12º "Iag"

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Uma cruz vermelha. Um raio amarelo. Uma pena esmeralda. Não consigo lembrar exatamente o que significa esse símbolo, mas eu lembro deles. Sei ao que eles se referem, pelo menos. Esses três desenhos juntos eram o código remetente a pesquisa. A minha pesquisa.

Desde que a mesma acabou, passei a achar que todos haviam partido. Tinha a certeza de que não restava mais ninguém se importando com os princípios do estudo. Para mim, era óbvio que a maioria das conquistas ao longo de anos fora perdida. Mas neste ano, meus pensamentos começaram a mudar.

Isso se iniciou no começo do ano, quando, sem mais nem menos, os arquivos de todo o histórico da pesquisa chegaram a mim. Neles, havia os nomes de todos os participantes do estudo, tudo o que já fora feito, quais resultados foram positivos e negativos. Continha um diário detalhado de tudo o que fora realizado a cada dia. Todas as informações daquele estudo que, quando descoberto, tudo e todos se foram, estavam em minhas mãos. Sempre imaginei, contra a minha vontade e desejo, que nunca mais veria nada referente. E então, anonimamente, me mandaram esses arquivos. No mesmo instante, eu soube que algo a respeito deveria acontecer.

Por anos eu venho pensando em como me vingar desse mundo. As injustiças recorrentes que venho acompanhando, me incomodam de uma tal forma, que eu simplesmente não só sei, como sinto, que devo agir. Mas o que venho me perguntando todos os anos é: o que? O que fazer? Considero ter em mente pequenas ideias, e estas implicam em uma dúvida maior: como? Como realizá-las? Tudo bem, acredito ter alguns mínimos planos para isso, mas vem a 3ª dúvida, que seria: quem? Quem me ajudaria, quem concordaria com os meus ideais?

Não daria para chegar para qualquer pessoa e perguntar: "Oi, tudo bem? Quer participar de um plano contra pessoas com poderes?". Sei que existem aqueles que concordam comigo. Meu maior problema, de fato, estava em encontrá-las. Pois a probabilidade de eu achar quem não me apoiasse, era imensa. Não poderia sair arriscando perguntar. E então... Me chega essa lista! Com aqueles nomes em minha posse, a chance de eu conseguir aliados cresce bem. Embora a insegurança de ser rejeitado, de ser denunciado, grita mais forte. Pelo que eu saiba, inclusive, não há alguém que se recorde do que houve. Pelo menos, ninguém nunca veio me procurar. E mesmo que haja alguém ainda com a memória viva de tudo o que aconteceu, demonstra nem se importar mais em continuar a pesquisa clandestina. A pesquisa que talvez fosse a resposta para tudo, foi deixada de lado.

Aqueles arquivos poderiam ser um norte do que eu poderia fazer, por onde eu começaria. Recomeçaria. Mas ainda faltava algo...

E foi naquele momento, que vendo a lista de todos os alunos de menores de 18 anos no "Portal Coharnil" que, talvez, eu tenha achado a solução. Estava em casa, lendo a história de um por um, como costume, para saber o que havia de interessante, que me deparei com aquele desenho, e algo cresceu em mim. Com certeza ali deveria ter mais respostas.

Há anos que eu não via nada sobre. E então me chegaram os arquivos e a notícia do paradeiro daquela caixa, que me fizeram subir as esperanças.

Uma tal de "Audrey" tirara a foto segurando uma caixa, cuja tampa tinha um sinal, que somente quem participou da pesquisa clandestina, saberia ao que se remete. Ali poderia estar a chave para todos os meus problemas. Possivelmente, não todos. Mas com certeza já seria um caminho com mais informações que eu poderia seguir.

Eu precisava daquela caixa, eu precisava saber o que tinha ali. E com o que sou capaz de fazer, conseguiria pegá-la, sem que ninguém me visse, sem que ninguém soubesse que eu iria querê-la. Mesmo que depois a garota se dê falta, nunca saberá onde ela está... E foi com esses pensamentos, que me questionei: por que será que ela tinha aquilo? Quais eram suas intenções?

No texto dela diz que seu pai era quem tinha virtude – que desgosto desse termo – então deve ter sido ele quem entregou a caixa para ela. Faz sentido. Mas será que ele deve ter contado tudo a ela? Duvido muito. Todos os envolvidos não deveriam compartilhar com a família o que faziam. Prejudicavam um pobre garoto, pra talvez descobrirem algumas respostas, as quais eles nunca chegaram. Mas eu sim. Infelizmente, apenas eu sei qual foi a única conquista que aquele estudo chegou a ter.

Então, tá. Audrey tem uma caixa que representa o meu estudo, mas provavelmente não sabe o que ela é. Se seu pai lhe deu, sem contar nada, ele não deve fazer parte da grande maioria, se não for algo unânime, sobre não se lembrar dos acontecimentos. Ou apenas morreu, levando a verdade para si. Detalhe este indiferente a mim.

Ainda não consigo saber o porquê dela ter essa caixa, o que fará com ela. E se... For só uma lembrança que seu pai tenha lhe dado? Talvez não tenha nada dentro e eu apenas esteja criando expectativas vazias!

Certo, eu com certeza preciso descobrir isso! É só eu entrar discretamente em sua casa em algum momento em que ela não estiver. O poder da Bernanda vai me ajudar muito com isso.

Pensando melhor, talvez a caixa nem esteja lá. Se realmente tiver algum conteúdo dentro e ela não souber o que é, a caixa deverá ser levada para ser estudada. Faz sentido. A menina não iria trazer uma caixa de seu pai, para jogá-la fora. Estará ou na casa dela, ou resguardada em algum canto da escola para ser analisada.

Tudo bem, eu vou procurar essa caixa durante a semana. Isso é o de menos.

Por favor, caixinha... Não esteja vazia. Seja importante para mim.

Que provavelmente será importante para eles também.

Para nós.

Eu trarei justiça! 

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