Ian

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O capitulo de hoje é um especial da Heyoon, espero que gostem.

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Heyoon Jeong P.O.V
Miami, 2013

A noite em Miami nunca pareceu tão triste e solitária. Meus olhos passam pelas pessoas que caminhavam apressadas ao meu lado, na frente, ou do outro lado da rua. Com minha mochila em costas, sentindo o peso de toda essa noite.

"Minha mãe me expulsou de casa. Tudo porque contei sobre Diego".

Lágrimas se formam em meus olhos, escorrendo livremente por meu rosto frio, a dor tomando conta de cada espaço de meu ser. De todas as coisas que eu podia imaginar que minha mãe faria, me expulsar de casa e não acreditar em mim, era uma das últimas e impensáveis.

Como alguém consegue viver no mesmo ambiente que o outro, sabendo que o mesmo estava estuprando sua própria filha? O caráter de Clara era bem pior do que eu imaginava. Sim, Clara. Ela não merecia que eu a associasse a palavra mãe, algo que ela nunca foi.

Eu estava caminhando há uns 20 minutos, se não me engano. As ruas pareciam um formigueiro de tão cheias de pessoas, e uma música muito alta. Há um bar em minha esquerda, com um letreiro bem brilhante, e espio lá dentro, vendo que havia bastante pessoas. Como eu estava cansada de andar, com sede, e precisava de alguns minutos para pensar no que fazer, decido entrar. A música que tocava me surpreendeu, achei que seria aquelas músicas eletrônicas, ou pop, mas o que passava naquele bar era indie. Sorrio com isso, e caminho pelo lugar, observando o quão confortável ele era, com mesas, e sofás mas ao canto, onde havia alguns casais.

Me sento em um banco próximo a bancada onde as bebidas eram feitas, ajeitando minha mochila nas costas e jogando meus cabelos para o lado. Solto um suspiro que estava preso em minha garganta desde cedo. Todos os acontecimentos de mais cedo passavam na minha mente, como um tipo de realidade alternativa. Acreditar que fui expulsa de casa pela pessoa que eu chamava de mãe era algo que parecia mais um filme, livro. Não a minha vida.

—Vai querer algo?

Levanto meu olhar de meus dedos ao escutar uma voz rouca e divertida, e vejo que é um rapaz atrás do balcão, usando um avental preto ridículo, e um sorriso idiota.

—Água? – Eu digo, quase que o perguntando se tinha. O rapaz dá uma gargalhada bem alta.

—Você tem certeza que entrou no lugar certo? As pessoas não costumam vir aqui, se sentarem e pedirem água. – Ele ergue as sobrancelhas, e reparo que seus olhos são bem castanhos. E ele tinha um cabelo que imitava o Justin Bieber.

—Eu não bebo. E nem tenho idade para isso.

Respondo, sendo um pouco grossa, mas aquele monte de perguntas de um desconhecido com um cabelo de astro teen não me inspirava simpatia. O rapaz dá um risinho, e inclina seu corpo em minha direção.

—Parece que temos uma menor aqui. – Sorri amarelo, e mexe em seus cabelos lisos. – O que aconteceu que você veio parar aqui?

Ele soa mais gentil agora, e o encaro, tentando ver se há algum indício de deboche. Não há. Seus olhos são sinceros. Desde pequena eu sempre tive a habilidade de ler as pessoas, por assim dizer, sabendo se elas estavam mentindo, ou desconfortáveis com algo. E o garoto do balcão estava sendo sincero.

- Fui expulsa de casa.

Seus olhos se arregalam ao me ouvir. Droga, ele vai dizer algo esperto ou ridículo sobre isso, e eu vou ser obrigada a soca-lo.

—Olha, que coincidência. Eu também. – Sua boca se contorce em algum tipo de sorriso solidário, e ele estende sua mão. – Sou Noah Urrea. Tenho 18 anos, e minha mãe me expulsou de casa porque sou gay.

𝑺𝒆𝒙𝒚 𝑳𝒊𝒔𝒕𝒆𝒏𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora