onde tony e steve sobrevivem ao ultimato
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“Ah, Steve, vai pra puta que pariu!”, Tony esbraveja finalmente. Seus olhos grandes e castanhos parecem maiores pela raiva, enquanto ele caminha de um lado para o outro em passos rápidos devido a suas pernas curtas.
Steve suspira, tentando ir de encontro ao mais baixo. “Tony, por favor...”
“Sem essa de “por favor”! Eu cansei das suas demandas, cansei da sua moral inabalável que só se estende até quando a coisa aperta pra você. Pra mim, chega.” Tony finaliza e tenta deixar o cômodo, mas Rogers é mais rápido e segura seu braço. O mais baixo o lança um olhar mortal e tenta sair do aperto de Steve, inutilmente.
Steve insiste, entre um suspiro: “nós nunca vamos chegar a lugar nenhum se não aprendermos a conversar, Tony.”
Tony solta uma risada sarcástica, incapaz de sustentar o olhar pesaroso de Steve por muito tempo. “Conversar, Cap? Você simplesmente sumiu depois de ter feito o que fez e agora quer que tudo volte a ser como era antes. Ora, adivinha? As coisas não são como você quer, Steve. Sua primeira lição como soldado nesse século.” Havia amargura em cada palavra que saía dos lábios finos de Stark, o que obrigou Steve a baixar os olhos.
“Eu sei disso”, há um momento de silêncio. Rogers então solta o braço de Tony, deixando-o livre para sair. “Mas quando quiser conversar, sabe que vou estar aqui.”
Tony ri desdenhoso. “Porque você sempre está aqui, não é?” Houve outro momento de silêncio entre os dois, tantas palavras trocadas naquela quietude quanto não conseguiam trocar em diálogo aberto. Stark desistiu de sair e cruzou os braços, encarando Rogers com um falso ar de superioridade. “Se você quer que as coisas voltem a ser como antes, eu sinto muito.”
“Não sou ingênuo a esse ponto, Tony.”
“Então que merda você quer de mim?!” É o segundo grito desavisado que Tony dá desde que começaram a discutir, fazendo Steve fechar os olhos por breves segundos. O mais baixo continua sua fala nervosa, voltando a andar de um lado para o outro. “Desde que vencemos aquela porcaria de guerra você me sufoca com suas perguntas, como se eu te devesse alguma coisa. Não aguento mais isso.”
Steve procura seu olhar, enrugando a testa incomodado. “Não estou te sufocando, Tony. Acontece que você sempre foge quando tento falar algo com você.”
“Porque você só quer falar da droga do passado.” Tony respondeu pontualmente, caminhando na direção do loiro. Ele parou um pouco próximo, encarando os olhos azuis que tanto o tiravam do sério. “E eu quero esquecer o passado.”
Steve sorriu triste, balançando a cabeça levemente. “O passado é tudo que eu tenho.”
Tony revirou os olhos. “Eu não quero ouvir suas lamentações agora, vovô.”
Steve suspirou pela milésima vez, tentando não cair nas provocações de Tony. “Quando você estiver mais calmo nós conversamos.”
“O que no caso não vai acontecer nunca.” Os dois trocaram um olhar demorado que fez o interior do gênio se contorcer por dentro, aqueles malditos olhos azuis o levando à loucura. Tony respirou fundo e cortou o contato visual, cruzando os braços e encarando o chão. “Eu estou cansado de brigar.”
“Eu também.”
Há um cansaço latente no tom de ambos, evidenciando a honestidade em suas palavras. Mais um olhar demorado e Steve pensa que poderia se perder para sempre no castanho das írises de Stark, aceitando de bom grado caso ninguém o encontrasse na imensidão âmbar das orbes do mais novo. Ele dá um passo à frente e se sente aliviado quando Tony não recua. Em seu peito o coração falta dar piruetas, como se antecipasse os eventos que aquele gesto poderia desencadear.
“Então vamos parar de brigar.” Tony adiciona, engolindo em seco. De repente Stark sentiu suas pernas bambas, tendo que firmar os pés no chão para não desabar diante do olhar ininterrupto que Rogers tinha sobre sua boca, descendo até seu pescoço eventualmente.
Steve assiste hipnotizado ao movimento descendente que o pomo-de-Adão do mais novo faz em sua garganta, também engolindo em seco por puro reflexo. Ele dá mais um passo na direção de Stark e os dois estão a milímetros de distância, separados pelo ar quente que emana de suas respirações desregradas. Há tempo e silêncio suficientes para durar uma vida toda antes que Steve dê um último passo para selar seus lábios com os de Tony, arrancando um som surpreso do mais baixo. As mãos do mais alto automaticamente foram parar na cintura de Stark, apertando-a como uma maneira inconsciente de conseguir algum apoio.
O contato inicial é um pouco estrangeiro, causando sensações esquisitas no estômago de Tony. Ao sentir a língua esperta de Steve pedir-lhe passe-livre, porém, o sentimento de estranheza dá lugar a uma onda de excitação que é como um tsunami em sua corrente sanguínea. Ele abre a boca durante o beijo numa busca silente por ar, apenas para ser abocanhado novamente pelos movimentos sedentos do capitão. Stark arfa quando as mãos de Steve o trazem para mais perto, praticamente colando seus corpos em lugares que talvez não lhe fossem tão oportunos estando em um local público.
O beijo demora tanto quanto deveria e, ainda assim, Tony sente que não fora longo o bastante quando se separam. Os dois estão ofegantes e seus olhos não se encontram mais, tomados pela vergonha e pela surpresa por conta do que acabou de acontecer. A mente de ambos é um borrão, embora seus corações se sintam satisfeitos como nunca antes. Então toda aquela raiva era na verdade atração, Tony concluiu em silêncio, e ele riria se não estivesse tão desnorteado pelas emoções agudas em seu peito.
Steve foi o primeiro a se pronunciar, suas bochechas e lábios tão rosados quanto o céu de fim de tarde atrás dele. “Tony.”
“Você repete tanto meu nome que às vezes penso que ele deve ser doce.” Tony murmurou na sua usual implicância, desviando do assunto que agora claramente precisava ser debatido entre os dois. Ele reconhecia aquele fato, apesar de não planejar admiti-lo a Rogers tão cedo.
Steve aproxima-se mais uma vez, abrindo um sorriso mínimo. “Não é mais doce que sua boca.”
Tony cora, o que o faz praguejar-se mentalmente. “Por Deus, esse é o melhor que você pode fazer?” Ele tenta se afastar do mais alto, mas falha miseravelmente quando percebe que as mãos ágeis de Steve ainda estão rodeando sua cintura. Tony para onde está, meneando a cabeça. “Quem te viu, quem te vê, Steve Rogers.”
Steve limitou-se a soltar uma risada baixa, deixando um selinho desavisado nos lábios de Tony. O mais baixo não encontrou forças em si para reclamar, porém, retribuindo o gesto prontamente; como um cachorro abanando o rabo para o dono ao ganhar um biscoito. O selinho fora tão ligeiro quanto inesperado e Tony reprimiu um som insatisfeito.
Steve lançou-o um olhar solene e pigarreou, tentando soar sério. “Tony, nós precisamos conversar.” A seriedade na voz de Rogers era incoerente com sua expressão risonha, o que fez Tony arquear as sobrancelhas em deboche.
Ele então cerra os olhos, ainda que suas feições sejam vazias de qualquer desconfiança. Há apenas ironia em suas palavras, como um desafio silencioso contra a moral inabalável do Capitão América.
“Isso é um ultimato?”
n/a
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