No que o seu celular tocou, Audrey voltou a considerar o conselho de Karen, para tirar uns dias de luto. Talvez isso fosse necessário para vencer a dor e essa fase penosa. Se seu pai vinha lhe dando forças sobre este mundo, falando positivamente sobre aquela escola, é porque tudo faria parte de uma nova história em sua vida. Obviamente, era tudo muito recente para ela. Tanta coisa para assimilar, compreender e principalmente para aceitar. Só que era o contexto de seu pai desde sempre e então, o dela também. Tudo aquilo fazia parte dele, ou seja, viver ali, seria ainda viver com o seu pai.
Fechou seus olhos para tentar assimilar todos seus pensamentos e sentimentos, e tentar chegar a algum acordo entre eles. Nesse tempo, tentou recordar-se da fusão e tudo o que seu pai lhe dissera, pois finalmente aquelas palavras lhe fariam sentido. Em geral, tinha a sensação de seu pai amenizando o fatídico acontecimento, falando que tudo era parte de um processo. Tentaria aceitar o que lhe foi dito, embora considerasse ser tudo muito cedo para isso.
Permaneceu com os olhos fechados, e se permitiria dormir mais um pouco... Mas não conseguia. Seus pensamentos lastimosos ainda a agonizavam em sua cama. Na mesma hora, soube que aceitar, ou pelo menos fingir aceitar inicialmente, o que seu pai lhe disse na fusão, poderia ajudar. Definitivamente decidiu enfrentar mais um dia em Coharnil. Sem fome, já desceu conformada que iria direto ao cano, até encontrar Helena terminando de comer algumas bolachas. A colega da casa, quando a viu, pareceu querer perguntar somente com o olhar se Audrey tinha certeza em querer ir para a aula. A menina, sorriu com os lábios franzidos, demonstrando que sentia ser a opção menos pior.
Foram juntas à região das salas. Ali, a maioria dos alunos conversava sem demonstrar preocupação. Inclusive Matheus, que conversava com Eduardo e alguns amigos deste. Mas o garoto não deixou de acenar para as meninas, quando elas saíram do cano.
Audrey procurava Paula, para evitar de se encontrar com ela. Realização sem sucesso.
— Quando meus pais falaram que entraria alguém muito legal esse ano, fiquei me perguntando como eles sabiam – alguém disse atrás de Audrey, cuja deu meia volta e deparou-se com a já esperada Paula. Esta cruzou os braços e sorriu com satisfação. Ao seu lado, encontrava-se Fred, rindo e, ao mesmo, tempo fingindo não prestar atenção em nada. Bernanda também estava por perto, mas por sua expressão, não queria estar. – Então eu venho até aqui perguntar pra você – deu uma leve pausa, aproximando-se de onde Audrey estava, – Helena – prosseguiu, se virando a garota mencionada. – Conhece meus pais?
Revirando os olhos, Audrey riu sarcasticamente.
— Eu não. Somos de tão longe, né. Mas por que eu? – perguntou Helena, com o olhar franzido.
— Meus pais disseram que era alguém da minha idade... Então quem pode ser? Porque a Débora e o Matheus são mais novos.
— Novatos somos só eu, a Audrey, a Débora e o Matheus mesmo – comentou Helena, achando que Paula falava sério. Audrey não sabia até que ponto era verdade sobre o comentário dos pais, mas não importava. Não iria querer discutir. – Eu acho que saberia se tivesse conhecido seus pais... Não pode ter sido você, Audrey? Vieram da mesma cidade, até.
A garota mencionada esfregou seus dedos na testa, demonstrando não estar a fim de entrar naquela conversa. Conhecendo Paula, sabia que seria impossível isso não acontecer.
Paula apenas encarava Audrey, com desdém, deixando um leve suspense para Helena.
— Eu disse alguém muito legal.
Audrey esperou que ela se virasse e que tudo acabasse ali. O que foi apenas uma ilusão.
Sempre rebateu todos os argumentos de Paula, mas devido a tudo que passava e principalmente por ter amadurecido um pouco nos últimos anos, não tinha energias para entrar naquele clima.
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Elementos Diversos
FantasíaA hora vai chegar. Não se sabe como vai ser a fusão, ou quando. Nem o que é a fusão. Mas Audrey vai enfrenta-la, não tem como fugir - pudera! E irá realizar um sonho infantil que todos nós já tivemos. Mas nunca pensou ter que arcar as consequências...