Friends

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Sina Deinert P.O.V
2020, Miami, Florida

-Acorde gatinha, ou então vai chegar atrasada na escola. - Mãos passam em meus cabelos, os acariciando. Com certeza é o papai. Ninguém me chama de gatinha a não ser ele.

-Upf. - Resmungo, cheia de sono, abrindo meus olhos devagar e vendo o meu pai sentado em minha cama, sorrindo. Tão bem humorado...

-Você tem aula hoje gatinha. Já são 6:45.

Levanto minha cabeça do travesseiro, meus cabelos um ninho de ratos e meu rosto amassado. Somente meu pai, Cody, consegue me chamar de gatinha quando pareço um Frankstein.

-Dia. - Resmungo, coçando meus olhos. Papai ri, e dá tapinhas em meu braço.

-Levante, tome banho, e desça logo.

Josh disse que passa aqui daqui a 30 minutos. - E sai do quarto, mas antes, abrindo as cortinas blecaute, fazendo a luz solar ir em meus olhos.

-Detesto ir pra escola. - Resmungo, levantando da cama, e olhando para minhas calças de pijama. Argh, ereção matinal.

Pois é, eu disse isso mesmo.
Sou uma garota com ereções matinais. Algo bem normal para quem tem um pênis. Eu sou intersexual sabem? Nasci com cromossomo masculino em meio aos meus femininos, me fazendo ter diferenças genéticas em relação as outras garotas. Tenho essa coisa que balança no meio de minhas pernas.
Aí a maioria pensa: "nossa que foda, você deve amar isso, e comer todas as menininhas."

Não!

Não!

Outra vez, não!

Eu detesto ter um pau, e não como garotas, porque não sei se sabem, mas a vida não é um mar de flores. Ainda mais para pessoas que têm diferentes genética. As garotas hetéros abominam, as lésbicas também. Resumo: sou uma fodida da vida virgem. Ando até o banheiro, pegando minha toalha e enfiando meu corpo debaixo da água. Ajuda a despertar.

Como uma escola normal, há o uniforme. Um horror pra mim, se querem saber. São saias nos joelhos pretas, uma camisa azul, mais gravata preta e um blazer. Por eu ser meio garoto, meu pai preferiu comprar o uniforme dos garotos, que era calça comprida preta, e mais as outras peças. Elas me dão calor. Muito. Eu moro na Florida, pelo o amor de deus, e faz muito calor.

Minha bunda sempre fica suada. Sempre.

-Está linda gatinha. - Papai brinca, ao me ver na mesa do café da manhã, usando o uniforme "calor do demônio" , com os cabelos soltos e uma cara de merda.

-Mentir é feio pai. - Lhe respondo, sentando em sua frente e ganhando um sorriso simpático. Katerine, nossa governanta, e quase uma mãe pra mim, surge, trazendo meu achocolatado e um beijo nas bochechas.

-Bom dia menina Sina. - Fala, alisando meus cabelos carinhosamente. Katarine é uma senhora de 53 anos, que trabalha aqui desde os meus primeiros meses de vida.

-Oi Kat. - Pisco, entornando minha bebida na garganta. Pego um waffle, colocando bastante calda de morango em cima e o atacando. Tenho um apetite voraz de manhã.

-Como vai seus amigos gatinha? Não vejo Any, Sabina e Josh há um bom tempo. - Meu pai sempre conversava comigo, querendo se interagir com minha vida, e acho isso lindo, mas isso não me faz sentir normal.

Porque eu não sou.

-Humm... Any vai bem. Está de rolo com uma tal de Diarra aí, mas ainda não nos apresentou a garota. Josh continua na mesma, ficando com uns caras ai e viciado em Coca-Cola, e Sabina está bem. Ela e Joalin estão fazendo uns, sei lá, 7 meses de namoro.

𝑺𝒆𝒙𝒚 𝑳𝒊𝒔𝒕𝒆𝒏𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora