A aliança no meu dedo pinica.
— Ana... — Lauren começa vacilante, mas sua voz morre no caminho.
Sinto como se tivesse levado um tapa na cara, ou melhor, vários tapas. É quase como se eu fosse uma massa que precisa ser sovada, estapeada e amassada diante do olhar inquisidor de um padeiro, que aguarda ansioso na expectativa de que eu cresça.
A única questão é que, na verdade, agora quero desaparecer.
Travis se separa da loura com um sorriso malicioso, olhando-a através dos olhos estreitos como se ela fosse montar nele ali mesmo. A garota solta uma risadinha falsa apenas para não parecer totalmente promíscua ao jogar os cabelos sobre os ombros, revelando o decote de seios empinados que acabaram de sair da mesa de um cirurgião.
E então, antes de beijá-lo novamente, parece notar que está sendo assistida e percorre a casa noturna com o olhar até pará-lo sobre nós, onde sua sobrancelha bem delineada se arqueia. A atenção de Travis também se desvia e ele segue a direção que sua parceira encara, e vejo a cor sumir de seu rosto quando nossos olhares se encontram.
— Ana... — ele diz, se colocando de pé num pulo. Claro que não consigo ouvir devido ao som ensurdecedor da boate, mas não é difícil ler o contorno de seus lábios se movendo ao pronunciar as três únicas letras em conjunto.
Quando meu noivo — ou seja lá o que ele for agora — faz menção de se mover na minha direção, meus pés parecem voltar a vida e meu primeiro impulso é virar, me enfiando no meio da aglomeração novamente. A mão de Lauren está bem segura por entre meus dedos e ouço o toque dos seus saltos me seguindo enquanto abro caminho às cotoveladas por entre os corpos dançantes, e escuto Travis me chamando aos berros conforme tenta nos seguir e é atrapalhado pela multidão.
A decepção fervilha dentro das minhas veias, correndo numa velocidade tão absurda que entra em combustão e se torna raiva; cólera pura e cristalina que inebria cada neurônio no meu cérebro.
Ao alcançar a mesa novamente, sou recebida por uma rodinha de olhares curiosos. Maddie une as sobrancelhas, mas é Sam quem se adianta e toca meu braço.
— Está tudo bem? — questiona preocupado, o cenho franzido assim como o de todos ao nosso redor. — Você está pálida.
Abro a boca para responder, mas nada sai. Parece que a minha voz está perdida com o choque. As imagens de Travis beijando a garota rodeiam minha mente e me atordoam como se eu estivesse no meio de um mar de flashes fantasmagóricos, e a fúria ferve de maneira tão quente que meu primeiro impulso é largar a mão de Lauren e me virar para agarrar o primeiro que surge.
Meu corpo gira e só tenho o tempo de vislumbrar um maxilar quadrado antes de me erguer ligeiramente para alcançá-lo com os lábios. Há um suspiro coletivo de susto quando embrenho minhas mãos por entre cabelos macios, trazendo a cabeça de encontro a minha antes de sentir o choque de sua boca cálida, o gosto forte de cerveja se metendo por entre meus lábios.
Não quero falar e definitivamente não quero ser forte agora. Só quero pagar na mesma moeda, e depois preciso que alguém me abrace e diga que tudo vai ficar bem.
Há um curto momento em que a pessoa retribui meu beijo com avidez, a boca experiente se movendo com calma como se tentasse saborear a minha, mas algo parece se acender e seus lábios subitamente param de se mover. Posso sentir o calor de seu corpo há centímetros do meu, mas não há nenhum toque de suas mãos e sua respiração parece se prender, o que me faz abrir os olhos.
— Mas que porra é essa?! — a voz de Travis esbraveja sobre a música.
Meu coração acelera tanto que poderia facilmente abrir um buraco para fora da caixa torácica.
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Ex | Tom Holland
FanficA definição do Google para a sigla "ex" consiste basicamente em "indicar que uma pessoa deixou de ser algo", "alguém que desocupou uma posição". Para Ana, "ex" significava "problema", ou talvez "a maior confusão de sua vida". Ao deixar sua pacata...