Capítulo 7

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Liberdade.

Não há palavras, teorias ou conceitos para descrever a liberdade.

Eu nem sabia mais há quanto tempo eu estava correndo. Devia estar em um dos parques... Talvez o Lake Cllif... Aquele cheiro era familiar, mas o cheiro do homem ainda era muito forte em minha cabeça, fedido.

Meu corpo estava a mil, meus batimentos cardíacos nunca foram tão fortes e rápidos. Eu me apaixonei pela sensação, por um longo momento não havia nada na minha cabeça, nenhuma preocupação, nenhuma tristeza... Só a liberdade, mas esta sensação não demorou tanto quanto eu queria. Uma voz surgiu em minha mente e minhas patas simplesmente pararam de se mover... Era doce, como eu nunca ouvira antes, quase como musica.

"Está tudo bem com a senhorita?"

O que foi isso? Que voz é essa?

"Prazer, meu nome é Elena Wolf."

Esses olhos... Eu conheço esses olhos...

Ouvi um rosnado alto e então eu estava de volta. Olhos vermelhos vivos me encaravam.

O lobo cor de chocolate estava bem na minha frente, ele se sentou e não me pareceu ser uma ameaça. Eu conhecia aquele cheiro. Ele parecia sorrir.

"Oi, Lana." A voz do lobo, que parecia estar na minha cabeça, não se parecia em nada com que já ouvi antes, não tinha palavras para comparar. "Está tudo bem agora."

"Quem é você?" Tentei falar, foi mais fácil do que o pensei. Quase como se eu tivesse feito isso por toda a vida.

"Você sabe quem eu sou." Ele respondeu e meneou a cabeça. "Pode reconhecer meu cheiro facilmente, busque em sua memória."

Parei por dois segundos respirando fundo, inalando os cheiros no ar. Era verdade, eu sabia de quem era aquele cheiro.

"Impossível." Mais uma vez minha voz não pareceu minha.

"Sou eu Lana." O lobo se aproximou. "Sou o vovô. Esta tudo bem agora, ninguém vai fazer mal a você."

Tomei distancia, me apoiando nas patas traseiras. Uma dor me atingiu como uma bala.

"Lana! Fique calma."

"Não!"

"O que você viu Lana?" Aquela era Ania? "Você já entendeu a ligação que esses sonhos têm? Eles são a via de comunicação que os seus antepassados têm para se comunicar com você! Conseguiu ver sua mãe com clareza, não foi? E Damon!" Pare! "Temos em nossa carga genética algo que nós transforma... na Grécia Antiga chamavam-nos licantropo, hoje são reconhecidos como... Lobisomens."

Eu ouvi meu grito se transformar em uivado. A dor estava aumentando, minha cabeça ia explodir.

"Lana. Esta tudo bem. Fique calma." O lobo se aproximou, eu o empurrei.

A dor não parava e mais e mais imagens vinham a minha mente. Eu podia sentir, conseguia reviver cada uma daquelas imagens. Eram minhas... Eu compreendia.

Mas a dor era muito maior que o alivio. Comecei a correr sem nem ao menos ver para onde estava indo.

"Você não percebe o monstro que eu sou?" Aquela voz... Era mais audível que as outras...

E aqueles olhos...

"Você não é um monstro. Você é o meu anjo." Meu anjo...

Minhas patas moviam-se sozinhas. Eu não tinha controle de nada, tudo que tinha em minha mente era aquele rosto, aquele olhar... Nada além de uma pessoa, nada além de um nome: Elena.

Imortal - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora