🛵 Capítulo XV • Harry Potter

27 4 0
                                    

[...] Porque ele amava.

***
— Como estava a comida? — perguntou Pansy
a todos sentados na mesa.

— Estava ótima Pansy. — respondeu Hermione.

— Ei! Não ache que vai ficar com todos os créditos. Eu que preparei também. - exclamou
Theo.

— Preparou, o que? - perguntou Blaise. - A
mesa?

Todos riram. Ali sentados, na varanda da
casa de Draco, com o sol no seu máximo e a
brisa tão conhecida da ltålia, eu via a conversa entre nossos amigos fluir naturalmente. Olhei
para Draco que estava sentando do outro lado
da mesa e ele estava distraido com um canudo
em seu copo. Eu admirava o tom vivo de
branco que continha no seu cabelo, como a
neve em dias frios. Eu sentia que estava começando a gostar dele. E, se qualquer um fosse esperto o bastante poderia claramente notar tal fato.

Comecei a remoer pensamentos de insegurança. Draco sempre estava aberto para
dizer o que sentia. Para dar o primeiro passo.
Olhar para ele sem que ele percebesse era a
maior forma de expressar a intensidade do que
eu estava reprimindo sem que ele sentisse a
tensão da minha timidez. No entanto eu havia
cedido ao seu toque, com denodo, e como se
dissesse — como quantas vezes ouviram os
adultos dizerem quando alguém massageava
seus ombros. — Näo pare. Eu teria me cedido
completamente. Se eu havia um pingo de sanidade naquela noite, eu a ignorei completa-
mente. E tive prazer em fazer isso.

Esse foi o sentimento que eu registrei em meu
diário na noite anterior: lhe dei o nome de "o desfalecer". Por que eu tinha desfalecido?
Podia acontecer tão facilmente? Era só ele me
tocar para eu ficar completamente sem forgas
e vulnerável? Era isso que as pessoas queriam
dizer com ficar todo derretido? E por que eu
tinha tanta dificuldade em mostrar a ele que
estava todo derretido? Porque tinha medo do que ia acontecer? Por que eu não agia? Eu
queria que ele agisse? Ou eu preferia uma vida
de desejos näo realizados desde que seguis-semos com esse joguinho de pingue-pongue: não saber, saber, não saber, saber? Fique quieto, não diga nada, e se não puder dizer "sim", não diga "não", diga "depois". É por isso que as pessoas dizem "talvez" quando querem dizer "sim", mas esperam que você pense que é
"não" quando o que realmente querem dizer é:

Por favor, pergunte de novo, e depois mais
uma vez?

Penso nessa era da minha vida e não consigo
acreditar que, apesar de todos os meus
esforços para viver com o "fogo" e o
"desfalecer", a vida ainda me permitiu a mais
maravilhosa oportunidade que poderia se
receber. Itália. Verão. O som das cigarras no
início da tarde. Minha casa. A casa dele. O
vento suave que trazia os aromas do jardim
até o meu quarto. A era que me fez amar
música. Porque ele amava. A amar história.
Porque ele amava. A amar café, Bach, Liszt. A era em que ouvia o canto de um pássaro,
sentia o perfume de uma flor ou o vapor subir
pelos pés nos dias mais quentes e ensolarados
e, como os meus sentidos sempre estavam em
alerta, automaticamente pensava nele. Eu poderia ter negado tantas coisas: que
desejo tocar seus joelhos e sua clavicula
quando reluzia ao sol com um brilho que eu
tinha visto em pouquíssimas pessoas; que
amava como seus moccasins brancos
pareciam eternamente manchados em cor de
argila; que seu cabelo, cada dia mais loiro, re-
fletia ao sol com o mais intenso fulgor; que sua
esvoaçante camisa azul, a qual usava agora,
ainda mais esvoaçante com o vento que
rondava sobe a nossa mesa, prometia abrigar
um aroma de sua pele e suor que me deixava
duro só de pensar. Eu podia ter negado tudo
isso. E acreditado na negação. Mas foi sua paixäo pela arte, que me disse que ali havia algo mais forte do que qualquer coisa que eu já desejara dele, porque aquilo era um vinculo entre nós e me lembrava que, embora todo o resto conspirasse para que fôssemos as criaturas mais opostas da Terra, ao menos transcendíamos as diferenças.

Letters to Romeo - Drarry Au Onde histórias criam vida. Descubra agora