Entre Almas [Livro 01]

༺XIX༻

ஜீ፝͜͜͡͡O céu estava lindo naquela noite.

Me encontrava deitado em uma das espreguiçadeiras no terraço, sem conseguir desviar os olhos do céu pela sua beleza descomunal naquela noite. As estrelas cintilavam ao longe naquele céu negro. Desde sempre gostava de admirar o céu. Ficava imaginando a imensidão do universo e até onde poderia ir. O infinito me parecia algo bastante bonito. Não ter todas as respostas da vida era algo realmente encantador. Só deixava o nosso universo ainda mais interessante. Aquele era o único momento que eu conseguia me sentir tão pequeno e insignificante e que todos os meus poderes não pareciam nada diante de toda magnitude cósmica muito além de onde meus olhos conseguiam alcançar.

A brisa do vento gélido da noite passava pelos meus cabelos castanhos, jogando-os para o lado. Eu usava o meu sobretudo, portanto não sentia nenhum frio, mas ainda podia sentir as pancadas gélidas em minha pele. As noites na Pensilvânia costumavam ser bastante frias naquela época do ano.

Por um momento fechei os meus olhos e podia ouvir tudo ao meu redor. O som do vento gélido cortando meus ouvidos, grilos cantando à uma certa distância numa harmonia sinfônica junto com os girinos. Era um som tão tranquilizante que poderia escutá-lo por horas sem me cansar e alcançar o total estado de paz que meu coração precisava.

Pensei em toda a conturbação que aqueles dois últimos dias haviam sido e nada poderia me deixar mais feliz que um pouco de paz. Victoria realmente sabia como tirar a paz de alguém. Será que ela poderia dormir tranquilamente depois de saber que fizera algo tão tormentoso na vida de outra pessoa? Não sabia a resposta para aquilo, mas se fosse "Sim" o quanto a mente dela deveria estar corrompida? O estrago poderia ser bem maior do que eu imaginava.

Abri os olhos e resolvi não pensar mais naquilo, afinal nada de bom poderia ser gerado de pensamentos como aquele. Respirei fundo tentando encontrar o equilíbrio entre os meus sentimentos para que a minha mente pudesse ser aquietada. Voltei a olhar o céu e as belas estrelas que emolduravam-no, fazendo um quadro perfeito para ser admirado de qualquer lugar do mundo. Aquela imagem somada aos sons da noite, faziam minha mente se distrair com mais facilidade se eu focasse neles por tempo suficiente para esquecer toda a minha agitação interna. Era um alento para a minha alma que já não aguentava mais tanto frenesi.

Ouvi passos se aproximando e olhei na direção de origem deles. Dorian se aproximava com as mãos enfiadas nos bolsos frontais de seu novo casaco e os lábios contraídos. Agora ele usava uma das roupas que eu havia comprado para ele naquela manhã. Ele vestia um casaco verde lodo que ficava bem melhor nele do que um de meus sobretudos que cedi para ele na noite passada, já que ele era bem menor que eu, fazendo com que as mangas cobrissem além de suas mãos, o que me fez sorrir por um momento ao lembrar dele caminhando completamente desengonçado. As calças jeans claras não eram tão justas em suas pernas e o sapato vermelho era bastante chamativo em seus pés, mas combinavam com seus belos cabelos.

― Blair me disse que te encontraria aqui! ― revelou ele. ― Você não sentou-se conosco no jantar...

― Eu sou um vampiro, esqueceu? ― relembrei. ― Não como as mesas comidas que vocês, além do mais acho que seria um pouco chocante para vocês ver eu me alimentando!

Dorian meneou a cabeça concordando comigo por fim, aproximando-se mais um pouco e por fim sentando-se na espreguiçadeira ao lado da minha. Vê-lo à pouca luz ativava as minhas memórias mais profundas. Costumava ver Daynna naquela luz baixa, com a lua sendo a nossa única fonte de energia. Quase não dava para notar a diferença entre ele e ela. Era quase como se a própria Daynna estivesse ali novamente comigo no seu corpo feminino, o corpo que eu amava.

― O céu está bastante bonito esta noite! ― disse Dorian com os olhos preenchidos pelo vislumbre das estrelas.

― Olhar para o céu antigamente era uma ótima ocupação para as pessoas. Olhávamos para o céu imersos na imensidão, sentindo a grandeza que ele nos apresenta.