༺XXV༻

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ஜீ፝͜͜͡͡Abri os olhos aos poucos.

Pude ouvir o vento cortando meus ouvidos e senti o calor do sol se abatendo em minha pele pálida como um toque fervoroso de uma mão viva. Podia ouvir vozes de crianças ao longe rindo e adultos gritando seus nomes. Podia ouvir latidos de cachorros ali próximo na vizinhança, assim como rosnado de gatos que pareciam prestes a se defender de algum possível predador.

Soltamos as mãos uns dos outros por fim, encarando a pequena casa de madeira mais adiante com um tom charmoso com cercas baixas circundando todo o terreno. As poucas janelas que haviam nela e a porta de madeira polida lhe davam uma ar mais agradável. Havia uma pequena escada que dava para a porta de entrada com uma varanda onde havia um balanço de madeira com um acolchoado no assento, quase podia visualizar ele e sua amada Rosa de quem tanto falava sentados ali juntinhos num fim de tarde olhando as pessoas passando, crianças correndo e donos passeando com seus animais de estimação. Deveria ser uma vida agradável há alguns anos atrás. A mesma vida na qual planejei um dia ter. Simples, porém plenamente feliz.

Blair caminhou em direção à casa, passando pelo pequeno portão branco que parecia estar aberto. Respirei fundo, trocando olhares com Dorian e por fim a seguimos. Ela subiu a pequena escada em direção à porta. Havia uma aldrava em ferro fundido com uma argola transpassada em uma figura de uma cruz com pontas curvadas cravada na porta. Ela pegou a argola de ferro e bateu contra a cruz que fez um barulho metálico. Esperamos por algum tempo a porta se abrir. Podia ouvir o coração dela batendo de forma ávida dentro de seu peito.

Por um momento Blair olhou para trás, vendo à mim e Dorian lado a lado, encarando-a com expressões curiosas. Ela voltou à olhar para a porta de madeira, já movendo a sua mão novamente na direção da aldrava, mas antes mesmo que voltasse a bater, um barulho na porta se fez presente e por fim ela se moveu, rangendo enquanto abria-se vagarosamente. Um rosto surgiu ali. Um olho olhou pela brecha e em seguida a porta se fechou novamente. Blair voltou o seu olhar novamente para Dorian e eu, que demos de ombros.

Um barulho como de trancas sendo destravadas por trás daquela porta ecoou e logo a porta se abriu novamente, porém desta vez, totalmente. Todos pudemos ver o rosto de Enzo totalmente assim como eu me lembrava. Seus cabelos brancos estavam um pouco bagunçados, pois talvez ele estivesse deitado devido à sua enfermidade, mas assim que seus olhos se focaram em nós ele abriu um sorriso cortês. Ele usava um pijama azul marinho com camisa e calças do mesmo conjunto, em seus pés haviam pantufas surradas em cor preta. Ele ajeitou os óculos em sua face antes de falar qualquer coisa.

― Blair, Sebastian, Dorian ― falou ele nossos nomes em voz alta num tom de surpresa por aquela visita sem nenhum tipo de aviso prévio. ― O que vocês estão fazendo aqui?

― Viemos todos ver você Enzo! ― anunciou Blair com um sorriso afável em seus rosto. ― Soubemos que você estava doente e resolvemos fazer uma visita.

― Trouxemos sopa! ― revelei apontando para a grande vasilha que eu carregava em minhas mão seguida por um pano de prato bem em baixo para que não queimasse às minhas mãos.

― Que indelicadeza a minha ― disse Enzo repentinamente como se tivesse caído finalmente em si. ― Venham, entrem.

Enzo gesticulou para que a seguíssemos para dentro da casa depois do convite e assim fizemos. Assim que havíamos passado pela porta, a anfitriã a fechou com as várias trancas de ferro, que ouvira minutos antes. Elas fizeram o mesmo barulho ao fecharem. Aquilo me causou um leve desconforto, mas não disse nada, afinal Enzo era um senhor que morava sozinho, talvez pudesse ser alvo de pessoas má intencionadas no meio da noite e aquilo de alguma forma o mantinha seguro.

― Queiram me perdoar, já faz algum tempo que não recebo visitas aqui na minha casa desde que a minha Rosa se foi.

A casa tinha um ar rústico, com um sofá de três lugares em cor creme no canto esquerdo da sala e uma mesinha diante dele. Ao lado havia uma outra mesinha com um abajur sobre ela. No canto esquerdo, haviam duas poltronas com cerca de dois metros de distância uma da outra ambas de cor marrom. Entre as duas poltronas jazia uma lareira de pedra que subia para o teto para uma chaminé ao lado de fora da casa. Na parede de fundo, havia uma escada com a lateral de pedra e uma janela no começo e outra no cume. A escada não dava para lugar nenhum, apenas para um piano antigo, localizado ali.

Entre Almas [Livro 01]Onde histórias criam vida. Descubra agora