N/A: aviso de adultério, assédio, violência etc. Enfim tudo que há de bom
Boa leitura!
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— Tony! Por onde você anda, garoto? Estou cheia de novidades. — a voz era altíssima, tanto que consegui ouvi-la lá de baixo estando no segundo andar.
Desci as escadas encontrando Steve perto do interfone, pronto para despachar quem quer que fosse a dona da voz. Fiz um gesto pra que deixasse a pessoa entrar e ele me olhou preocupado. Deixei um beijinho em seu peito e lhe ofereci um sorriso tranquilizante.
— Tudo bem, vai lá ver seus biscoitos.
Ele não disse nada, apenas me deu um selinho e voltou à cozinha. Steve havia inventado de fazer uma receita que viu numa propaganda qualquer na Internet, pois segundo ele, na foto parecia gostoso. Tentei convencê-lo a pedir alguma coisa já pronta, mas o loiro estava irredutível. Preferi não contrariá-lo e cá estávamos; ele cozinhando desde depois do almoço e eu deitado assistindo a um filme aleatório pra me distrair. Era domingo e o último dia de Carnaval. A semana foi normal para todos os efeitos, pelo menos o que eu julgava ser normal para o meu eu do futuro. Não tive mais lembranças além daquela e optamos por não forçar nada, resolvendo esperar pela ida ao médico na semana seguinte.
Dispensamos Jarvis pelo resto do feriado e vínhamos nos dando bem desde então. Era natural conviver com Steve. Mesmo sem quase nenhuma memória, havia uma familiaridade entre nós que era difícil de explicar em palavras. Mais do que lembranças ou experiências juntos, era uma consonância afetiva que emanava de ambos uma vez a sós e me sentia muito grato por isso. Não sei o que faria se tivesse acordado para um completo estranho, sem sintonia nem sentimento algum, me dizendo que era meu marido. Nem com minha família e amigos sentia metade da conexão que tinha com Steve. Esperava que fosse apenas questão de tempo, mas era o suficiente por agora ter o suporte dele.
— Tonyyyyyyyy! — uma mulher morena, alta, magra e com um sorriso digno de propaganda de pasta de dentes me tirou dos meus devaneios ao aparecer na porta. Ela veio correndo me abraçar e não pude não retribuir, quase protestando contra a força com a qual me segurava. Soltamo-nos e ela me encarava animada, contudo um olhar pareceu ter sido o bastante para despertar-lhe suspeita. Comicamente, ela cerrou os olhos: — O que aconteceu? Foi o Steve de novo? — e a última pergunta saiu em um tom de voz mais alto, provavelmente com o intuito de fazer com que Steve ouvisse. Meneei a cabeça de leve.
— Não! — veio então a resposta da cozinha, me fazendo sorrir.
A moça ainda me olhava desconfiada quando me puxou pro sofá. Acompanhei-a ainda meio atônito pelo seu jeito decidido e imponente. Ela falava em inglês conosco sem nenhum sotaque carioca, o que me dizia que deveria ser tão nova por aquelas bandas quanto Steve e eu. Não conseguia definir de onde era sua figura, no entanto, o que só me intrigava mais. Talvez uma colega de trabalho? Definitivamente era uma conhecida de longa data, tendo toda essa intimidade comigo. E até com Steven. Tentei manter uma expressão neutra ao sentar do seu lado.
— A última vez que a gente se falou foi bem rápido e mal deu pra conversar direito, na festa. Como você está? — inquiriu em uma preocupação genuína, o que aqueceu meu coração de certa forma. Ela não parecia ser falsa.
— Eu estou bem. Um pouco impactado por completar mais um ano, mas bem. — tentei ser o mais honesto possível.
Estava ansioso pelo momento em que ela me diria seu nome e quem era, porém Steve surgiu com uma bandeja nas mãos interrompendo nossa conversa. Ele trazia uma travessa de vidro cheia de biscoitos e três copos de suco. Pousou-os sobre a mesinha de centro e oscilou o olhar entre a ruiva e eu. E parecendo ler meus pensamentos, ele tornou: