Capítulo 3

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"Tínhamos um cachorro." Lauren balançou a cabeça para o lado com um sorriso terno no rosto. 'Que fofo' aquela expressão dizia. Eu sorri. "O nome dele era Trovão. Ele tinha uma mancha preta no meio do pelo branco que parecia um trovão..."

"Uau. O mais próximo que eu tive de um bichinho foi..." Ela olhou para o enorme aquário do nosso lado e pós a mão ao redor da boca para que os peixes não escutassem o que ela tinha para dizer. "Foi um peixinho dourado que eu esqueci de alimentar por três dias..."

Eu dei uma gargalhada que fez uma senhora me olhar torto.

Lauren tinha dito que viu algumas imagens do Dallas World Aquarium no Google Maps e queria muito conhecer o lugar, então lá estávamos nós.

Encostadas a um enorme tanque cheio de peixes coloridos com pequenas muretas de pedra preta. Provavelmente era proibido estar assim encostado naquela pedra, mas Lauren tinha visto um peixe preto com uma cauda linda que parecia tecido...

"Se eu fosse um peixe, seria assim!" Ela disse quando o avistou.

"Se eu fosse um peixe, seria assim." Eu disse apontando para o fundo do tanque onde um daqueles peixes que se parecem pedras andava devagar pela areia do aquário.

"Não!" Ela protestou. "Você seria esse!" Ela mostrou o peixe branco com detalhes azul que nadava sem parar, sua calda movia-se elegantemente como uma enorme saia que balançava enquanto o resto do corpo dançava pela água. "Azul combina com você, é a sua cor."

Nossa conversa fluía fácil. Eu lembro de conversar com ela pelas primeiras vezes, ela parecia fechada e carrancuda, mas com o tempo ela foi se mostrando mais e mais para mim. Hoje, eu já conhecia tanto sua historia e sentia que a conhecia há anos.

"Eu fiquei muito mal por ele. Pobre Jeferson." Ela continuou a historia do peixinho que morreu.

"Jeferson?!" Eu não pude conter outra gargalhada. "Quem chama um peixinho dourado de Jeferson?"

"Eu chamo. Ania prometeu me comprar outro bichinho, mas no dia seguinte eu nem lembrava mais da tristeza..." Ela havia me contado mais sobre sua infância. Lembro de quando ela me contou sobre o incêndio e como Ania a salvou...

"Ser criança era ótimo." Eu disse.

"Sim, mas isso não significa que não podemos mais sentir como era ser criança..." Ela abriu um sorriso, um daqueles sorrisos travessos. "Onde fica a sorveteria mais próxima? Quero um daqueles sorvetes bem coloridos!" Nós rimos juntas e saímos do aquário.

Quando sentamos na sorveteria Lauren me mostrou todas as fotos que havíamos tirado durante aquele dia. Havia muitas selfs mais a maioria das fotos era minha. Eu perto dos macaquinhos bigodudos, eu apontando para os flamingos... Nós rimos tanto...

Ainda estava sorrindo quando cheguei ao meu apartamento.

"Nossa, o seu feriado foi bom mesmo, né?" Melane perguntou assim que passei pela porta do seu quarto.

"Muito bom. E o seu?" Perguntei enquanto me jogava em cima da cama da minha melhor amiga.

Ela me mostrou a tela do seu computador. Havia uma pagina aberta no Excel, ode ela estava trabalhando um monte de gráficos e coisas estranhas das quais eu não entendia a metade.

"Jesus!" Eu disse e ela riu.

Bocejei involuntariamente.

"Eu acho que você devia dormir agora..."

Dormir. Ir dormir significava encarar meus pesadelos...

Pessoas fortes encaram seus demônios. Pessoas fortes encaram seus demônios todos os dias. Mas, eu já tinha cansado de ser forte. Já estava saturada de tentar fazer aquela dor desaparecer, estava cansada de estar doente.

Imortal - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora