12. ALGO INESPERADO

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Na segunda-feira todos voltaram a sua rotina normal na faculdade, exceto Cristiano que permanecia de atestado por mais uma semana. O desvario de sábado fez com que ele tivesse que voltar ao hospital para trocar o gesso que estava molhado por dentro, e a dor em sua mão era insuportável.

Jhenny seguiu para a faculdade com Rafael, e ao vê-la passando pelos corredores JP brincou.

- Olha ela aí, a primeira dama do haras estância gaúcha!

Ele sorria, mas era possível sentir a ironia no tom de suas palavras.

- Sem essa João! - Jhenny disse forçando um sorriso.

- Fiquei sabendo que vocês se entenderam, que bom!

Talvez ele não fizesse ideia do quanto era nítido o seu cinismo.

- Sim. Vocês tem se falado? - Jhenny perguntou desconfiada.

- Não conversamos muito depois da facada. Como ela está?

- Bem, está se recuperando. Mas e você está mesmo numa boa?

JP ergueu uma sobrancelha.

- Sim, por que a pergunta?

- Não sei, sinto que você ainda está se afastando.

JP desviou o olhar.

- Ah Jhen, é que ainda é meio estranho.

- O que é estranho, pensei que tudo estivesse resolvido.

- Sim Jhenny, eu entendi o lado dele, sei que ele se apaixonou, ele me encheu de explicações, mas nunca perguntou o que eu sentia...

- Mas ele se preocupa! - Jhenny contestou.

- Jhenny seja sincera. Me diz que o dinheiro dele não fez diferença?

- O que? Não acredito que você vai vir com isso para cima de mim, de novo! - Jhenny alterou o tom de voz.

- Ah Jhen, por favor! Eu gostei de você, eu estava tentando me aproximar e ele sabia o tempo todo, e o que ele fez? Fingiu que estava me apoiando, mas te levou para um haras, te apresentou um mundo de fantasias do jeito que você adora, agiu como um babaca o tempo todo e mesmo assim você aceitou, gostou e quis continuar... Eu vi a forma que ele te tratou, o que te prende a ele assim?

Jhenny se calou por um momento, olhando para as afirmações verídicas de JP, porém a única certeza que ela tinha, é que não era o dinheiro a razão.

- Não sei, mas não é o dinheiro. Você está me ofendendo, mais uma vez. - Ela disse amargurada. - Eu achei que vocês tivessem se resolvido, o Cris também achou, ele pensou que você tinha entendido!

- Mas eu entendi, perfeitamente. - Ele disse com um olhar assertivo.

- Entendeu do seu jeito, e eu não vou continuar ouvindo isso...

Jhenny deu de ombros chateada e se afastou entrando em sala.

Mais tarde na hora do intervalo ela desceu pelos corredores rumo ao refeitório, quando uma pessoa a qual ela sempre evitava a chamou.

- Jhenny. - O diretor Garcia disse aproximando-se.

Todas as meninas pararam esperando para ver o que ele queria.

- Sim, senhor Garcia?

- Me chame pelo nome, já conversamos sobre isso. - Ele disse no mesmo tom presunçoso de sempre. - Pode fazer o favor de me acompanhar?

Jhenny sentiu um gelo subindo pela espinha, na primeira vez Cristiano estava lá para livrá-la, mas agora ela estava sozinha. Ela olhou para as amigas como quem suplicava por ajuda, uma professora que passava pelo local no momento ouviu tudo e parou por um momento disfarçando, mas parecendo atenta.

O destino dita as regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora