Tempo

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Cada um sente o peso que carrega e tem suas marcas gravadas no coração como uma tatuagem permanente. A vida é um livro de infinitas possibilidades. De encontros e desencontros!

Ela gostava de passar o tempo com ele. Era um dos raros momentos em que sentia uma felicidade sem peso invadir o seu peito, afinal, ele era como ela, e com ele, ela não precisava de máscaras, ela poderia ser livre de tudo.

Eles gostavam de ver filmes, jogar vídeo game, ouvir música e conversar... E como conversavam! A empatia os movia assim como a terra orbita a lua.

Em um desses fim de semana juntos, ela custou a dormir. Virou para o lado e ficou pensando: como é possível ela se importar tanto com uma pessoa?

À medida que pensava, ela olhava para ele dormindo. Sua respiração era acelerada, ela tinha quase certeza que ele estava sonhando, mas, como ele raramente se lembra de algo, ela apenas riu baixinho dessa possibilidade de um dia saber o que se passa na mente dele quando ele se desconecta.

Ela sabia que ele precisava descansar, e ela gostava de vê-lo assim, dormindo. Assim, ela trocava algumas horas do seu sono para poder velar o dele. E apesar da enorme vontade de abraçá-lo, ela ficava longe dele. Ela sabia que ele não gostava do seu corpo quente perto do dele. E a última coisa que ela queria era acordá-lo.

E assim, sozinha em um cantinho da cama sob a penumbra que entrava pela porta, ela pensava o quanto gostava do cheiro dele, da voz, do cabelo, da meiguice e até da falta dela passando nos limites da safadeza que ele tinha.

Ela pensou nas várias horas que passaram juntos. Ela pensou no tempo.

Sim, o tempo é como a vida!

Quando você o dedica a uma pessoa é uma parte sua que você está doando e nunca mais terá de volta. Por isso, o maior presente que você pode dar a alguém de bom grado é o seu tempo.

O tempo é precioso!

E ela não se importava de dar o dela para ele... 2, 6, 12 ou até 24 horas!

Com ele, nunca era tempo perdido, era motivo de alegria.

Ele era a melodia que rimava com as composições mais loucas que ela tinha na cabeça.

Ele era o tempo correto da música em uma contagem que ela já compreendia. Não precisava de partitura.

Ela se importava com ele a ponto de perder uns minutos do seu corrido tempo para sempre perguntar como ele estava. Isso todos os dias, mesmo ela estando cheia de trabalho.

Ela sentia falta da presença dele e da eletricidade que ele emanava que combinava perfeitamente com a dela. Ela trocaria um pouco mais do seu tempo para ter seu abraço e ver seu sorriso todo dia.

Ela queria que ele soubesse que ele valia a pena! Que nada é perda de tempo!

E que, mesmo daqui a 40 anos, quando ela estiver bem velhinha em uma cama quentinha, ela ainda saberá o nome dele e vai se lembrar de todas as vezes que ele a fez sorrir.

O tempo nunca iria apagar essas memórias. Ela as gravou em palavras para garantir isso.

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