"Como é ter dois de você?"
Jeon Jungkook sempre ouvia essa pergunta em todos os hospitais psiquiátricos e nunca havia formulado uma resposta à altura. Ele, na realidade, não queria e nem gostava da possibilidade de ter outro de si; afinal, ele era...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Perfídia —Capítulo 03.
"Palavras são, na minha não tão humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de ferir e de curar."—Harry Potter e as Relíquias da Morte, J.K. Rowling
Haviam se passado duas semanas após o ato do meu irmão me proporcionar — sem querer, — uma genuína idéia de sequestrar o meu mais novo paciente. Eu tinha plena certeza do que aquilo iria me causar se por acaso, eu decidisse ir em frente com aquela idéia louca.
Por outro lado, eu me encontrava sem saída; por mais que eu possuísse os melhores argumentos e os apresentasse formalmente para o Hoseok me deixar dar consultas para o Jeon, eu ainda iria receber um "não" como resposta. Eu havia feito uma promessa para o Jungkook e pensar — por mais remota que fosse, — na mera possibilidade de quebrá-la, fazia o meu coração apertar sem eu nem mesmo saber ou entender o por quê.
[Flashback On.]
(...)
— Eu vou conseguir te ajudar, Jungkook. — Sussurrei, por um momento que eu vi que ele havia abaixado a cabeça, me fazendo questionar se ele tinha me escutado. Todas as minhas dúvidas foram pelo ralo, a partir do momento que o vi retribuir o meu sorriso. — Se eu sou o gatilho para te tirar dessa escuridão, também sou aquela que vai te tirar de uma vez por todas dela.
— Eu acredito em você.
[Flashback Off.]
Lembrar daquilo e não sorrir automaticamente, tornou-se uma tarefa praticamente impossível de ser concretizada. Lembrar do sorriso, do olhar, dos gestos acanhados e acima de tudo, da confiança que o mesmo me depositou; fazia o meu coração se aquecer e se apertar na mesma rapidez – e intensidade — que se aqueceu por intermédio da lembrança.
— Ei! — Senti meu corpo ser chacoalhado, me fazendo franzir o cenho e voltar a minha atenção para a voz de meu irmão que soava rente ao meu ouvido.
— O que foi? Eu estava longe. — Deixei um suspiro me escapar e coloquei a xícara de chá, sobre a mesinha de centro.
— Acredite, eu percebi. Estou falando há horas e você nem mesmo parece me escutar. — Pude notar que Jimin estava com um tom chateado na voz, me fazendo sorrir na tentativa falha de contornar a situação.
— Não foi por mal que não prestei atenção em você. Eu apenas, me perdi nos meus pensamentos. — Peguei em suas mãos e fiz um carinho singelo nas mesmas. — Ficar de cara fechada não combina com você, Jimin. Me dê um sorriso, hum?
Elevei minhas mãos até o cabelo e o desalinhei, arrancando um riso dele e um suspiro logo depois.
— De qualquer forma, eu não consigo ficar brigado com você por muito tempo. Mas, não precisava bagunçar o meu cabelo! — Falou em um tom lamurioso, me fazendo sorrir e revirar os olhos simultâneamente. — Estava pensando em quê?
