Subo o morro e não sei o que está acontecendo, mais parece que eu nunca chego em casa, o caminho está mais longe que o normal.
Subconsciente: Acho que foi a cachaça que você tomou e a maconha ajudou.
- Tem razão. - digo rindo de mim mesmo.
Olho pro lado e o sol está nascendo, é a festa foi boa, pena que o Uber não sobe o morro, fecho o olho sentindo o sol me cegar.
- Tá falando com quem noia? - Lucas aparece rindo com seus dentes perfeitos que fazem todas quererem ele.
- Vai se fude Lucas. - digo passando por ele que ri.
- Tá de TPM princesa?
- Eu só não te deito na porrada porque não sei onde eu estou.
- Quer ajuda pra ir pra torre? - me viro mostrando o dedo do meio e ele ri. - Brota lá em casa, sua afilhada está com saudade.
- Eu fui ontem.
- E o que eu tenho a ver com isso? Ela que mandou dizer.
- Pode deixar, vaporzinho. - digo rindo e subo.
A maioria dos meus colegas e amigos são do morro e a maioria trabalha pro PH, dono do morro, já vi muitos irem subirem deixando famílias chorando, mais o que eles podem fazer se esse é o único meio de conseguir dinheiro pra sustentar a mãe, os irmãos e a si próprio, eles até poderiam escolher outro caminho...mais o Brasil não colabora e cada dia e invasão ao morro mais pessoas vão, sendo inocentes no meio delas, (das duas partes).
Abro a porta do meu barraco que é meu desde quando minha mãe faleceu, o homem que eu deveria chamar de pai? Morreu quando eu ainda era pequeno, estava devendo droga pro PH e bom isso foi até melhor, ela desde sempre me dizia, " pode ser amigo de todos mais nunca deixe que seus amigos influencie você".
Acho que tinha medo deu virar o marido dela.
Enfim foi isso que eu fiz, tenho meu trabalho não ganho muito mais já é o bastante e bom graças aos céus eu estou de férias no momento, então...eu vou deitar e dormir muito depois da noite de ontem.
Tiro a roupa e me jogo na cama, sentindo meu corpo relaxar.
- Amém por chegar em casa.
🎧🎧🎧
11:00 AM
Abro os olhos devagar, me sento na cama e vou pro banheiro tomar um banho, meu corpo está todo suado com o calor que está fazendo também, me olho no espelho, meus olhos estão vermelhos por culpa do beck, tenho certeza que minha mãe ia falar muito sobre isso, mais eu não sou o marido dela e não considero maconha uma droga, droga.
Tomo meu banho, coloco uma roupa e saio de casa, vou na casa da Lí, namorada do Lucas, ver minha afilhada e comer de graça, estou com uma larica do cão, no caminho compro sorvete pra ela.
- Olha quem apareceu. - Líria aparece na porta sorrindo pra mim. - Com esse olho imagino sua fome, vou cobrar pela comida.
- Também te amo. - digo beijando a testa dela. - Trouxe sorvete.
- Falso. - diz rindo. - A Sara vai ficar feliz.
- Larga minha mulher. - Lucas me empurra. - Obrigada.
- Iiiih, sou sua não... mulher não. - diz ela pegando o sorvete da minha mão e indo pra cozinha.
- Fudido. - digo rindo.
- Vai toma... - Lucas para quando vê a filha.
- Padrinho!! - a pequena Sara corre e a pego. - Estava com saudades.
- Eu também pequena, agora vamos comer que estou morto de fome.
- Eu também estou aqui. - protesta Lucas.
- Eu te vejo todo dia papai, não fica com ciúmes eu também te amo. - diz ela e sorrindo de tão fofa que ela é.
- Vem comer logo babacas e minha princesa. - Líria grita.
- Carinhosa como uma mula. - diz Lucas e ri.
🎧🎧🎧
04:00 PM
Chego em casa abro a geladeira e de novo pego as únicas coisas que tem, pão, mortadela e um copo de suco, sento na frente da TV e como tudo, como se tivesse muito pra comer.
Nota mental, fazer compras.
Tomo um banho rápido pra sair, abro o guarda roupa e não acho nenhuma roupa linda, olho pro cesto de roupa suja e procuro a menos suja pra poder sair, me arrumo em um minuto e desço o morro.
- Vai pra onde todo gostoso sem mim? - Carol sai do inferno e brota na minha frente com um sorriso no rosto.
Paciência pai, paciência.
- Eu vou pegar mulher de verdade. - digo passando por ela que fica parada igual uma anta sem entender nada.
- Mais burra tá pra nascer. - diz TH do meu lado rindo e pego o beck da não dele e dou um tapinha.
- Geração fumaça. - digo entregando pra ele que ri.
- Geração fumaça.
- Burra que tu e o morro todo come. - digo e ele gargalha. - Sua mãe odeia ela.
- Tô namorando sério agora. - diz mostrando a aliança e endireitando o fuzil nas costas.
- Quem é a retardada?
- Respeita rapa. - diz ele. - É a Fátima.
- Boa escolha. - digo. - Respeita a menina, ela não é puta não.
- Eu sei. - diz todo apaixonado.
- É meno foi amarrado. - digo rindo dele. - Agora só falta largar esse fuzil e ir pra escola.
- Eu vou pra escola, isso aqui é só pra ganhar um dinheiro pra minha faculdade.
- Não acha melhor trabalhar?
- Ninguém quer contratar um garoto de 17, que está estudando ainda e não tem um curso.
- É só procurar direito.
- Eu tô bem assim Matheus, nada vai acontecer, eu vou me formar em advocacia, vou casar com a Fátima, sair do morro e ter cinco filhos em uma casa bem grande.
- Caralho o meno tá apaixonado mesmo. - digo rindo dele. - Boa sorte aí, se ficar rico não esquece dos parceiros.
- Pode deixar. - ri. - E você?
- Tô longe de mulher. - digo. - Libertinagem na veia.
- Vai nessa, daqui a pouco vou ver corações saindo da sua cabeça.
- Igual aos seus?
- Igualzinho. - diz rindo. - Tenho que trabalha, boa festa.
- Se precisar nós tá ai. - deixo ele pra trás.
Um ótimo garoto mais falta oportunidade, pelo menos tem sonhos e está correndo atrás, espero que consiga.
Pego um buzão e desço perto onde tem freestyle toda noite, me aproximo do grupo que já conheço metade e depois de rir muito vou pra uma festa iniciando tudo com um dose de cachaça.
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O Vagabundo E A Dama
Romance" - Eu só quero pedir pra que as vagabunda não se ofendam, mais esse som eu fiz pra uma dama, baseada em fatos reais começa mais ou menos assim... Ele chegou da pista, viu a cama e foi cochilar Ela acordou, abriu a janela, e viu o sol nascendo no ma...