Family

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P.O.V Heyoon

Miami, 2013

O cliente veste a sua camisa, de costas para mim, e viro meu rosto para a janela, odiando esses momentos. É a hora em que eu me sinto mais suja, que sinto um nojo subir pela minha garganta, então seguro as malditas lágrimas. Ele não podia me ver chorando, senão poderia dizer algo a Ian, e ele arrumaria alguma forma de descontar dinheiro de mim. 

- Eu deixo o dinheiro aqui? – Ele me pergunta, olhando para baixo e com a carteira em mãos, com notas na mesma. Essa foi minha primeira vez com este, e até que ele foi bom, no sentido de não ser bruto como muitos outros. 

- Sim. 

Fico olhando ainda para a janela, o lençol branco envolvendo meus seios, impedindo que ele me visse mais do que o permitido, envergonhada de mim mesma.

O homem deixa várias notas em cima de um pequeno criado mudo que eu tinha em meu quarto e sai do quarto, fechando a porta atrás de si.

E é então que caio em lagrimas, me sentindo suja com o cheiro de seu perfume barato e as marcas dos seus dedos. 

Se eu me visse assim da forma em que estou deitada em uma cama, nua, e envergonhada, recém-saída de uma transa com um estranho, sentiria pena.

Aquela vida me dava repugnância. Ian estava sempre dizendo comigo que era por uma boa razão, que eu era a sua melhor mulher, e que logo, logo, poderia sair dessa vida se juntasse dinheiro suficiente.

Poderia ver Krys e Hina. De tudo o que eu poderia querer da vida, ver meus irmãos novamente era tudo. Poder abraça-los, ouvir suas vozes, era tudo que eu sonhava por semanas a fio, e eu finalmente havia tomado coragem para procura-los, e seria em breve. Só eu sabia o medo absurdo que havia sentido durante todo esse período de distância, temendo que o marginal do Diego machucasse minha irmã do mesmo jeito que fez comigo. 

A culpa me consumiu como nunca, e se não fosse Noah, eu teria ido lá bem antes, e claro, seria expulsa certamente.

– Você está ansiosa? 

Ele me pergunta mais tarde, à noite, quando estamos sentados lado a lado no nosso do seu apartamento, que era nosso agora, comendo uma pizza e bebendo soda. Noah é o melhor amigo que tive na vida e não sei o que seria de mim sem ele, que me dá todo o apoio e amor possível.

– Bastante. A saudade que eu senti deles parece que está queimando mais forte. 

- Vai dar tudo certo. Você vai ver.

Noah joga seus cabelos para o lado de uma forma normal para ele, mas que sempre me faz rir, e não é diferente agora.

Assim que me ouve rir ele revira seus olhos e me mostra o dedo, voltando a comer. 

Somente em momentos assim que eu me permitia ser feliz e esquecer um pouco de tudo que me cercava, de toda a aura negativa.

Na manhã seguinte, no dia em que eu iria ver os meus irmãos, acordei com o estomago revirando.

Cada pedaço de mim estava cercado de ansiedade e uma saudade gigante, e eu mal podia esperar para poder abraçar eles e dizer sinto muito. Sinto muito por ter demorado tanto tempo para vê-los, e sinto muito porque não posso leva-los embora. 

A várias semanas Noah e eu temos acompanhado a rotina de Krys e Hina, e claro Diego e Clara.

Sabíamos todos os seus horários então eu poderia ver meus irmãos tranquilamente, sem intromissão alguma. Era bem capaz que se eu botasse meus olhos em Clara eu poderia ataca-la e ser presa por agressão a mãe não é algo lá legal.

𝑺𝒆𝒙𝒚 𝑳𝒊𝒔𝒕𝒆𝒏𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora