Capítulo 19

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Olhos, nariz, boca... Cada detalhe dela é simplesmente perfeito, eu queria me desculpar por ter esquecido sua beleza, queria dizer que nem isso foi capaz de apagar meu amor.

Agora com a cabeça deitada em seu ombro eu queria deixar tudo para amanhã, queria adiar o amanhecer e ficar presa em seus braços para sempre, queria tantas coisas...

"Sinto que sua cabeça está barulhenta agora..." Ela sussurrou me afastando.

Olhei para o seu calmo.

"Eu queria não... Não ter que me preocupar com isso... Com nada disso, queria garantir a vida de Melane e fugir pra bem longe..." Capturei sua mão. "Queria comprar um anel pra você, um bem caro."

Ela sorriu.

"Eu não preciso de joia nenhuma... Mas, se você quiser, eu adoraria ostentar um diamante enorme nesse dedo."

"Vou providenciar, tudo que a futura senhorita Lokaster quiser."

"Gosto como soa." Ela laçou seus braços ao redor do meu pescoço. Puxei seu corpo para que ela sentasse em minhas pernas. "Eu senti sua falta... Não foi pior... Nunca me deixe."

"Não vou." Toquei nossos narizes delicadamente. "Nunca"

Doce. Seus lábios tinham um gosto tão doce, não com mel ou chocolate... Um doce novo... Um que só ela possuía. Olhos, nariz, boca... Seus braços, seus beijos... A única coisa que poderia me separar de Elena era morte.

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***

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Heitor foleava os livros de Yongsum com impaciência.

"As respostas não estão em livros velhos." Yongsum disse com um dócil sorriso. Ele ouviu Goeun sussurrar que ele era uma criança tola em coreano.

"Suminie. Estamos todos sem esperanças..." Amélia tocou o ombro de Heitor.

"Eu vejo isso de longe. Eu sei que temem pelas crianças, mas não podemos fazer nada, temos cinco dias até eles chegarem... Ela tem de tomar o seu lugar. Eles iram reconhecer isso e... Tudo irá se encaixar."

"Lana não pode mais fugir daquilo que nasceu para ser... Ou acabará se machucando." Goeun se manifestou dando continuidade àquilo que a irmã dizia. "Ela ensinará toda uma nação um novo caminho, ela é a sua esperança."

"A que preço?" Ania disse com os olhos cheios de lagrimas. "Ela será um mártir, vai morrer para que uma geração de egoístas possa viver, não estamos valendo isso."

"A muitas maneiras de morrer..." Yongsum se aproximou e enxugou seu rosto. "E a muitas maneiras de ver a morte, se olhar direito, nada realmente morre. A vida... É muito mais que a eminencia da morte, é uma chance de encantar, ensinar, amar... A morte é um novo começo, que magoa e nem sempre se sabe a razão, mas é a lembrança do valor dessa vida, do nosso valor. Somos criaturas quase imortais, tratamos o tempo com banalidade, quando deveria ser nosso maior tesouro e a morte nosso maior inimigo, quando deveria ser o recomeço de novas vidas."

"Vamos contar a ela..." Goeun disse. "Não sobre o seu futuro eminente, mas sobre seu lugar. Tantas vezes essa menina andou no escuro, vamos iluminar seu caminho para que ela faça seu caminho de maneira digna até o fim."

"Até a sua morte você quer dizer." Ania se soltou das mãos da anciã e saiu daquele lugar o mais rápido que pode.

"Me desculpe." Heitor disse levantando-se, inclinando um pouco seu corpo para frente e já caminhando atrás dela. Yongsum apenas negou com a cabeça levemente. Ela tinha uma expressão que beirava a triste.

Imortal - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora