ainda me deixavam nervoso. Quero dizer, eles ainda fazem. Mas costumava ser pior. Então comecei a ir ao Dr. Takurou, e ele me ajudou a aprender que eu deveria me preocupar com o que as outras pessoas pensam. E criamos minhas regras. Eles me ajudam a saber como ler as outras pessoas, como agir em torno delas. Ainda fico muito nervoso quando não consigo lê-los. Mas... Mas é muito melhor do que costumava ser, pelo menos. "