Sofya

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Todos as terças e quintas, após a escola, Josh me leva para o consultório da minha terapeuta, a Sra.Paliwal . Em sua preferência, só Shivani. Me consulto com ela há 3 anos, e ela é a melhor de todas. Devido à minha intersexualidade, os médicos recomendaram aos meus pais, quando nasci, que eu deveria ter o acompanhamento de uma terapeuta, para que não me sentisse mal com minha condição.

Não deu muito certo.

Gosto de Shivani. Ela é uma excelente pessoa, compreensiva, sempre fazendo piadas acerca de si mesma, e me fazendo sentir um pouco normal. Ela é uma bela mulher, tem 26 anos, morena, de olhos castanhos e um corpo perfeito e é uma boa amiga. Mas não há nada entre nós ok?

-Além disso, algo mais aconteceu hoje Sina? - ela me pergunta, enquanto estou sentada em uma de seus pufes coloridos. Coço minha cabeça, indecisa. Eu deveria dizer algo?

Shivani me olha por entre seus óculos de grau. Suspiro antes de falar:

-Bem, Brad fez suas piadas de sempre. E me jogou bolinhas de papel.

Abaixo a cabeça, sentindo meu coração apertar ao lembrar dos apelidos de Brad. Shivani bufa.

-Esse garoto passa dos limites. Você deveria dizer isso ao seu pai e a diretoria da escola Sina. Bullying é algo sério, e ainda por cima só por uma diferença genética.

- ouço seu conselho de cabeça baixa. Eu não quero contar pro meu pai sobre Bradley. Vai fazer-lo se preocupar ainda mais, e não quero que isso ocorra. Papai já me dá atenção redobrada.

-Tudo bem. - murmuro.

-Estou fazendo isso pelo seu bem ok?
Algo mais?

"Eu deveria dizer sobre a proposta de Josh?"

-Não. Mais nada.

-Bem, se é assim, ouça o que vou te falar Sina: você é jovem. E linda. Tem a vida toda para frente, então não se apegue a brincadeiras estúpidas de uma retardado juvenil. Aproveite. Saia com seus amigos, namore. Não se prenda a sua condição. Nós só temos uma vida lembra?

E pisca, me fazendo sorrir. Ela sempre me faz sentir melhor.

-Tudo bem. - me levanto do pufe, ao ver que já são 19:30. - Eu já vou ok? - ando até ela, pegando em sua mão.

-Até quinta Sininho!

Saio do consultório, e papai já está me esperando em sua Hilux prata. Ele me dá um dos seus sorrisos brilhantes ao me ver.

-Oi gatinha. - me beija na bochecha.

-Oi papai. - coloco o cinto e ele dá a partida. Sabendo de meus gostos, papai liga o rádio e coloca o Made in the A.M da 1D. Suspiro quando Hey Angel começa a tocar.

-Como foi hoje? - ele pergunta.

-Foi bom. Nada de mais. - dou de ombros. Papai ainda está de jaleco, quer dizer que acabou de sair do hospital e está morto.

-Mesmo? - ergue as sobrancelhas.

-Sim. - sorrio sem dentes.

𝑺𝒆𝒙𝒚 𝑳𝒊𝒔𝒕𝒆𝒏𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora