Beomgyu correu pela calçada. Preferiu ir a pé até sua casa afinal não era tão longe da academia e ele tinha "esquecido" — desligado o despertador assim que tocou — de fazer sua corrida matinal. Então não via nenhum motivo pelo qual ele deveria ir de carro.
Ele chegou na porta, dando três batidas sucintas e enxugando o suor de suas mãos na bermuda gasta que usava. Sua mãe foi quem abriu a porta, ameaçando lhe abraçar mas Beomgyu negou. Estava muito suado. 'Tá aí um motivo pelo qual ele deveria ter ido de carro.
— Tome uma ducha lá em cima e volte. O almoço está quase pronto. — a mulher disse — Ah, e não deixe as meninas te verem ou elas vão te abraçar e eu não estou afim de ter três filhos que fedem a porco.
Beomgyu riu, correndo para o andar de cima e tomando banho em tempo recorde. Desceu logo em seguida, indo para o quintal. Suas duas irmãs mais novas — Ga-el e Gyeo-wool (significando outono e inverno, as estações preferidas de seus pais) — praticamente pularam em si, lhe molhando com seus biquínis encharcados mas Beomgyu não reclamou.
Seu pai lhe deu um beijo no topo de sua cabeça e voltou a grelhar uma carne de porco. Sua mãe chegou logo depois com arroz e outros acompanhamentos.
Beomgyu ama treinar, ele realmente ama, mas o domingo é definitivamente o melhor dia da semana pelo simples fato de que ele o passa com a sua família. Era piegas, ele sabia, mas não deixava de ser verdade.
— Gyu, como foi sua semana na academia? — Gyeo lhe perguntou, enfiando um pedaço gigante de carne na boca.
— Ótima. Um pouco cansativa, mas ótima. — o loiro respondeu.
— Quer dizer que o universitário resolveu aparecer. — era Yeoreum, sua irmã mais velha.
Beomgyu sorriu e correu para lhe abraçar. Yeoreum tinha ido para a Itália, Milão especificamente, há um ano atrás para estudar teatro. Aparentemente há mais oportunidades lá.
Felizmente, ela estava de recesso por alguns meses. Infelizmente, Beomgyu não estava. Na verdade, ele estava treinando aos sábados também já que as regionais estavam tão perto. Era assustador pensar que em algumas semanas eles iriam estar na tela de todas as televisões coreanas, mas ao mesmo tempo parecia muito legal e Beomgyu não podia esperar.
— Me conte. Como tem sido na academia? — sua irmã perguntou sem hesitação.
— Ah, legal. Digo, eu tenho treinando muito ultimamente, o que tem sido muito cansativo, mas eu venho melhorando bastante então acho que compensa. — ele deu de ombros — E Milão? Os meninos lá devem ser mais bonitos.
— Uhm, oui! Mas não consegui fisgar nenhum ainda.
— Fisgar? Quem falar "fisgar", Yeo? — eles riram juntos enquanto se jogavam no sofá com suas mãos segurando as próprias barrigas.
A companhia toca.
— Eu atendo. — Yeoreum diz, enxugando algumas lágrimas no canto do olho.
Ela abriu a porta e sorriu mínimo.
— Hey, Yeo. — aquela voz familiar disse — Não sabia que você tinha voltado.
Lucas Wilde (sim, a porra do sobrenome dele significa "selvagem"). Literalmente o cara mais lindo que Beomgyu já havia conhecido em toda a sua vida. Norte-americano — canadense, especificamente — mas só fez nascer lá já que com meses se mudou para a Coréia. Seu vizinho desde que os dois se entendem como gente e seu melhor amigo desde os 3 até os 15 anos, quando ele começou a namorar Yeoreum. Les temps sombres, certainement.
— Beom, eu também não sabia que você estava aqui. — Lucas sorriu. Aquela porra de sorriso. Será que seria estranho se Beomgyu aleatoriamente socasse a cara dele? — Parece que a família está toda reunida então.
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Ride or Die
Narrativa generaleTodas as pessoas têm problemas, Yeonjun sabia disso. Mas pensar que o garoto de cabelos castanhos e sorriso perfeito tinha qualquer dificuldade em sua vida era quase impossível. Quase.