Capítulo 8

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"Então... Vocês estão dizendo que... Aquele cara... Quando aquele cara fez aquela coisa estranha... Ele me transformou? Numa vampira?" Mel andava de um lado para o outro do quarto, apesar de ver minha amiga caminhando apenas eu sabia que ela estava numa velocidade diferente dos outros humanos.

"Sim." Amélia disse. "Mas..."

"Ah, claro. Se eu não beber sangue humano nas próximas dez horas eu vou morrer!" Ela ergueu as duas mãos para o céu. "Simples assim!" Ela soltou uma gargalhada sem humor algum.

"Sim, mas isso será apenas pela primeira vez. Depois vai poder viver  como um de nós, será bem vinda para viver conosco, sem precisar se alimentar de sangue humano. Há outras maneiras de viver." Lucas afirmou.

"Será difícil, mas nós somos uma família Melane. Se você decidir ficar, nós cuidaremos de você." Amélia completou.

Melane olhou no rosto de cada um ali presente e se atentou ao meu. Eu ainda estava parada a observando surtar. Eu não queria opinar. Não queria ser nenhum tipo de pivô na sua decisão, seja qual fosse sua escolha ela iria tomar sozinha por ela mesma.

"E você?" Ela perguntou olhando para mim cruzando os braços novamente.

"Eu o quê?" Engoli em seco.

"O que você é? Quer dizer, você ainda parece você, mas tem alguma coisa muito diferente!" Ela me analisou da cabeça aos pés. "Parece que está mais alta, e você não era tão tinha esses músculos." Analisei meu corpo por dois segundos.

"Eu..."

"Melane, eu acho que por hoje nos devíamos nos concertar apenas em você." Meu avô me interrompeu.

"Não." Eu disse. "Ela quer e merece saber a história toda!" Respirei fundo pela milésima vez. "Eu sou a outra parte da história."

"Ah, das bruxas que criaram o primeiro vampirão?" Ela disse com uma sobrancelha aequiada.

"Não, isso é comigo." Lauren disse. Mel arregalou os olhos, mas logo endireitou o rosto.

"Sempre soube que tinha alguma coisa diferente em você."

"Ah, então é fácil acreditar que eu sou bruxa, mas impossível aceitar que você é uma vampira agora."

"Eu não..." Pigarrei para interromper a pequena discussão das duas. Lauren não parecia realmente ofendida, já Mel...

"Eu sou um lobisomem." Eu disse e logo a expressão de choque voltou ao rosto da minha amiga. "É isso, é o que eu sou desde daquela noite." Olhei para Ania que me encarava com atenção. "É o que eu nasci pra ser. Eu não conseguia enxergar isso, mas agora... Parece tão certo. Estou aonde sempre deveria estar." Ania sorriu genuinamente para mim. "Talvez seja onde você também devia estar." Encarei minha amiga e caminhei em sua direção, eu precisava dizer aquilo, não só para ela, mas para mim mesma também. "Nós nunca nos encontramos. Não havia lugar para nós no mundo, vai ver era por isso. Porque nós estávamos destinadas a esse mundo. Talvez aqui seja o nosso lugar, só precisa se dar a chance de tentar."

"Lana..."

"Nada nos prende lá fora. Não temos nada, não somos nada... Acho que aqui a gente possa, talvez, encontrar alguma coisa." Peguei sua mão.

"Eu não sei." Ela olhou para nossas mãos juntas. "Isso ainda parece um sonho estranho... E os meninos... É muita coisa..."

"Eu sei. Também estou surtando aqui dentro, mas eu ainda tenho você. E não me importo se vai ser humana ou não. Eu não quero perder você."

"E eu não quero morrer."

Olhei para os meus amigos no quarto. Estava decidida a lutar por minha amiga e pela nova vida que nos aguardava. 

Imortal - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora