Imortal - Livro II

Capítulo 18

A desconhecida me apertou num abraço feroz. Sua força poderia quebrar minhas costelas em outra vida, ela me soltou tão depressa quanto me agarrou.

"Mas você é igualzinha a ela..."

"Celeste..." Digo entendendo o que ela queria dizer. "Conheceu minha mãe." Afirmei e ela inclinou sua cabeça para o lado como um gato, ela tinha mesmo algo de felino ou selvagem em seus olhos.

"Estava esperando você há muito tempo... Todos nós..." Também capitei um pouco de loucura em seus olhos.

"Lexi... Então poderia nos deixar entrar..." Elena se aproximou tocando o ombro da garota.

"Claro, se vocês andam com Lana, eu tenho que deixar passar..."

Só então eu reparei em suas roupas, na maior parte do tempo eu tento bloquear a enxurrada de informação que minha nova visão envia para o cérebro, ela usava uma blusa que parecia ser feita de plástico ou folhas, uma calça jeans surrada e seus pés descalços estavam quase que da mesma cor do chão. Seus cabelos, me fizeram pensar em selvageria de novo, eles eram volumosos, bonitos, com grandes cachos castanhos que pareciam serem feitos de proposito, mas eu bem sabia que ela provavelmente tinha apenas acordado daquele jeito pela manhã.

Ela então fez um rápido gesto com a mão e outros começaram a aparecer... Eles andavam sob as duas pernas, mas pareciam grandes lobos selvagens com aqueles paços firmes porem cheios de cautela.

"Vamos!" Lexi me puxou pelo ombro e começamos a caminhar.

Olhei para trás ainda confusa, Elena sorriu para mim.

"Heitor... Achei que nunca mais o veria..." A garota disse sem olhar para trás.

Meu avó sorriu de lado e disse calmo:

"Eu só andei ocupado..."

"Escondendo sua neta... Formando uma nova matilha..." Ela apertou o braço que ainda estava em mim. Para mim parecia que andávamos levianamente entre as árvores, pois não enxergava nenhuma trilha. Na verdade não tinha nada, nenhum galho quebrado, nenhuma pegada, nenhuma pista de que havia presença de pessoas naquelas região a vegetação parecia intocada.

"Não pretendíamos criar uma nova matilha." Eu disse. "Simplesmente nos encontramos..."

"Simplesmente..." Ela soltou um risinho estranho.

"Eu ainda não entendi nada..." Ouvi Melane sussurrar para alguém.

"Estamos indo para a Vila... Você não pode ver... Existe uma antiga magia que protege nossa localização. Apenas aqueles que nasceram aqui podem ver a entrada e o caminho." Lexi explicou. "Não estamos mais tão longe." Todos fizeram um silencio absoluto, algo estava errado. Eu senti o braço de Elena tocar a minha cintura e Lexi puxar a minha mão.

"Lana? O que é isso, o que tá acontecendo?" Mel gritou em algum ponto perto de mim. Eu comecei a entender seu desespero, mas antes que tudo se transformasse num breu absoluto Elena diz com seus lábios muito próximos do me rosto.

"Está tudo bem." Ela começa. "Isso faz parte do feitiço que esconde o lugar, logo sua visão voltara ao normal." Mel suspirou aliviada e meu coração acelerou ainda mais ao sentir o hálito doce de Elena tão de perto.

Lexi continuou me guiando e depois de alguns minutos eu comecei a enxergar uma luz distante. O corpo de Elena se afastou e meu primeiro instinto foi traze-la de volta, mas o foco parecia estar todo naquela luz alaranjada na minha frente. Ela foi tomando forma, dançando no ar, o vento gelado passou por mim e a luz balançou, eu entendi que era uma chama, uma aste de ferro fincada ao chão suportava a labareda de fogo dançante. Toquei em meus braços por causa do frio repentino... Estava nevando...