Memórias

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Perfídia — Capítulo 11

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Perfídia — Capítulo 11.

"O Inferno está vazio e todos os demônios estão aqui."

— William Shakespeare, "A tempestade."


— Então, ele simplesmente mandou você ir embora?

Ouvi a voz de Jimin repetir a mesma pergunta pela terceira vez em um período de cerca de cinco minutos. Talvez, fosse pelo motivo de que eu simplesmente não havia prestado — e ainda não estava — atenção. Eu não sabia exatamente o que ele queria que eu respondesse, talvez que eu negasse ou retirasse o que eu havia dito há alguns minutos, mas o que eu poderia fazer se não era nada além da verdade?

— Se você não falar, terei que realmente começar acreditar que os ditados onde diziam "o gato comeu a sua língua" encontrou a sua, maninha. — Jimin falou em um tom ameno, uma tentativa falha de humor.

— Jimin; — Suspirei, antes de continuar. — Você saiu do hospital não tem nem dois dias. Não me dê mais um motivo para fazê-lo voltar para lá.

Ele colocou a mão no peito, em um gesto teatral.

— Estou achando você muito sanguinária. — Dramatizou. — Devo me preocupar?

Revirei os olhos, mas eu sabia o porquê dele insistir tanto naquele assunto. Ele sabia, tão bem quanto eu, que o meu afeto por Jungkook já ultrapassava o limite do senso comum. Ele sabia que eu estava preocupada e guardando tudo para mim, que mais cedo ou mais tarde, a panela de pressão que se instalava em meu âmago iria explodir e eu iria desabar. Era só uma questão de tempo, e talvez, isso fosse preocupante.

Naquele momento, realmente o odiei por me conhecer tão bem.

— O que você quer que eu diga? — Finalmente, cedi. — Que eu exagerei? Sinto muito, mas não foi o que aconteceu. Ele me olhou bem nos olhos e eu pude praticamente sentir quando a mudança aconteceu. E ele, simplesmente, pediu para que eu fosse embora. Na verdade, eu o achei até um pouco ansioso para isso.

— Deve haver um motivo.

— Sim, deve ter, sempre tem. — Dei de ombros. — Infelizmente, não é algo que eu tenha ciência.

Senti quando meu irmão se aproximou cautelosamente de mim e passou o braço em volta dos meus ombros, buscando transmitir um pouco de afago e talvez, até conforto. Cansada, deixei minha cabeça pender para o lado, de encontro com o ombro de Jimin. Eu estava exausta, eram tantos acontecimentos em tão pouco tempo que eu me sentia zonza. Eu me sentia mais como um telespectador; eu via os fenômenos acontecerem, ações serem cometidas e não fazia a mínima ideia de como reagir. Minha mente dava voltas sem sair do lugar, nunca havia me sentido tão impotente e a veracidade daquela constatação, me assustou.

Perfídia (Jeon Jungkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora