Te vejo errando, isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrarNa sua estante - Pitty
Na manhã do dia seguinte, eu estava mais distraído do que jamais estive.
Ainda permanecia imerso no meu mar interno de divagações, que, conforme os minutos se transcorriam, seu nível de água enchia cada vez mais e ameaçava me fazer explodir no meio de tudo.
- Tem certeza de que está bem? - Léa indagou, pela milésima vez desde que tínhamos despertado, enquanto nossos passos se mesclavam aos dos outros alunos que andavam pelo corredor.
Inclinei a cabeça para o lado, alcançando seus olhos. Nas íris escuras nadava uma seriedade quase assassina, que me fez crer que ela seria capaz de me estrangular com a alça da mochila se eu respondesse mais uma vez que estava ótimo.
Felizmente, o sinal tocou, livrando-me da obrigação de contar o que estava se passando pela minha cabeça, ao menos naquele momento.
- Se você não me disser o que piorou essa sua cara de peixe morto até o final do dia, eu arranco seu pau e sirvo com farofa na janta. - Deixou o aviso no ar, pouco antes de girar nos calcanhares e disparar para a sua sala.
Eu, honestamente, não duvidava que ela fosse capaz de fazer isso. Léa já tinha cravado um lápis no braço de um garoto aos treze anos, e, quando lhe disseram que a ponta tinha se perdido lá dentro, a única coisa que ela fez foi rir. E essa era apenas uma das histórias ligeiramente esquisitas que havia acumulado com o passar dos anos.
Segui meu próprio caminho, e a primeira coisa que minhas retinas capturaram, logo que entrei na sala de aula, foi o emaranhado de cachos verdes do Aart.
Seus olhos caíram nos meus de forma quase instantânea, o castanho das íris derramando efervescência nas minhas células por segundos infinitos.
Um manto expectativa quase palpável pareceu cobrir nós dois em um só enlace, reduzindo todo o resto do mundo à poeira, até que eu me permiti curvar os lábios em um sorriso pequeno que se replicou no seu rosto, enquanto a alça da mochila arranhava meus dedos por causa da força que eu imprimia sobre ela.
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Eu Definitivamente Não Deveria Estar Aqui com Você | ⚣
Teen FictionValentim Garcia jura por tudo o que é mais sagrado que o seu ódio por Aart Duarte é genuíno. Ele detesta tudo o que envolve o garoto, dos cabelos tingidos de verde-vômito à ponta dos tênis desbotados que sempre usa. Ou, ao menos, pensa que sim. Po...