10º Capítulo - Com Paranoia e Analgésicos

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Mallory entra em casa apoiando Merrick nos ombros. Ele tem feridas abertas no corpo e buracos nas roupas causados por algum tipo de bala. Ela o coloca de qualquer maneira sobre o sofá e em seguida corre para o interior da casa passando por mim feito uma ventania. Ouço-o soltar gruídos de dor enquanto o sangue mancha as almofadas e antes que eu pergunte qualquer coisa Jay se aproxima com um olhar espantado no rosto.

— Quem fez isso com você?

— A ruiva, a maldição do Aiden, ela me atacou. Queria se vingar pela morte do Lance e da Naomi.

— Uma recém criada fez isso com você? — Merrick fixa no rosto um olhar de desaprovação.

— Você está bem? — Pergunto, mas não tenho resposta já que Mallory retorna do porão e dispara:

— Jay, precisamos de um humano. Não temos nenhuma bolsa de sangue no estoque.

Ele concorda com a cabeça e sai feito um vulto pela porta. Me aproximo de Merrick e analiso suas feridas. Não estão regenerando como deveriam e a razão é porque foi alvejado com balas de madeira. Ava queria matá-lo e a pontaria foi certeira, mas por alguma razão ela não conseguiu.

— Porque ela parou se estava prestes a te matar? Acabou com ela? — Merrick sorri com dor:

— Não, melhor que isso, Ava está amaldiçoada a me amar.

Fico visivelmente surpresa, já Mallory sorri com a novidade e diz não podendo controlar sua excitação:

— Agora ficará ainda mais fácil matá-la e como Ava é a maldição do Aiden assim que nos livrarmos dela todos daquele clã morrerão.

— Não vamos mata-los. — O sorriso de Mallory desaparece.

— Como não? Olha o que fizeram com você?

— Temos inimigos em comum e estamos em menor número.

— Por causa deles! Porque mataram o Kato e a Miwa.

— Vamos precisar deles se quisermos destruir a Cecily e o meu pai.

Merrick me encara e noto que aquela indignação desapareceu. Por um instante fico feliz de sentir que, finalmente, vamos alinhar os pensamentos. O clã do Aiden e qualquer outro não são inimigos, são apenas consequências da depravação de vampiros como a Cecily.

— Vai se unir a eles? — Mallory questiona entre os dentes.

— Se for preciso.

— Merrick...

— Eu sou o líder aqui. Eu decido.

Ela abaixa a cabeça ao ver a expressão no rosto dele. A tensão se torna quase palpável e para amenizar eu me intrometo:

— Acho que posso te ajudar com as feridas.

— Seria ótimo, porque dói bastante... — Resmunga travando os dentes. — É como se vários ferros em chamas estivessem atravessados dentro de mim.

Me ajoelho em sua frente e coloco as mãos sobre as feridas. Sussurro as palavras de um feitiço e enquanto ele geme de dor as balas de madeira começam a sair de dentro de seu corpo. Merrick agarra o sofá, rasgando o tecido ao conter a dor. Quando todas as balas são expelidas os músculos e tecidos se juntam dentro de sua carne até que as feridas ficam completamente regeneradas.

Um som familiar ressoa chamando nossa atenção. Merrick, aparentemente recuperado, corre até a janela e parece analisar alguma movimentação do lado de fora. Ele caminha até a porta sem me olhar nos olhos, então ordena:

Filhos das Trevas - A Última NecromanteOnde histórias criam vida. Descubra agora