Entre Almas [Livro 01]

༺XI༻

ஜீ፝͜͜͡͡Minha mente seguia agitada.

Deitado no sofá fitando o teto alto da sala eu continuava com muitas questões em minha mente sobre aquelas últimas 48 horas. Por mais que o meu corpo estivesse em total repouso, sentia uma onda enérgica que percorria por toda parte, fazendo com que eu quisesse correr o mais rápido que eu conseguisse, mas resolvi não fazer aquilo, portanto respirei fundo e passei a mão por entre meus cabelos castanhos, assim como havia visto Dorian fazendo mais cedo para saber qual efeito aquele gesto poderia surtir em mim e fiquei surpreso ao ver que aquilo realmente funcionava e sentia aos poucos toda a minha agonia sendo totalmente acalentada, como se meus dedos a sugassem para fora do meu corpo.

Comecei a ouvir passos vindos do corredor naquela direção, então endireitei o meu corpo, sentando no sofá. Os passos se aproximavam cada vez mais até que pude ver o rosto de Dorian um pouco confuso, com os braços cruzados. Ele parou quando me viu ali no sofá. Parecia um pouco desorientado. Seus cabelos ruivos estavam bastante bagunçados, o que afinal era extremamente compreensível tendo em vista que estava dormindo profundamente a última vez que o vi.

― Acho que não vou conseguir dormir essa noite ― disse ele num tom um tanto mórbido. ― Minha cabeça não para de rodar. Não consegui ter nenhum pouco de paz desde que fechei os olhos. Aconteceram muitas coisas em apenas um dia e acho que ainda não tive muito tempo para digerir tudo isso. Minha cabeça está prestes a entrar em curto-circuito.

― Curto-circuito? ― indaguei juntando as sobrancelhas.

Dorian ergueu os olhos para mim um tanto abismado pela minha pergunta, mas logo sua expressão tranquilizou-se e um um sorriso terno assumiu sua boca corada.

― Curto-circuito ― repetiu ele. ―, é um colapso imprevisto no funcionamento de alguma coisa, quando algo desordena tudo, sabe?

― Ah, sim! ― disse compreendendo as novas palavras que havia acabado de aprender ali. ― Realmente foi muita coisa para absorver em apenas um dia só. Eu mesmo ainda estava processando tudo.

― Talvez eu não consiga dormir tão cedo agora ― confessou ele dando de ombros. ― Por isso acabei vindo caminhar um pouco para reorganizar as minhas ideias.

― Eu acho uma ótima ideia  ― disse com uma ideia atravessando a minha mente. ― Que tal um passeio noturno para espairecer?

― Agora? ― questionou Dorian um tanto surpreso.

― É, por que não? ― redargui. ― Você já estava indo caminhar mesmo só vamos juntar o útil ao agradável.

Um leve sorriso circundou o seu rosto naquele momento quase como uma luz no fim do túnel, seguido por um aceno positivo com a cabeça.

― Bem, acho melhor você colocar um agasalho, pois a noite está fria hoje.

― Eu não tenho um agasalho.

― Eu tenho alguns no meu quarto. Pode me acompanhar se quiser.

Dorian me seguiu pela casa, subindo às escadas até o andar superior, onde ficavam todos os quartos da casa. Passamos pelo corredor até por fim chegar à frente do meu quarto. Abri a porta e por fim o convidei para entrar, então ele assim fez. Ele olhou em cada canto, completamente fascinado com o designer renascentista daquele local e mesmo depois de muitos anos tudo ainda estava em um ótimo estado para uso. Blair tinha cuidado de tudo muito bem desde que eu havia deixando-a no comando da casa.

A primeira coisa que ele reparou ali foi o caixão fechado que estava ao lado de minha cama. Dava para ver que sentiu um pouco de estranheza com aquela cena, mas nada por ali era normal. Sabia que o caixão significava morte para os efêmeros, mas para nós eternos, não era nada mais que um lugar para descansar por vários séculos e também para conter todo o cheiro fétido da carne desidratada, após muito tempo sem sangue.