Lança o barco contra o mar
Venha o vento que houver
E se puder, voaO velho e o mar - Rubel
Eu tinha dúvida se algum dia iria conseguir esquecer a sensação de beijar Valentim.Foi diferente de tudo o que eu já tinha experimentado. Senti como se meu corpo tivesse se desintegrado em milhares de pedaços minúsculos que explodiram rumo a todos os lugares, flutuando além das nuvens até os fragmentos de mim atingirem o vácuo do espaço, repleto de estrelas que teimam em arder, como as que se acenderam no meu interior quando seus lábios se colidiram com os meus.
Assim que nossos rostos se separaram, ele abriu os olhos e o seu oceano castanho me engolfou, enquanto um sorriso se esticava em sua bochecha debaixo do meu polegar.
Minha outra mão escorregava preguiçosamente ao longo da lateral do seu cinto, o couro sob minha palma e os dedos infiltrados por baixo da sua camisa, sorvendo a textura fervilhante da pele.
- Nada mal. - soprou, descontração enfeitando as palavras.
- Vou encarar isso como um elogio. - brinquei, tentando ignorar o fervilhar eufórico dos meus átomos por tê-lo tão perto de mim.
Ele deu risada, suas orbes despejando uma luz de farol sobre o meu rosto capaz de iluminar o mundo inteiro.
Naquele momento, era como se fossem feitas de algum tipo de vidro especial, porque senti que conseguia vislumbrar a alma de Valentim através delas, com todas as centelhas que denunciavam o quanto o sentimento que haveria de estar correndo pelo seu sistema era parecido com o meu.
- Sabe que estou brincando. - entoou, baixo. - Foi muito bom.
Mordi um sorriso. Então, ele me envolveu em um aperto firme dentro dos seus braços, a maçã do rosto se encaixando no meu ombro. Sua respiração irradiou calor na lateral do meu pescoço, fazendo minha pele queimar em uma agitação de células.
Levei as palmas até as suas costas, imprimindo minhas digitais na sua camisa enquanto sorvia o cheiro entorpecente que emanava dele, inflamando todo o ar ao redor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu Definitivamente Não Deveria Estar Aqui com Você | ⚣
Teen FictionValentim Garcia jura por tudo o que é mais sagrado que o seu ódio por Aart Duarte é genuíno. Ele detesta tudo o que envolve o garoto, dos cabelos tingidos de verde-vômito à ponta dos tênis desbotados que sempre usa. Ou, ao menos, pensa que sim. Po...