05 - Matheus

62 8 1
                                    

08:00 AM

Ela sai correndo e nem deu tempo de falar nada, ri da trapalhada dela, paro em uma padaria tomo café e vou pego um Uber, ele para um pouco mais afastado do morro que das outras vezes.

- Vou parar aqui senhor, hoje sedo o BOPE subiu o morro e teve várias mortes e não sei o que aconteceu aí dentro. - diz ele.

- Claro tudo bem. - digo pagando e saindo do carro.

Subo o morro e pelo caminho pude ver alguns corpos tapados e entre eles crianças se penas dez anos de idade, isso me deixa triste, tão novos e os sonhos destruídos por uma bala, subo mais um pouco e não pude acreditar, a Dn. Maria chorando com seu filho no colo, o TH, mais um meno sonhar morreu no morro com uma bala na cabeça e deixou a mãe chorando sozinha.

Me aproximo dela que me olha com os olhos inchados e a abraço, beijo sua testa e me levanto, de longe vejo a Fátima que para em choque e caí nós braços da amiga chorando, coitada, ele não tem culpa mais também acabou de destruir os sonhos dela.

Subo mais um pouco e mais corpos de crianças sonhadoras que só queriam dar uma casa pra mãe e sair do morro pra viver de verdade, no caminho encontro o Lucas com o preço enfaixado.

- Isso não deveria acontecer. - diz ele. - Por que eles só não deixam a gente viver nossa vida?

- Não sei amigo, eu juro que não sei. - digo. - Como está a Líria e a Sara?

- Estão bem. - diz. - Hoje muitos se foram.

- Sei que isso tudo já é de tempos, mais eles são apenas crianças, o PH não deveria deixar eles fazerem isso.

- Não mesmo, vou conversar com ele depois sobre isso, essas crianças são o futuro, mesmo que o futuro seja meio louco com elas. - diz sorrindo.

- E esse braço?

- Foi de raspão. - olha pra faixa no braço. - E você com aquela patricinha? Não dormiu em casa ontem e mais acho que com essas costas a noite foi boa.

- Foi mesmo meno. - digo. - Mais não interessa a você, vou dormir, tô bem não, o TH foi e ontem mesmo eu estava conversando com ele.

- Menino bom, vai sim.

- Temos que aproveitas cada segundo da vida Lucas, hoje foi de raspão mais amanhã pode ser na cabeça, sai disso amigo.

- Não da a muito tempo, mais se algo acontecer comigo, cuida delas pra mim.

- Nós vamos cuidar. - bato no ombro dele e entro em casa.

Tomo um banho e acendo uma vela pra nossa senhora, nunca fui muito religioso mais minha mãe sempre fazia isso quando alguém morria, deito na cama e deixo o cansaço me levar.

🎧🎧🎧

04:00 PM

- Me atrasei muito? - olho pra minha frente e vejo a Larisa sorrindo.

- Que? Não.

- Você tá bem? - segura minha mão.

- Tô.

- Não tá não, da pra ver no seu olhar, me fala.

- Tá tudo bem. - a beijo e parece que ela não esperava, e acho que nem eu. - Vamos?

- Vamos. - diz sorrindo.

O sorri mais perfeito que eu já vi, com esse sorriso meus dias começam bem, por maior que o problema seja, ela segura minha mão e fomos pra uma balada, dançamos até cansar.

- Tô com fome. - diz ela. - Hambúrguer?

- Não faz dieta?

- Sim, mais vou abrir uma exceção.

Saímos da festa e fomos em uma hamburgueria, ri das histórias e das palhaçada dela.

- A Rafa é uma libertina completa. - diz ela. - Nunca conseguiu ficar mais de uma semana com a mesma pessoa, mais acho que ela um dia vai encontrar alguém.

Me indentifico com a amiga dela.

- E você? - a encaro.

- Eu o que?

- Não é uma libertina como sua amiga?

- Não sei, eu saio com alguns caras, nada de mais, mais um dia quero encontrar o amor da minha vida. - sorri. - E você?

- Eu acho que não fico longe da sua amiga, nunca fiquei dois dias com a mesma pessoa.

- Devo me sentir privilegiada? - pergunta rindo.

- Isso foi meio errado de se falar pra uma dama.

- Já estou acontumada com os vagabundos. - sorri.

Pagamos a conta e fomos andando um do lado do outro até o terminal, a noite ia acabar, é difícil se despedir, mais ela deu o celular dela.

- Até depois. - diz sorrindo. - Queria ficar mais com você mais não posso.

- Até minha dama. - a beijo, por falta de ar nos separamos e dou mais dois selinhos nela. - Sem problemas.

- Seu ônibus chagou.

- Obrigada. - subo no ônibus e ela fica parada me olhando até o ônibus sair.

Ela olhou pra um garoto da favela e viu o que? Entre tantos Playboys que ela deve conhecer?

Eu poderia ficar na cidade e ir pra qualquer festa, mais não quero tirar o perfume dela da minha roupa, entro em casa, me jogo na cama e durmo pensando nela.

O Vagabundo E A DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora