Angústia

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Perfídia — Capítulo 09

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Perfídia — Capítulo 09.

"Esse é o problema da dor. Ela precisa ser sentida." — A Culpa é das Estrelas, John Green.

(...)

Os barulhos que eram emitidos pelos aparelhos que acompanhavam os batimentos cardíacos de Jimin, eram os únicos sons transmitidos naquele cubículo branco. Estar em hospitais desde que eu havia me formado em psiquiatria, parecia normal para mim, até ver meu irmão deitado numa cama hospitalar. Ali, eu entendi o porquê de nunca ter cogitado fazer medicina ao invés de psiquiatria. Era simples; eu conseguia me ver sendo quem dava o diagnóstico, sentia — por empatia — a dor daquele que acompanhava o paciente. Mas, você nunca pensa que aquele que acompanha ou o paciente, pode ser você, de fato.

Um arrepio me percorreu a espinha ao pensar no que poderia acontecer ao Jimin, se caso ele não melhorasse. Os médicos haviam me dito que além de algumas lesões, ele não havia sofrido nada tão grave. O dano poderia ter sido pior, se ele tivesse continuado no carro. Não conseguiram me dizer quem havia o tirado, apenas que encontraram meu irmão desacordado e ligaram para a emergência.

— Por quanto tempo ele ainda vai dormir? — Me forcei a sair dos meus pensamentos, quando ouvi a porta ranger e uma enfermeira ruiva, entrar para checar a quantidade de soro.

— Não tem como prever, senhorita. Ele foi sedado, enquanto colocávamos o gesso e os ossos em seu devido lugar. Apesar de seu irmão não ter sofrido tantas lesões, ele precisa de repouso. E com dor, ele não conseguiria isso. — Ela balançou uma seringa, enquanto dava um peteleco na agulha. Em seguida, colocou o líquido amarelado na bolsa de soro que estava ligada ao braço do meu irmão. — Ele deve acordar meio grogue dentro de algumas horas, não se preocupe.

Ela me dedicou um sorriso amável, enquanto preenchia algumas lacunas na prancheta que continha a ficha dele. Logo depois, saiu do quarto. Massageei minhas têmporas, indo até Jimin e pegando em sua mão esquerda, acariciando-a. A pele estava fria devido ao ar-condicionado, me fazendo puxar mais um pouco a coberta para cima. Passei meus dedos pelas feições delicadas de seu rosto, colocando uma mecha de seu cabelo para trás, nem com aquele cateter em seu nariz, Jimin deixava para trás seu ar encantador. Parecia mais abatido, mas não deixaria seu tom irônico de lado, se estivesse acordado.

— Quem deveria cuidar de você, sou eu e no entanto, você passou a vida inteira tentando me proteger das consequências das coisas que eu fazia. Sempre ali para me abraçar, sempre ali para me oferecer um ombro amigo sem questionar o porquê. Ah, droga, eu que sou a irmã mais velha, seu pateta! — Falei, enquanto sentia minha garganta querer se fechar e meus olhos arderem. — Então, por que eu não estava lá quando precisou de mim, irmãozinho?

Tombei minha cabeça para frente, colocando minha testa em seu ombro, sem deixar de fato, o peso decair sobre o corpo dele. As lágrimas desciam como uma cachoeira que acabou de brotar em uma nascente. Eu sempre detestei chorar, sempre detestei bancar a frágil no meio de tudo ao meu redor. Mas, o que eu poderia fazer? O que eu poderia esperar? Tudo estava desmoronando ao meu redor, e não me restava outra opção, a não ser chorar na frente daquele que nunca me julgou por eu demonstrar meu momento de fraqueza.

Perfídia (Jeon Jungkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora